Criada em 2018 na região do pós-balsa, distrito de Riacho Grande, em São Bernardo, a Associação Cerâmicas Baluarte tem ajudado os moradores da comunidade a garantirem fonte de renda. A região, a 11 km do Centro, é escassa em oportunidades de trabalho.
Walter dos Santos Alves, presidente da associação, conta que realizam curso gratuitos de formação em cerâmica e, em cerca de um mês, os alunos já adquirem técnicas básicas para produzir e vender as próprias peças. A instituição está com as portas abertas todas as terças-feiras. das 9h às 12h, para que tem interesse em aprender o ofício da cerâmica, como fabricar, comercializar e lucrar com a venda das próprias peças.
A associação também serve como ponto de apoio para ex-alunos. “Viabilizamos todo o processo de produção, ajudamos com a compra de materiais que, muitas vezes são vendidos em locais muito distantes, auxiliamos e fornecemos um forno para a queima das peças”, diz. Atualmente, a Baluarte possui nove ceramistas na produção de peças, que valorizam a vegetação da Mata Atlântica, bioma que cerca a região Pós Balsa.
Folhas enquanto arte
Flores e folhas, como embaúba, pariparoba, manacá, cambuci, peixinho, mulungu, entre várias outras, são incorporadas às peças, por meio da técnica chamada impressão botânica. “Decidimos incorporar a vegetação do bioma como forma de representatividade, para alertar sobre a devastação da Mata Atlântica, que foi e é muito degradada e acabou, de certa forma, desaparecendo do Brasil”, afirma. Nas peças, são colocadas as folhas nativas para que o público entenda que não é apenas um ‘mato’ e sim uma planta que tem sua importância para a natureza.
Vanderléa Lima, vice-presidente e que participa da iniciativa desde o início, conta que, apesar de uma crise interna em 2019, a associação se fortaleceu e, desde 2021 quando se tornou associação, já capacitou mais de 50 alunos para trabalhar e lucrar com cerâmica. “Hoje, buscamos mercado e, felizmente, já consigo ter minha renda por meio da cerâmica, o que é uma grande motivação para seguir com esse trabalho. Para alguns, o barro suja o pé, mas para nós, gera renda, nos sustenta e nos fortalece”, frisa.
A ceramista destaca que o mais importante do projeto é incentivar o poder criativo da população da comunidade. “Não queremos que as pessoas esperem uma cesta básica ou um auxílio, que pode vir ou não. Queremos que as pessoas criem, tenham seu próprio dinheiro, comprar aquilo que lhe dê vontade e iremos transformar e melhorar a vida daqueles que queiram”, comenta.
Manuseio da argila
Após ficar sem fonte constante de renda por conta da pandemia, Sabrina Muritiba Kalid Felicio Pereira, que já possuía habilidade com trabalho manual, decidiu fazer o curso gratuito do projeto e, depois de concluir a formação, foi convidada a se tornar associada.”Eu nunca havia mexido com cerâmica e, hoje tenho a visão de que cada profissão tem a sua particularidade, mas é possível se dedicar a esse ofício como geração de renda. Vejo que só o fato de trabalhar a mente com o manuseio da argila na expectativa da construção de uma arte para atender o outro, é uma satisfação imensa”, afirma.
Sabrina ressalta que o diferencial da associação está ligado à dedicação em criar peças inovadoras que engajam a questão de práticas sustentáveis. “Além do trabalho voltado para a valorização da Mata Atlântica, usamos e reciclamos a argila nas peças até o limite. Depois, o que não pode mais ser aproveitado paras as cerâmicas, fazemos bolas que são utilizadas nos vasos de plantas, evitando qualquer tipo de desperdício”, diz.
Interessados em comprar as peças da associação, podem acessar o site https://www.ceramicasbaluarte.com.br/ , comparecer em uma das lojas físicas espalhadas pela cidade de São Paulo ou entrar em contato pelo Instagram.
O distrito do Riacho Grande, localizado a 11 km do Centro de São Bernardo, foi criado oficialmente em 1948, e abriga mais de 40 bairros, como Rio Grande, Finco, Capelinha, Jardim Cocaia, Estoril, Capivari, Curucutu, Imigrantes, Rio Pequeno, Santa Cruz, Tatetos e Taquacetuba.