Morales defende interação da OAB de São Bernardo com a comunidade

Claudio Rodrigues Morales é um dos pré-candidatos às eleições da OAB

Com atuação na área trabalhista, o advogado Claudio Rodrigues Morales é um dos pré-candidatos às eleições da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), de São Bernardo, que elegerá nova diretoria em novembro deste ano. Sua principal bandeira é aumentar a interação da instituição e seus associados – hoje com pouco mais de 4,3 mil advogados – com a comunidade.

“É papel da OAB ir até a comunidade e informar os cidadãos sobre seus direitos. Muitas pessoas não lutam por seus direitos porque simplesmente não sabem que os possuem”, lamenta o pré-candidato, que participou da RDtv.

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Morales também defende a parceria e o diálogo permanente com empresários, policiais e até mesmo com administrações públicas para que a entidade tenha autonomia financeira. “Se não temos verba para colocar em prática nossos projetos, temos de ter criatividade e buscar parcerias”, completa.

Caso eleito, Morales garante ainda que traçará metas para as comissões. “Elas existem, mas não funcionam. Vamos criar algumas e extinguir outras”, diz. Confira a entrevista concedida pelo advogado Claudio Rodrigues Morales ao RDtv:

Repórter Diário – Em novembro haverá eleições para a subseção da OAB em São Bernardo e o senhor se colocou como pré-candidato. Gostaria que o senhor falasse um pouco sobre sua trajetória profissional e por que o senhor é pré-candidato?

Claudio Rodrigues Morales – Me formei em 1981, sou pós-graduado em Direito Previdenciário, estou terminando uma pós-graduação em Direito do Trabalho, tenho seis livros técnico-jurídicos publicados, vários textos publicados por revistas especializadas, coordenei a Comissão de Ética da OAB por muito tempo, hoje sou assessor especial do presidente do Tribunal de Ética da Sétima Região, sou vice-presidente da Associação dos Advogados e agora sou pré-candidato às eleições para renovação da direção da subseção de São Bernardo. A ideia do nosso grupo – digo nosso grupo porque a transformação não ocorre por uma pessoa só – é fazer da nossa subseção a mais importante do Brasil. Temos condições e pessoas dispostas a fazer esta transformação. A OAB precisa sair do prédio, precisa interagir com a sociedade, dialogar com os empresários, com a igreja, com a polícia. A OAB precisa dialogar com a sociedade. Podem acreditar, nosso grupo vai impor esta transformação.

RD – As últimas eleições da OAB de São Bernardo acabaram de forma litigiosa. Como não deixar isto ocorrer novamente?

Morales – Quando estava começando o processo eleitoral, fui conversar com o Uriel (Uriel Aleixo, ex-presidente da OAB São Bernardo), disse que precisava montar uma comissão eleitoral paritária para, caso houvesse algum problema, a responsabilidade não ficar só para ele. O que aconteceu? Ele acabou colocando pessoas que não tinham experiência e deu no que deu. Acabou gerando esta situação lamentável para nossa classe e o Uriel teve uma grande parcela de culpa nisso. Se tivesse chamado o Piccino (Leandro Piccino, atual presidente da OAB São Bernardo) para indicar os nomes dele, meio a meio, não teria acontecido isso. Ele assumiu tudo para ele, colocou pessoas que não tinham experiência na mesa e depois a própria comissão que ele colocou lá entendeu que o Piccino havia vencido o pleito, ele não se conformou e procurou o padrinho dele, o Luiz DÚrso (presidente da OAB São Paulo) e aí acabou levando para o poder judiciário. Isso não é bom para nossa classe, poderia ter sido evitado. Se tivesse feito uma participação democrática isso não teria acontecido, com toda certeza.

RD – O senhor se considera oposição à atual diretoria?

Morales – Não vou dizer que sou de oposição, o que não quero é que se faça o que todas estas diretorias fizeram até hoje. Precisamos fazer alguma coisa relevante. Não dá mais para ficar neste marasmo. A sociedade espera que a OAB participe e traga um trabalho de luta, uma contribuição efetiva. A OAB não tem feito nada e isso nós não vamos tolerar. Quem estiver fora deste projeto, eu sou oposição a tudo isso que está aí, infelizmente sou oposição.

RD – É possível haver uma chapa única?

Morales – Tivemos uma reunião com o Uriel Aleixo (ex-presidente), tivemos reunião com Leandro Piccino (presidente), com o Marcos Moreira de Carvalho (secretário de Assuntos Jurídicos de São Bernardo), estivemos com muita gente. A ideia do grupo é que, desta vez, vamos fazer uma transformação na OAB, mas não queremos fazer isso sozinhos, queremos que todos participem para que todos falem que ajudaram nesta transformação. Quem não vier com a gente, vai se arrepender.

RD – Quais as mudanças propostas pelo senhor?

Morales – São coisas simples, como, por exemplo, fazer as comissões funcionarem. Quando temos uma Comissão de Ética, de Meio Ambiente, ela precisa prestar um serviço para a sociedade. Hoje elas existem, mas não funcionam. A comissão precisar ter planejamento, saber onde quer chegar, precisa ter um grupo de trabalho, precisa aferir periodicamente se as metas e diretrizes estão sendo feitas. Isso não é feito.

