Neste mês de agosto, que marca o 18º aniversário da Lei Maria da Penha, a delegada Renata Cruppi, titular da Delegacia de Defesa da Mulher de Diadema, concedeu entrevista ao RDtv para falar sobre o lançamento do novo livro “Delegacias de Polícia de Defesa da Mulher”, que reúne contribuições de 24 delegadas, inclusive da própria Renata. O livro, disponível em pré-venda, aborda temas sensíveis e destaca a importância do trabalho multidisciplinar no combate à violência doméstica.
O livro é voltado tanto para vítimas de violência quanto para profissionais da área, oferecendo um entendimento mais profundo das delegacias de defesa da mulher e de como operam na rede de acolhimento. “Ele demonstra que o trabalho multidisciplinar faz uma diferença significativa na vida das mulheres que enfrentam violência doméstica”, afirma a delegada.
O capítulo escrito por Renata Cruppi trata do enfrentamento da masculinidade tóxica e da promoção de uma masculinidade positiva, tema central do programa “Aumento Inconsciente”, desenvolvido por ela desde 2015. “Nossa contribuição no livro é mostrar a necessidade de o homem aprender a se respeitar para poder respeitar os outros, especialmente mulheres, crianças e adolescentes. A violência muitas vezes é uma reprodução de comportamentos aprendidos, e é crucial criar políticas públicas voltadas ao diálogo com esses homens”, explica Renata.
Durante a entrevista, Renata enfatizou que relacionamentos abusivos começam com sinais sutis frequentemente ignorados ou normalizados. “Se você se sente constrangida com o comportamento do seu parceiro, é importante parar e refletir sobre o motivo. Muitas mulheres perdem sua autonomia e independência tentando agradar o parceiro, mas é crucial ter um bom diálogo e não permitir que esses pequenos sinais se acumulem”, alerta a delegada.
Sobre a Lei Maria da Penha, Renata destacou que, embora a lei seja uma das mais avançadas no combate à violência doméstica, seu pleno entendimento e aplicação ainda são desafios. “A lei tem diversas diretrizes que ainda não são bem compreendidas pelos profissionais e pela sociedade. É necessário colocar em prática todos os detalhes da lei, que vão além da medida protetiva”, afirma.
Renata lamentou que, apesar dos avanços, o Brasil ainda está entre os cinco países que mais matam mulheres em contextos de violência doméstica. “A compreensão e aplicação da lei ainda precisam ser aprimoradas, assim como a atuação das políticas públicas e da sociedade civil no combate à violência contra a mulher”, diz a delegada.
A delegada também abordou a falta de delegacias da mulher 24 horas na região do ABC, ressaltando a importância das salas DDM Online, implantadas em todo o estado de São Paulo, que permitem às mulheres registrar ocorrências em qualquer horário, mesmo quando a delegacia está fechada. “Embora não tenhamos delegacia da mulher 24 horas em todo o estado, as salas DDM Online oferecem um ambiente separado e seguro para que as mulheres façam seus registros, contribuindo para uma resposta mais rápida às suas necessidades”, explica.
Renata também mencionou a mudança de endereço da Delegacia de Defesa da Mulher de Diadema, que será relocalizada próxima ao terminal de Diadema para melhorar a acessibilidade e o atendimento. “Estamos planejando uma delegacia inovadora e acolhedora, equipada para atender todas as necessidades das mulheres em situação de violência doméstica. Queremos criar um ambiente diferenciado e acessível para todas as mulheres, sejam cis, trans ou com deficiência”, finaliza Renata.