ABC - terça-feira , 14 de janeiro de 2025

Secretaria de Educação do Estado cadastra 301 alunos para almoço nas férias

Oferecer refeições durante as férias ajuda a mitigar a fome (Foto: Flávio Florido/Educação SP)

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) implementará o programa de alimentação escolar durante as férias, de 10 a 26 de julho. No período, as escolas da rede estadual vão oferecer refeições das 11h30 às 13h30, de acordo com a demanda de alunos inscritos. No ABC, 301 estudantes se inscreveram, sendo 147 na Diretoria de Ensino (DE) de Diadema, 105 em Mauá, 20 em Santo André e 29 em São Bernardo. A Secretaria de Educação não soube informar o número de inscritos na região no ano passado.

Para assegurar a preparação adequada das refeições, pais ou responsáveis responderam a uma pesquisa de interesse sobre a presença dos alunos até a última quarta-feira (3/7). Caso algum estudante não tenha sido inscrito, recomenda-se que os responsáveis procurem a Secretaria Escolar Digital (SED) ou se dirijam às unidades de ensino, para que a escola possa se organizar e preparar a quantidade necessária de refeições.

Newsletter RD

“Nossas equipes escolares, incluindo cozinheiras, cozinheiros e equipe gestora, estão orientadas sobre o fornecimento do almoço durante o recesso de julho. Esperamos a manifestação dos pais e responsáveis para que possamos preparar o almoço de acordo com a demanda, evitar assim desperdícios e manter o acesso à alimentação mesmo fora do período de aula”, afirma Nayla Veríssimo, diretora técnica do Departamento de Alimentação Escolar da Educação de SP.

Cardápio nutricional

O cardápio oferecido aos estudantes segue os grupos nutricionais recomendados, conforme informado pela Secretaria de Educação. No entanto, a nutricionista do Centro Universitário FMABC, Gislaine Brito, destaca a importância de garantir que o preparo dos alimentos ocorra em ambiente seguro e siga normas higiênico-sanitárias, respeitando as diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Gislaine ressalta a necessidade de usar itens in natura ou minimamente processados e, assim, atender às necessidades nutricionais, hábitos alimentares e cultura alimentar local. “A escola também deve adaptar-se para atender alunos com necessidades alimentares especiais e respeitar especificidades culturais das comunidades indígenas e quilombolas”, alerta.

Insegurança alimentar

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), entre os menores de 5 a 17 anos que vivem no Brasil, 36,6% moram em casas com algum nível de insegurança alimentar. Nesta faixa etária, 4,9% residem em domicílios com insegurança alimentar grave, e o percentual de brasileiros vulneráveis à restrição alimentar diminui conforme a idade avança, o que preocupa especialistas.

“Sabemos que muitas crianças e adolescentes residentes destes lares só têm acesso a uma refeição completa na escola”, afirma a nutricionista, que vê o oferecimento de refeições durante as férias como contribuição positiva à sociedade. No entanto, alerta que também são necessárias políticas públicas intersetoriais que garantam a Segurança Alimentar Nutricional (SAN) e o Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) em todas as escolas.

Com o passar dos anos e a implementação de nutricionista nas escolas, a profissional observa que a alimentação escolar evoluiu, passando de um copo de leite para lanches com alimentos ultra processados, até chegar à oferta atual de refeições com alimentos in natura ou minimamente processados, como arroz, feijão, carne, frango, verduras, legumes e frutas.

Gislaine lembra que as legislações e diretrizes visam garantir de 20 a 70% das necessidades nutricionais dos estudantes, de acordo com a idade e tempo de permanência na escola, e que no mínimo 75% dos recursos do PNAE devem ser destinados à aquisição de alimentos in natura, garantir pelo menos 280g de legumes e verduras por estudante e limitar o uso de ultra processados.

“Todos os cardápios devem ser elaborados e acompanhados por nutricionistas, conforme a resolução Nº 6, de 8 de maio de 2020, do FNDE. Oferecer refeições durante as férias ajuda a mitigar a fome e garantir que esses estudantes continuem a receber a nutrição necessária, mesmo fora do período letivo”, enfatiza.

Questionada, a Secretaria de Educação do Estado não soube informar o número de escolas ativas no ABC para receber os estudantes inscritos no projeto férias. Em relação ao ano passado, também não foi informado o número de escolas abertas para tal ação. Sabe-se, no entanto, que no Estado de São Paulo, além das 3.534 unidades de ensino que recebem a alimentação diretamente da Educação, nas outras escolas, as refeições durante o período de aulas são fornecidas por meio de parceria com as prefeituras.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes