Cautela externa e commodities levam a nova queda do Ibovespa

A cautela internacional se soma a incertezas locais, em um quadro que leva o Ibovespa a queda, podendo caminhar para o segundo pregão seguido de baixa. Persiste o risco de recessão mundial, juntamente com inflação elevada, ao mesmo tempo em que há novos alertas de covid-19 na China. Nem mesmo renovados sinais de retomada da atividade brasileira aliviam.

Só no pregão desta segunda-feira (11/7), o Ibovespa caiu 2,07% (98.212,46 pontos), e hoje vai para a faixa dos 97 mil pontos. “Mais um dia de aversão a risco, com recuo das duas principais commodities – minério e petróleo por temores de recessão mundial e em meio a avanço da covid-19 na China”, descreve Lucas Carvalho, especialista em renda variável da Blue3. Em sua visão, a alta no volume de serviços no Brasil em maio é uma boa notícia, mas insuficiente para aliviar o mercado.

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De acordo com Carvalho, “novidade” desta terça foi o fato de o euro ter atingido paridade ante o dólar, após dado da Alemanha, numa indicação de desaceleração econômica e eventualmente recessão na Europa.

Por volta de 11h, contudo, as bolsas americanas diminuíam o ritmo de queda, com Dow Jones até testando alta. “O grande assunto do mercado é o dólar e as commodities”, afirma André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos. “A moeda sobe também por causa das (quedas) commodities”, completa Luzbel.

Às 11h23 desta terça-feira, 12, o Ibovespa caía 0,42%, aos 97.634,07 pontos, ante mínima diária aos 97.253,19 pontos (-0,98%). Em Nova York, o Dow Jones subia 0,14%; S&P 500 perdia 0,28%; e o Nasdaq caía 0,55%. O petróleo, por sua vez, cedia mais de 6%, com Petrobras perdendo mais de 2%.

Sobre sinais de desaceleração, na Alemanha, o índice de expectativas econômicas caiu mais que o esperado, para 53,8 em julho, ante previsão de recuo de 41 pontos, levando o euro a atingir paridade de US$ 1,0000 frente ao dólar. O dado reforça previsão de desaquecimento na Europa.

Como avalia Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, o medo de uma economia global andando de lado e uma China que cresce menos derrubou também os preços das commodities. Isso pesa no principal índice da bolsa brasileira, que tem cerca de 36% da sua composição ligada a materiais básicos. “Afinal, um mundo que cresce menos, produz menos, e – consequentemente – consome menos para produzir”, cita em nota.

Aqui, o mercado aguarda a aprovação da PEC dos Benefícios, que deve deixar uma fatura alta para os próximos anos. “Tem a PEC para acompanhar, mas é algo que já vem sendo traçado, não é motivo para pânico total”, afirma o especialista da Blue3.

A Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) relativa a maio, que mostrou aumento de 0,9% ante abril, maior do que a mediana das estimativas, é um bom sinal, acrescenta Carvalho. “É um resultado positivo, mas não deve ser suficiente para mudar a direção do mercado. O driver é o exterior.”

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