O breaking começou como uma dança nos Estados Unidos e a partir das Olimpíadas de Paris, em 2024 passa a ser modalidade olímpica. Em Diadema, depois da repercussão de um grupo que já conquistou até título mundial, foi montado há dois meses o CT Breakin Brasil, que, como o próprio nome diz visa a preparação de atletas em nível profissional e também dá aulas de iniciação para quem quer conhecer a dança que virou esporte e, quem sabe, se tornar um Bboy ou Bgirl, como se denominam os jovens que praticam a modalidade.
O CT conta com patrocínio da empresa AcelorMittal e também recebe apoio do Comitê Olímpico Brasileiro. Para contar como foi essa trajetória e como anda o esporte no cenário brasileiro e internacional o RDTv recebeu o o Bboy HP Klinger, coordenador do CT, o professor e atleta olímpico Luan San e a também professora e Bgirl Toquinha FDR.
Klinger faz parte do primeiro grupo que foi campeão mundial e percorreu vários países. “Eu e o Luan fazemos parte de um grupo, há alguns anos a gente vem competindo dentro do cenário nacional e internacional e em 2015 o grupo teve a oportunidade de participar do cenário internacional e acabou sendo o primeiro grupo brasileiro campeão mundial. Atualmente estamos no CT em Diadema fazendo um trabalho de base com alguns jovens que estão iniciando no breaking, e também um trabalho de acompanhamento com o time do CT que é dividido em três Bgirs e três Bboys fazendo um trabalho mais avançado tanto na parte física, na parte psicológica e na parte artística, para buscar um melhor desempenho”, explica.
Luan San diz que o treinamento envolve a parte física e psicológica, além da técnica. “Estamos recrutando alguns ensinando do zero mesmo. No teórico explicamos o quão importante a dança é importante para nossas vidas, e vamos fazendo a preparação para a nova geração. Nossa ideia é trazer informação para que aprendam a dançar da maneira correta porque antigamente, no nosso tempo, tivemos muita dificuldade. Nós aprendemos por conta própria, sozinhos. Com o projeto gente está passando a frente essa experiência que a gente adquiriu ao longo dos anos”, diz o professor que dança breaking desde os 11 anos de idade. “Aprendi na rua mesmo com os amigos do bairro. Foi sem informação nenhuma e fomos entrando mais dentro da cultura, do movimento, fazendo parte daquele ambiente, foi um processo, não foi de uma hora para outra”.
A Bgirl Toquinha FDR diz que também começou a dançar breaking através de projeto social ainda na escola, no ensino fundamental. “As aulas pararam, mas eu não parei, conheci outros projetos e pessoas, fui participando de campeonatos e de aulas. Hoje dou aula na CT Breakin. Comecei em 2015, com 14 anos de idade. Antes queria só me divertir agora já tenho mais responsabilidade; o breakin é tudo na minha vida”, conta.
Profissionalização
Segundo Klinger, o breaking ainda está se adaptando para ser reconhecido como uma profissão e são poucos os que conseguem se dedicar integralmente à dança que também é esporte. “No cenário nacional geral é muito difícil trabalhar com cultura e esporte e a gente está em uma modalidade híbrida, que mistura os dois. Eu não conheço Bboys e Bgirls que vivem do breaking, a maioria tem que trabalhar com outra coisa. É muito difícil conseguir competir no cenário mundial se você não está de corpo e alma naquilo, é preciso ter o recurso financeiro para se dedicar totalmente”.
Luan San diz que agora, com essa transição, estão aparecendo oportunidades. Segundo ele o COB tem dados algum apoio por ser um esporte olímpico. “A intenção é só evoluir. Todos estão focados para poder ter um alto rendimento. Tenho rotina, aulas e treinamentos, faço acompanhamento na Casa do Esporte. A maioria do meu tempo é focado no breaking”, diz atleta. Klinger destacou o patrocínio da empresa, para viabilizar o CT. “A AcelorMittal que acreditou no nosso trabalho. Essa riqueza de cada um que está aqui traz um grande valor e o espaço é diferenciado. Pessoas que entram aqui, em um mês evoluem mais do que fora do projeto em anos, por ter toda essa equipe e toda essa estrutura”, conta.
Além de toda a preocupação com a parte física e artística, a parte psicológica é essencial, segundo contam os professores. Isso também faz da dança-esporte um trabalho social. “Nós viemos disso, para gente é gratificante poder retribuir, pegar toda essa bagagem de viajar, adquirir conhecimento e trazer de volta e enxergar que outras pessoas precisam disso. Eu comecei em centro cultural e isso fez toda a diferença na minha vida, abriu um outro mundo para mim. Hoje eu trabalho com design também, a partir do contato com a criação. A arte abre um universo que você não tem na sua realidade”, analisa.
As inscrições para quem já dança ou quer começar no breaking estão abertas. São 40 vagas para jovens à partir dos 13 anos. O formulário para inscrição está no Instagram do CT Breakin´Brasil. As aulas acontecem duas vezes por semana, às segundas e quartas-feiras das 9 às 11h e das 15 às 17hs. Quem quiser pode também se inscrever direto no CT que fica na rua 21 de Abril, 173, no Centro de Diadema, próximo à prefeitura.