Lula diz em evento que empresários não se preocupam com pobres

O ex-presidente e candidato do PT à Presidência na eleição de 2022, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta quinta-feira, 28/7, que tem se reunido com empresários e banqueiros e que sente falta de uma preocupação deles com os mais pobres. Ao participar de evento durante a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada este ano na Universidade de Brasília (UnB), o petista também reclamou do teto de gastos, regra que impede o crescimento das despesas públicas acima do nível de inflação do ano anterior.

“Eu tenho feito muitas reuniões com gente diversa, tenho feito reuniões com empresários, com banqueiros. É indescritível essas reuniões porque não existe a palavra pobre, não existe nenhuma palavra dita em relação à miséria que tomou conta desse País”. Lula disse ainda que o teto de gastos prejudica os investimentos em ciência e tecnologia. “O chamado teto dos gastos, que tira dos pobres para dar aos ricos, aprofundou a agenda neoliberal na direção do estado mínimo”, declarou.

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O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) também foi alvo das críticas de Lula. “Ultrapassando as piores previsões, o atual governo colocou o Brasil numa máquina do tempo rumo ao passado. Fome, desemprego, destruição dos direitos trabalhistas, inflação, corrupção e ameaças à democracia são as marcas desse desgoverno que nega a ciência em todos os seus atos”, completou.

O ex-presidente também disse que orçamento secreto “é a maior excrescência da política”. “Fizeram o tremendo carnaval com o mensalão e hoje estão aprovando o orçamento secreto, que é a maior excrescência da política. O presidente não tem poder sobre o orçamento, é a Câmara dos Deputados que dirige o orçamento”, criticou Lula.

O orçamento secreto é um esquema revelado em reportagem e consiste no uso, sem transparência, de emendas para beneficiar parlamentares que são favoráveis ao governo no Congresso. Na gestão de Lula na Presidência vieram a público escândalos de corrupção como o do mensalão, em que deputados recebiam dinheiro não declarado em troca de apoio ao governo, e o petrolão, descoberto a partir das investigações da Lava-Jato.

Lula dividiu o palco com o senador Jaques Wagner (PT-BA) e o ex-ministro Aloizio Mercadante, que coordena o plano de governo da candidatura presidencial petista. Janja, a mulher de Lula, e o ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa estavam na plateia.

A SBPC é presidida por Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação na gestão da ex-presidente Dilma Rouseff (PT). O grupo também irá ouvir o candidato do PDT à Presidência, Ciro Gomes. Bolsonaro foi convidado, mas recusou o convite.

O candidato petista citou outros escândalos de corrupção envolvendo Bolsonaro, como a acusação de “rachadinha” contra Fabrício Queiroz, o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL), e a acusação de esquema de propina no processo de compra da Covaxin, vacina indiana contra o coronavírus.

“Vira e mexe, o presidente diz que não tem corrupção no governo dele. Parece que não sabe a família que tem, parece que esqueceu o Queiroz, parece que ele esqueceu a quadrilha da vacina. Para e toda qualquer denúncia perto dele, ele decreta sigilo de 100 anos”, apontou.

Além do evento com a SBPC, o ex-presidente também vai participar em Brasília nesta quinta-feira, 28, de uma conversa com a Confederação Nacional dos Transportes. Na sexta-feira, 29, o petista vai estar na convenção nacional do PSB, que irá confirmar Geraldo Alckmin como candidato a vice de Lula.

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