Saul Gelman quer tornar Ouvidoria mais conhecida

Escolhido pela quarta vez como ouvidor de Santo André, Saul Gelman quer ampliar conhecimento a respeito da instituição / Foto: Marciel Peres

Reeleito para o cargo de ouvidor público de Santo André para os próximos dois anos, Saul Gelman estabeleceu como um dos principais objetivos para o quarto mandato tornar a Ouvidoria mais conhecida no município. Em entrevista ao Repórter Diário, Gelman avaliou que o serviço criado durante a gestão do ex-prefeito Celso Daniel ainda é desconhecido da maioria da população.

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Durante a conversa, o ouvidor falou também sobre o processo eleitoral realizado em janeiro para definir quem ocuparia o cargo, cujo segundo turno, disputado contra Maria Luiz Canale, chegou a ser adiado. Questionado sobre as forças políticas que teriam influenciado no resultado final do pleito, Gelman defendeu o processo eleitoral da Ouvidoria. Veja os principais trechos da entrevista: 

Repórter Diário – Quais serão os principais desafios neste mandato?

Saul Gelman – O desafio continua sendo o mesmo: fazer com que a ouvidoria seja amplamente conhecida. Só assim ela poderá cumprir melhor a sua missão que é trabalhar para que o munícipe se sinta cidadão pleno, atendido em suas reclamações.

RD – A Ouvidoria ainda não é muito conhecida na cidade?
Saul Gelman – É desconhecida não só em Santo André, mas em todo o País. É uma instituição nova, dentro da evolução do processo democrático, relativamente nova. O desenvolvimento desse processo tem marco muito interessante que é o Código de Defesa do Consumidor e a criação do SAC.

Esse serviço já foi um enorme progresso, mas com o tempo se tornou insuficiente. Por conta disso começamos a fazer o que alguns países mais ricos fizeram: instituir a figura do ombudsman, que traduzimos livremente pela expressão “ouvidor”.

RD – Santo André foi pioneira na criação da Ouvidoria?
Saul Gelman – Não foi a primeira ouvidoria do País, mas foi a primeira da região. Quando ela começou existia a Ouvidoria de São Caetano, mas em outros moldes. A criação da Ouvidoria em Santo André demandou um estudo exaustivo de meses.

RD – Que avaliação você faz do processo eleitoral que resultou na sua vitória?
Saul Gelman – Eu fui o primeiro ouvidor da cidade, há 12 anos e nunca aconteceu comigo eu ser eleito no primeiro turno, sempre no segundo. É um processo democrático, quem elege é o colegiado. Neste ano o colegiado é formado por 14 entidades e cada uma tem um voto. Esse processo é extremamente tenso por conta de ser democrático. A Ouvidoria de Santo André é a única do País em que o ouvidor é escolhido por este processo.

Nosso trabalho é que a ouvidoria ganhe corpo junto à comunidade, porque existem forças retrógradas que querem acabar com a ouvidoria, pois talvez considerem que a competição lhes faz mal. A ouvidoria existe para dar contribuição ao Legislativo e ao Executivo, porque corrige dados, atende ao cidadão e grande parte dos problemas é resolvida. E mais: um mapa da situação é sempre levado para o Executivo e o Legislativo, assim como para o colegiado.

RD – Forças políticas influenciaram no resultado?
Saul Gelman – Se estou pela quarta vez [como ouvidor] é porque considero fundamental não mudar esse processo, com todos os problemas que ele oferece. Acredito que a Ouvidoria ganha credibilidade quando o ouvidor é escolhido dessa forma, pela comunidade. O colegiado com 14 membros é um universo que representa toda uma cidade. Isso dá legitimidade ao processo. Cabe ao ouvidor ter seu comportamento equilibrado, saber qual é o papel dele.

RD – Qual é exatamente o papel do ouvidor?
Saul Gelman – Existe confusão até na comunidade, na medida em que não se conhece perfeitamente o papel do ouvidor. Há distorções. Alguns acham que é apenas um menino de recado, outros acham que tem o poder de resolver tudo. A verdade não está nem numa ponta nem na outra. O ouvidor não determina a solução, ele encaminha, sugere, busca através das suas condições de articulação junto à administração soluções.

Quando a ouvidoria acolhe uma reclamação é porque considera que existe chance de esta pessoa estar com a razão. Cabe à Administração verificar e dar uma resposta. Nós procuramos ser isentos, mas em princípio quando o cidadão vem a nós ele tem 100% de crédito. A ideia é valorizá-lo como cidadão.

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