O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Paulo Dias de Moura Ribeiro, estará no Centro Universitário da Fundação Santo André, na quinta-feira (16/05) para abrir as comemorações pelos 70 anos da Faeco (Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas) que foi o embrião para a criação da fundação, que veio alguns anos mais tarde. O magistrado da corte superior tem forte ligação com a área de pesquisa da faculdade pois foi em uma parceria com o Judiciário, em 1986, que foi feita a primeira apuração eletrônica de votos do país, abreviando em muito o tempo a espera pelo resultado. A área de tecnologia nesta época também fez análise estatística de jogos de vôlei ajudando as seleções feminina e masculina do país. Esses capítulos da história da instituição serão destacados ao longo da programação do seu 70° aniversário.
Para falar dessa trajetória o RDTv recebe Orlando Dal Degran Junior, mais conhecido como Badaroth, professor e coordenador Acadêmico de Gestão, Tecnologias, Comunicação e Direito do Centro Universitário Fundação Santo André. Ao jornalista Carlos Carvalho, ele falou do início das atividades, ainda dentro das instalações da Escola Técnica Lauro Gomes, em 1954 e que depois se transferiu para o atual campus da FSA. “Inicialmente começamos com o curso de ciências econômicas depois tivemos o curso de ciências contábeis, que se juntou ao curso de ciências econômicas e aí, no final da década de 80, começamos com o curso de administração, depois administração hospitalar e hoje a gente está aí com 13 cursos em cinco grandes áreas”, relatou.
Esporte
Nos anos 80, quando não havia internet, redes sociais e microcomputadores, a FSA inovou em criar estatísticas eletrônicas dos jogos de vôlei e essa apresentação de dados começou a ajudar os treinadores a tomarem decisões o que chamou a atenção da grande imprensa para a FSA. Foi o pontapé inicial para a estatística nos jogos o que é muito comum hoje em dia, mas há mais de 40 anos não foi uma tarefa fácil. “Na década de 80 se tinha um narrador e, no máximo, um comentarista, não tinha esse monte de informação estatística que a gente tem hoje. Na época eu era ex-atleta de voleibol e tinha comigo a professora Sandra Caldeira, de estatística, que também tinha jogado voleibol. Conversamos e pensamos em montar algo diferente com a estatística que ela tinha na época e com a informática que eu dominava. Ela tinha contato com o José Carlos Brunoro, o técnico da seleção masculina. Propusemos isso para ele e foi um boom total na imprensa. Nessa época não tinha rede social, não tinha internet, os microcomputadores estavam começando lá nos Estados Unidos e a imprensa era composta só de jornal e televisão com canais abertos. Toda a mídia ficava na FSA querendo saber o que estávamos fazendo”, relembra o professor.
Segundo Badaroth, o trabalho rendeu frutos e trouxe muita importância ao trabalho de pesquisa e tecnologia desenvolvido na FSA. “Fizemos um trabalho pioneiro no esporte que demandou para todos os demais esportes. Hoje isso virou coisa comum essa estatística no esporte, mas tudo isso começou com a gente; a FSA foi o estopim”, diz. Ele se recorda do reconhecimento da comissão técnica, quando já se tinha laptops e a FSA os levava para os jogos. “A gente não fazia só a estatística para a parte técnica, mas também para a parte tática, e o reconhecimento nos foi dado pela comissão técnica, que disse que usou o software na hora do tiebrake do Goodwill Games e a seleção conseguiu virar pela primeira vez um jogo contra o Perú de quem o Brasil, até então, era freguês. Depois desse trabalho com a seleção fomos convidados pela Federação Internacional de Voleibol para fazer a coordenação de eventos nacionais no Brasil e fizemos isso de 1986 a 1993. Tudo era feito por nós aqui na fundação em todos os eventos”, conta.
Voto
Há décadas que o brasileiro aprendeu a votar em urna eletrônica, substituindo o voto em cédula de papel e consequentemente o escrutínio, a apuração manual dos votos que levava dias e muitas vezes era necessária a recontagem. Foi também na FSA que essa apuração informatizada começou. A parceria entre a Faeco e o Judiciário começou com um encontro entre o juiz Paulo Dias de Moura Ribeiro, na época juiz da 3ª Vara Cível e da 156ª Zona Eleitoral, o cartório mãe em Santo André e o professor Badaroth.
“Um dia apareceu um policial na FSA que disse que estava à disposição da justiça eleitoral e que o doutor Paulo queria conversar comigo sobre a informatização da eleição. Ele se mostrou uma pessoa fantástica, com visão de futuro e que revolucionou o Judiciário. Onde ele esteve conseguiu mexer, mudar as estruturas e informatizar. Com o que se tinha começamos a fazer a apuração de forma eletrônica. Levamos os microcomputadores para as zonas eleitorais e começamos a fazer um pouco mais rápido o resultado; a apuração que demorava semanas, começamos a fazer em dois dias, depois em horas e o TRE (Tribunal Regional Eleitoral) cresceu o olho na gente. O que uma cidade com 700 mil habitantes estaria fazendo, que conseguia fazer apuração tão rápida, mais que qualquer cidade do Brasil. Pelo dr Paulo fomos dar suporte à eleição na Capital. Até 1993, quando o doutor Paulo foi promovido para a Vara da Infância e Juventude da Capital, foi deixado um legado para os demais juízes que seguiram o trabalho até a chegada da urna eletrônica”, conta o professor da FSA.
Badaroth relembrou ainda que o então recém criado juizado de conciliação, também contou com o trabalho da fundação para ser informatizado no fórum de Santo André. O Judiciário viu que era bom e iniciou isso em todo país.
Pesquisa
“O foco em relação aos nossos alunos é a empregabilidade, mas a gente nunca deixou de fazer pesquisa. Vou citar um exemplo; o observatório econômico que funcionava dentro da Faeco e para o qual gerávamos índices que a própria prefeitura de Santo André usava. Temos toda essa parte de pesquisa não só na minha área, mas outras também usadas para o que a gente pode fazer, principalmente, na comunidade do nosso entorno”, diz o professor.
O calendário de celebração dos 70 anos da Faeco começa com palestra de abertura com o juiz Paulo Dias de Moura Ribeiro no dia 16. No dia 18 ela segue com evento que vai reunir ex-professores e ex-alunos para trabalhar as memórias da instituição e para confraternização. Nos dias 20 e 21 será a vez de falar do presente, com o hasteamento das bandeiras o que dará início a semana de cursos e eventos culturais e a semana fecha na quarta, quinta e sexta com oficinas e workshops tratando do futuro.
O Centro Universitário da Fundação Santo André tem hoje 1.492 alunos distribuídos em em 13 cursos. Só a Faeco tem 91 professores. “Sempre tive suporte dos demais professores, funcionários e um grande número de alunos, os melhores e que tinham disponibilidade estavam lá junto com a gente. Eu capitaneava, mas se eles não estivessem comigo o sucesso não viria”, completa o professor Badaroth.