ABC - quarta-feira , 4 de dezembro de 2024

Playcenter Family fere o Código do Consumidor e Procon diz que vai agir

Atração Dragon do parque Playcenter Family do Grand Plaza Shopping (Foto: Rede Social)

Inaugurado esta semana em Santo André, o Playcenter Family promete ser uma das grandes atrações para as crianças durante as férias escolares, tanto que nos dois primeiros dias de funcionamento o local teve grande público, porém frequentador ouvido pelo RD relatou uma série de problemas quando ao respeito ao Código de Defesa do Consumidor, dentre as quais a exigência de um valor mínimo de R$ 50 para carregar o cartão usado para ingresso nos brinquedos, que configura venda casada e prática abusiva.

O consumidor, que pediu para não ser identificado, foi ao parque na quarta-feira (26/06), no segundo dia de funcionamento do local, juntamente com a filha. Ele desejava comprar créditos para usar em dois brinquedos, um que custava R$ 9,90 e outro que custava R$ 10,90 conforme placa colocada junto ao brinquedo. Ele conta que foi até o caixa para fazer a compra do crédito e lá começou o seu calvário. “Cheguei no caixa e disse que queria créditos para minha filha ir em dois brinquedos, aí me disseram que o mínimo para carregar o cartão era de R$ 50, eu não concordei. Como vou ficar com um crédito maior do que eu quero gastar. Reclamei aí veio uma tal supervisora que tentou me convencer da mesma coisa. Eles te dão um tipo de cardápio com uma série de combos para escolher, querem que você compre R$ 200 para ganhar outros R$ 100, mas e quem não tem esse dinheiro? Eles oferecem o parcelamento no cartão de crédito, mas porque eu vou consumir aquilo que eu não quero?. Também vi outras pessoas reclamando de ter que colocar R$ 50. Muita gente paga para evitar o desgaste”, disse.

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Depois de muita discussão, a mulher que se identificou como supervisora autorizou a caixa a fazer o crédito em valor menor, e começa então nova discussão. “Eu falei para a caixa que eu queria que minha fosse nos dois brinquedos e apontei quais eram, mas a caixa sequer sabia quando custava o ingresso em cada um. Aí eu disse: Como não sabe? Trabalha aqui e não sabe? Pior é que no caixa não tem uma tabela de preços impressa nem qualquer cartaz que indique quando cada atração custa, eu acho que isso não está certo. Eu é que tive que voltar lá no brinquedo, ver quanto era e depois voltar no caixa. Tive que fazer o trabalho deles. Muito bem, quando fui pagar me falaram de uma taxa de R$ 7 pelo cartão, o que não tinham me falado antes. Discutimos novamente, até que outra supervisora falou que depois eu voltasse até ela que os sete reais seriam devolvidos, mas depois quando voltei queriam devolver só R$ 5, nossa, tive que bater o pé outra vez”.

Folheto distribuído junto aos caixas mostra apenas combos e não os valores individuais de cada brinquedo. (Foto: Redes Sociais)

O consumidor ainda notou que os valores debitados no cartão do estabelecimento ao passar na catraca eram diferentes do anunciado. “O brinquedo que era R$ 10,90 debitava valor de R$ 8,50, então ainda ficou crédito sobrando no cartão, mas eu nem discuti mais por isso, a minha experiência foi tão ruim que não volto mais. Pelo menos minha filha gostou, mas não recomendo. Imaginem só quanta gente foi lesada nestes dois dias de funcionamento porque estava lotado”, completa.

A diretora do Procon de Santo André, Doroti Gomes Cavalini, ficou surpresa com a postura do parque e disse que o órgão fará visita com seus fiscais ao Playcenter Family. “Mal começaram e já chegam com uma atitude dessas, com práticas abusivas. Condicionar uma recarga mínima é a recusa da demanda do consumidor e configura venda casada. As pessoas estão aproveitando as férias escolares e vão levar os filhos para conhecer o parque que é uma novidade, mas muita gente vai com o dinheiro contado, é o que aquela pessoa pode gastar. Porém tem gente que fica com vergonha, acaba cedendo e é lesado. O estabelecimento não pode, de forma alguma, negar atender o consumidor naquilo que ele quer, como pagar individualmente por cada item”, diz a especialista em direito do consumidor.

Doroti disse ainda que o estabelecimento é obrigado a expor claramente os valores dos itens que são comercializados e que não é o cliente que tem que procurar os preços. “Pesquisei sobre o Playcenter Family que já funciona no shopping Aricanduva e lá uma senhora fez uma reclamação dizendo que se sentiu humilhada. Aí eles expandem o negócio e se instalam em Santo André com a mesma prática infeliz? O consumidor deve denunciar e pode procurar o Procon para registrar sua queixa. Independente disso nós vamos até lá com nossos fiscais e ver o que está acontecendo”, completa.

O Playcenter Family foi procurado para comentar o assunto, mas até o fechamento desta matéria não se manifestou.

Atualização da matéria em 03/07/2024:

Veja nota emitida pelo Playcenter Family. “Nossa equipe está empenhada em sanar todas a eventuais falhas. Lamentamos o ocorrido e nos colocamos à disposição para recepcionar novamente o visitante. Nosso compromisso é sempre oferecer uma experiência positiva e inesquecível, e o retorno do visitante é a nossa maior satisfação”.

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