RD – Jornal Repórter Diário Notícias sobre o ABC. Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra
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A pandemia da covid-19 fez muitos setores acelerarem o processo de informatização com o uso da tecnologia. No período, 72% dos usuários da internet passaram a procurar informações sobre serviços públicos de forma online, segundo pesquisa feita pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). Contudo, no ABC, foram poucos os usuários que tiveram êxito por falta de investimento do poder público.
Em Rio Grande da Serra, por exemplo, sequer existe tecnologia para agendamento de serviços, dúvidas ou contestações. A Prefeitura possui estudos para implementação de ferramentas eletrônicas, como o PEP (Prontuário Eletrônico do Paciente), mas a cidade ainda está na segunda fase do projeto, que é a revisão de cabeamento nas unidades de saúde. Ainda é preciso se adequar à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) antes de disponibilizar o serviço.
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Quem vive na cidade sente na pele o atraso. “Aqui em Rio Grande parece que vivemos na idade da pedra, porque não conseguimos sequer tirar uma dúvida ou registrar uma reclamação via aplicativo”, reclama a professora Sandra Reis, 46. Sandra conta que certa vez precisou registrar reclamação sobre uma árvore que estava prestes a cair no bairro Santa Tereza, e não havia plataforma para registrar a queixa. “Também tentei ligar para a Prefeitura e não atendiam. O que restou foi ir até lá”, diz.
O irmão de Sandra, Reinaldo Reis, 42, também buscou um serviço mais prático para alterar a data de vencimento do IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana), mas se frustrou. “Precisava alterar a data para que eu conseguisse pagar conforme recebimento do meu salário, mas tive de ir presencialmente na Prefeitura para conseguir isso. Engraçado que em outras cidades temos aplicativos que facilitam o processo, mas aqui tudo é demorado, ficamos para trás”, reclama.
Em Mauá, poucos serviços estão disponíveis de maneira digital. Entre as opções estão o agendamento do CADÚnico e consulta a serviços de trânsito, como pontuação de CNH, multas emitidas no município, entrada em recursos de multas, indicação de condutor e emissão de credenciais para estacionar em vagas reservadas. No que se refere à informatização da Saúde, a cidade começou a informar pacientes pelo celular sobre a data, hora e local de consultas e exames especializados, mas há reclamação de erros.
Reagendamento de consulta médica
Quem precisa reagendar consultas enfrenta problemas. “Não dá pra dar um retorno ou reagendar uma consulta. E muitas vezes sequer atendem o telefone para isso”, reclama Silvana Moreira Franco, moradora do Jardim Zaíra, ao enfatizar, ainda, a demora para marcação de exames. “Ainda precisamos esperar meses pra exames simples”, diz. Em nota, a administração informa que é possível solicitar serviços ou informações formalmente sem se deslocar até um dos pontos de atendimento no site: tinyurl.com/atendimento-ao-municipe.
Diadema disponibiliza serviços online pelo site da Prefeitura ou aplicativo Colab e presencialmente por meio da Central de Atendimento (com agendamento prévio online) ou nas secretarias responsáveis. Em relação aos serviços de saúde, pacientes podem ter acesso às informações de agendamento e consultas realizadas pelo aplicativo Meu SUS Digital, além de avaliação dos atendimentos. Para isto, basta baixar o aplicativo Meu SUS Digital, fazer login com CPF e a senha do sistema gov.br.
A cidade informa que, em breve, consultas das UBS também poderão ser agendadas pelo aplicativo. Atualmente, os pacientes agendados para consultas de especialidades dentro do município de Diadema recebem mensagem por Whatsapp para confirmação do agendamento. Para aqueles que não têm celular ou facilidade com a tecnologia, a alternativa para agendar os serviços é pessoalmente nas UBS, com avisos por telefone ou pelas agentes comunitárias de saúde (ACS).
Aplicativo próprio
Em São Bernardo, o aplicativo “SBC na Palma da Mão” oferece serviços como parcelamento de débitos (Câmara de Conciliação), alteração de vencimento de IPTU e outros dados cadastrais, desconto de IPTU para aposentados, certidão negativa de débitos, registro de queixas de barulhos excessivos após 22h (Noite Tranquila), entre outros.
Na área da saúde, a Prefeitura informa que o app permite agendamento de consulta médica para gestantes e crianças até 24 meses, visualização de resultados de exames, bem como a busca por medicamentos disponibilizados gratuitamente pelo município. O município também oferece teleatendimento, que consiste na realização de um atendimento de forma remota. Acontece que nem todos conseguem baixar e usufruir o aplicativo. “Após o cadastro, o sistema apresenta falhas e não envia e-mail de confirmação”, reclama um usuário nas redes.
Baixa efetividade
Já em Santo André, serviços são disponibilizados no app do Poupatempo da Saúde, como agendamentos de consultas e retornos no próprio Poupatempo (localizado no Atrium Shopping), sendo possível ainda verificar o histórico de atendimento na rede, consulta de medicamentos e outras soluções. O WhatsApp é também plataforma utilizada para informar sobre consultas agendadas e tirar algumas dúvidas.
Os usuários que não têm familiaridade com equipamentos tecnológicos ou smartphones devem se dirigir diretamente ao Poupatempo da Saúde, localizado no Atrium Shopping. Mas quem procura informações sobre medicamentos disponíveis nas farmácias da rede precisa ir até o posto de saúde. “Imagine Whatsapp, se nem mesmo por telefone dão informação”, reclama um munícipe que não quis se identificar.
No caso de UPAs, como são equipamentos voltados para emergência e urgência, não há agendamento de serviços. As UBSs também não dispõem de serviços eletrônicos, mas segundo a prefeitura, “têm acompanhamento constante, seguindo as estratégias da Saúde da Família”. A projeção da administração é a de que a partir de 2025, serviços sejam aprimorados e soluções sejam colocadas em prática, como resultados de exames e outras funcionalidades que ajudem os usuários.
São Caetano e Ribeirão Pires não responderam até o fechamento da reportagem.
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