Com Petrobras e bancos, Ibovespa cai 0,17% e segue abaixo dos 100 mil pontos

O Ibovespa emendou nesta terça-feira, 21/6, o terceiro fechamento abaixo do limiar dos 100 mil pontos, descolado do exterior positivo, onde houve avanço para o petróleo e para os índices acionários na Europa e em Nova York após o feriado de ontem nos Estados Unidos. Aqui, a referência da B3 devolveu à tarde os ganhos observados mais cedo, que chegaram a colocar o Ibovespa aos 101.068,71, na máxima do dia. Na mínima, do meio da tarde, foi aos 99.166,54 (-0,69%), saindo de abertura aos 99.853,86 pontos. Ao final, mostrava leve perda de 0,17%, aos 99.684,50, com giro fraco, a R$ 22,9 bilhões. Nas últimas 12 sessões, desde o dia 3, o Ibovespa obteve desempenho positivo em apenas duas, e bem moderados (+0,03%, ontem, e +0,73%, dia 15). No mês, o índice cede 10,48% e, no ano, as perdas chegam a 4,90%. Na semana, cai 0,14%.

Nesta terça-feira, o recuo foi puxado pelas ações de grandes bancos, com BB ON (-4,10%) à frente, e especialmente por Petrobras (ON -1,06%, PN -1,99%), que já acumula perdas de cerca de 10% no mês tanto na ordinária como na preferencial. O mercado continua a monitorar de perto o movimento político em torno dos preços praticados pela petrolífera, atento agora a eventual mudança na Lei das Estatais. Hoje, em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, embora tenha se colocado como um economista de perfil liberal, questionou se o PPI, o preço de paridade internacional, ainda se justificaria para a Petrobras.

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“O dia deixou bastante a desejar aqui, considerando o que se viu em Nova York. Hoje à tarde, o setor de energia estava subindo, puxando as bolsas por lá, com Exxon Mobil em alta de 7% e Chevron, de 5%, enquanto Petrobras caía aqui em torno de 2,5%. Essa queda toda, desde a sexta-feira, está bem concentrada em energia, com nossa Petro ficando para trás. O prêmio de risco pelo que vem pela frente entra na conta, embora não se saiba ao certo o que vem por aí. Sabe-se apenas que (o que ocorrerá) não é o que foi prometido, de que não mudaria nada com o novo presidente (Caio Paes de Andrade)”, diz Rodrigo Natali, estrategista-chefe da Inv.

Corroborando esta perspectiva, Sachsida disse hoje que é um engano pensar que a gestão de Paes de Andrade à frente da estatal será “mais do mesmo”. “A Petrobras precisa competir e é por isso que troquei o presidente e está sendo trocado o Conselho de Administração, pois a empresa precisa se preparar para um novo tempo, de competição”, disse o ministro de Minas e Energia, em audiência na Câmara. “Quem acha que estamos mudando para mais do mesmo, acho que está enganado.”

Os persistentes ruídos em torno da política de preços da Petrobras deixaram em segundo plano a divulgação da ata do Copom, pela manhã. “A ata veio na direção do BC ‘hawkish’, muito preocupado ainda com a inflação e os desdobramentos em torno dela nos próximos meses para o horizonte relevante do Banco Central, que destacou bastante o cenário externo. Toda essa conjuntura vai provocar uma desaceleração econômica, que pode tirar parte da pressão sobre as commodities e dos bens industriais importados. Mas pode ser uma desaceleração global com inflação elevada, uma estagflação, como temos ouvido muitos analistas internacionais comentarem”, diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

“O Comitê (de Política Monetária) destacou com mais afinco a piora do cenário global, tanto para a inflação quanto para a atividade econômica, na esteira de desequilíbrios causados especialmente pela guerra no leste europeu e pela política de zero covid implementada pelo governo chinês”, observa Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. “O Copom chamou atenção para o fato de que Bancos Centrais do mundo todo reforçaram a alta de juros, reduzindo a liquidez nos mercados e aumentando a aversão ao risco, o que impacta especialmente países emergentes como nós, aqui no Brasil. Em outras palavras: um mundo com inflação alta, baixo crescimento e menor apetite ao risco por parte dos investidores”, acrescenta a economista.

Na ponta de ganhos do Ibovespa nesta terça-feira, destaque para Qualicorp (+6,68%), WEG (+4,98%) e IRB (+4,04%). No lado oposto, Cogna (-4,76%), Banco do Brasil (ON -4,10%) e CPFL Energia (-3,69%).

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