A maior parte dos casos em que motoristas de aplicativos são vítimas de assaltos não aparece nas estatísticas, de tão comuns, muitas das vítimas nem registram boletim de ocorrência, mas os crimes estão ficando mais violentos. Segundo o Stattesp (Sindicato dos Trabalhadores com Aplicativos de Transporte Terrestre Intermunicipal do Estado de São Paulo), três motoristas foram assassinados durante assaltos somente neste mês de junho na Grande São Paulo, um deles aconteceu na rua Epitácio Pessoa, em Diadema, no sábado (18/06), os assassinos, dois homens em uma moto fugiram.
Além do caso de Diadema a polícia também investiga o desaparecimento de um motorista da 99, desde terça-feira (21/06). Familiares contaram que ele saiu para trabalhar e não mais retornou, nem atende o celular.
Para Leandro da Cruz Medeiros, presidente do Stattesp, o que teria melhor resultado para frear a violência de que os motoristas são vítimas, seriam campanhas feitas pelas plataformas como Uber e 99 com o objetivo de mostrar para a periferia, onde acontecem a maioria dos crimes, que o motorista de aplicativo está a serviço da comunidade. “O motorista é o único que entra a qualquer hora na comunidade para levar pessoas ao hospital ou a um mercado, mas essa campanha tem que ser feita em conjunto pelas empresas e junto com o sindicato, mas as plataformas se recusam a conversar”, lamenta.
Segundo Medeiros ferramentas como o envio da foto quando o pagamento for em dinheiro e a gravação das imagens no interior dos carros são algumas medidas que o próprio sindicato indicou para as empresas, mas que mesmo assim não inibem as ações criminosas. “Ajuda, mas não inibe, o que ajudaria seria mostrar a situação do trabalhador que é o único que entra para prestar um serviço na comunidade. Já mandei um projeto para eles, mas nada foi definido”, diz o sindicalista. Quanto ao número de casos nos últimos meses, não há um gráfico consistente que indique alta ou queda nas mortes. “Oscila muito. Tem os assaltos de oportunidade, mas vemos que a violência está aumentando. O roubo de dinheiro e de celular são os mais comuns e muitos motoristas nem registram mais boletim de ocorrência”, completa.
Motorista de aplicativo em Mauá, Paulo Calfat Júnior, diz que a rotina é muito tensa, procurando se proteger o tempo todo e tentando se antecipar aos criminosos. “Infelizmente a empresa não dá segurança para trabalharmos e a segurança pública também falha um pouco. Eu vejo blitze parando motos sempre, mas não é o suficiente, tem que fazer isso mais de madrugada. Eu quando vejo algum motociclista em atitude suspeita eu saio fora logo, não espero para ver. Mas é uma tensão o tempo todo, olhando para os espelhos”, diz o profissional.
O RD procurou as empresas Uber e 99, mas até o fechamento desta edição elas não se posicionaram quanto às medidas de segurança. A Polícia Militar também não se pronunciou até o fechamento desta edição.