Os veículos elétricos chegaram definitivamente e as vendas destes veículos já competem com as dos carros a combustão, por da chegada dos chineses, que têm maior autonomia e condições de preço. Para Fabio Delatore, professor das áreas de Sistemas de Controle e de Eletrônica Automotiva e e propulsão elétrica do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), o mercado é promissor, mas a oferta de cursos na área não têm acompanhado o crescimento.
Delatore diz que a mecânica de elétricos é uma oportunidade tanto para quem busca carreira como para quem já trabalha com manutenção de automóveis e quer nova especialização.
O fato é que profissional de mecânica de veículo à combustão tem competência para trabalhar na elétrica, mas precisa se capacitar, ter formação específica, ferramental e as orientações que demandam essa nova área que tem despontado.
Segundo o professor, o momento para o setor de manutenção de veículos pode ser considerado um divisor de águas tal qual como foi no início dos anos 1990, quando os carros passaram a substituir injeção mecânica de combustível, representada pelos carburadores, pela injeção eletrônica. Hoje, não apenas a injeção está presente nos carros como diversos outros circuitos eletrônicos que mapeiam e gerenciam o funcionamento destes carros modernos. Naquela época, os mecânicos tiveram de se preparar para atender à realidade que se apresentava, agora não é diferente com veículo elétrico.
“O que vemos agora é como lá atrás, quando o mecânico puro que só trabalhava com carro que tinha carburador, ou seja, só a parte mais bruta do carro, quando surgiu a injeção eletrônica ele precisou se capacitar; a voltar a escola para cursos de capacitação para reciclagem ou aperfeiçoamento”, relembra o professor do IMT.
Foco de subsistemas mecânicos para elétricos
Mas o que muda na comparação de um veículo à combustão e um elétrico? Na propulsão muda o conceito do motor, mas nos demais sistemas é um carro como qualquer outro, tem fluídos de freio, de arrefecimento, mas não do motor e sim das baterias, tem sistema de luzes de monitoramento. Por isso, segundo Delatore, os mecânicos de hoje podem perfeitamente trabalhar em carros elétricos, desde que façam cursos específicos e se qualifiquem. “Essencialmente é a mesma coisa, mas muda-se o foco de subsistemas mecânicos para elétricos”, aponta.
Segundo o professor, é o momento para a busca destes cursos, pois por enquanto os elétricos são novos ainda, não precisam de muita manutenção e estão na garantia, mas logo vão demandar serviços especializados. “Temos bons lugares onde profissionais da área podem se capacitar mas não são muitos. Temos a possibilidade de ter formação superior na área específica, pós graduação ou mesmo cursos curtos de capacitação. Com certeza é uma grande oportunidade para o jovem que ingressa no mercado de trabalho”, avalia.
O professor lembra também dos híbridos, ainda mais consolidados no mercado de carros novos e que também demandam especializações já que misturam motores à combustão com motores elétricos e contam com baterias, sejam plugin (que se carregam na energia de uma tomada ou wallbox) ou que se carregam com o motor a combustão. “Os elétricos ainda estão em garantia e essa demanda de manutenção só aparece daqui uns anos, mas os híbridos, que já têm um tempo de mercado, trazem boas oportunidades e chances de trabalho”, destaca.
Cursos especializados
Os cursos para formação de mecânicos elétricos podem levar de 1 a 2 anos de nível médio, nas escolas técnicas, e um curso superior dura no mínimo três anos. Neste tempo já se espera que a manutenção dos carros elétricos esteja em alta. Mas, segundo Delatore, quem já atua como mecânico pode fazer cursos de especialização em alguns meses. Além da capacitação são necessários novos equipamentos. “Uma oficina de elétrico é basicamente igual a outras, o que muita principalmente são alguns equipamentos”, completa o professor.
De São Caetano, o IMT tem um dos cursos disponíveis na região. O curso de especialização em Engenharia Automotiva para veículos híbridos e elétricos é composto por três módulos semestrais, com 120 horas cada e capacita o profissional para atuar nas áreas técnica e gerencial. Cada módulo custa seis parcelas de R$ 1.780. O Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) de São Paulo disponibiliza curso online.