RD – Caso eleito presidente, o que leva um advogado a acreditar nas suas propostas?

Morales – Tenho conversado com meu grupo e precisamos criar motivação, a OAB precisa ser representativa. Hoje, quando chamamos uma autoridade para fazer uma palestra na OAB, se você não faz um trabalho de carregar a cruz mesmo, não vai ninguém porque não há representatividade. Isso não pode mais acontecer, a OAB é de todos os advogados, então os advogados precisam ser chamados para exercitar a cidadania, participar da vida em comunidade, e isso vamos fazer. Vamos mostrar a importância disso, que ele vai ganhar, vamos fazer muitos convênios. As grandes multinacionais que estão aqui no ABC trabalham com os escritórios lá de São Paulo. Por que não trabalham com os advogados da nossa região? Nós temos condições de conversar isso com os empresários, pois temos muitos profissionais competentes por aqui. O que precisamos é ter coragem de ter um plano de ação, ter metas, diretrizes e correr atrás. Isso vai funcionar maravilhosamente bem. Isso não é milagre, é trabalho, é planejar o que se quer fazer e cumprir ações efetivas.

RD – Caso eleito, o que o senhor faria para dar autonomia financeira para a subseção?

Morales – A nossa ideia é resolver esta questão com criatividade. Cada subseção é diferente da outra. Não posso ser tratado da mesma forma que uma cidade no interior, com 20 mil habitantes, é tratada. Precisamos tratar as subseções desiguais de forma desigual também. Precisamos procurar os empresários, precisamos procurar parceiros, o empresário tem muito interesse de interagir com a OAB. Temos como fazer parcerias com vários setores da sociedade, gerar renda, fazer trabalho conjunto. Podemos gerar emprego, podemos fazer parcerias. Não é coisa complicada, o que precisa é ter ideias e pessoas para fazer isso.

RD – A Seccionalde São Paulo não pode dar esta autonomia?

Morales – Nosso regramento diz que cidades com mais de dois mil advogados podem criar uma seccional com autonomia financeira.

RD – Por que isto não ocorre? Questão política?

Morales – Não sei se é questão política, eu nunca vi ninguém pedir isso. Nós vamos pedir isso, pois vamos mostrar que todo mundo ganha com isso. Precisamos criar uma subseção modelo para que outros municípios tenham aula de cidadania aqui no ABC.

RD – É possível que todas as OABs se unam no ABC? O que falta para isso?

Morales – O Picarelli (Fábio Picarelli, presidente da OAB de Santo André), o Piccino e o Uriel andaram ensaiando alguma coisa neste sentido, mas acho que nossa região passou do tempo de fazer esta união, um trabalho mais junto, mais consistente. Existem algumas dificuldades, mas algumas questões podemos trabalhar juntos para conseguirmos uma seccional região. Dependendo de como for, poderíamos fazer uma em cada município até.

RD – Outra questão que tem sido colocada nos últimos meses é com relação à Defensoria Pública. Como valorizar os advogados, principalmente aqueles que estão no início da carreira?

Morales – Este é um problema crucial. Nosso grupo tem ideia de fazer convênios. O cidadão que está lá na periferia não sabe os direitos que tem. A OAB precisa ir para lá prestar o serviço que era para o Estado fazer, em nome do Estado a OAB vai estar lá presente, em forma de parceria.

RD – Por que a OAB não faz isso hoje?

Morales – Quando falam não para você, é porque não soube, até aquele momento, convencer o outro lado que aquilo que está propondo é importante. Precisa mostrar que seu trabalho não tem cor, ou seja, não está fazendo aquilo para beneficiar nenhum partido, e sim em benefício da comunidade, em cumprimento da constituição e do próprio regramento da Defensoria Pública. A Defensoria Pública precisa ir lá no bairro, precisa atender o povo. Se o Estado não tem condições para fazer isso porque a demanda é muito grande, vamos fazer parceria. Vejo que muitas vezes as coisas não acontecem porque acabam misturando interesses partidários, o que acaba virando confusão mesmo. A OAB pode e deve discutir política, levando candidatos para falar com os advogados. Isso é exercitar a cidadania.

RD – Se houver casos de improbidade administrativa, a OAB vai atuar também?

Morales – Nosso projeto fala sobre isso. Ai daquele que cometer um ato fora da lei. Vamos ter uma comissão especial para este assunto. Tem muita coisa que acontece que a autoridade maior não sabe, mas aquele que está lá embaixo se acha no direito de fazer coisas erradas. Quem fizer algo errado, seja lá quem for, se tiver dentro da nossa área de atuação, vamos tomar providências.

RD – É desta forma que o senhor irá atuar na política?

Morales – Não sei se isso é fazer política ou se é fazer cumprir a lei. A lei não autoriza ninguém a praticar desmando. Nosso papel será, primeiro, o diálogo. Alguns magistrados aqui na nossa região têm alguns vícios, alguns defeitos, que não respeitam os advogados, não respeitam horários, não respeitam as partes, isso precisa mudar. Não dá para dialogar com um magistrado que não tem paciência para falar com o cidadão que está ali na frente dele. A OAB precisa discutir isso, a OAB não participa deste debate e isso é vergonhoso.  

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