Baixas temperaturas podem contribuir para que os automóveis apresentem problemas de funcionamento e performance dos mais variados, demandando um pouco mais de cuidado e atenção dos condutores e mecânicos durante períodos como o inverno.
De acordo com o professor departamento de Engenharia Mecânica da FEI, Cleber Willian Gomes, alguns componentes e peças podem ser prejudicados pelo frio intenso, especialmente, quando falamos em carros com mais de cinco anos de fabricação.
“Entre os itens dos veículos que exigem maior cuidado em climas extremos, tanto no frio quanto no calor, está o sistema de partida, responsável por ligar o automóvel. Ele é composto por itens como a bateria, as velas de ignição e o tanquinho que podem apresentar alguns problemas. Contudo, sabendo para o quê e como olhar, o condutor pode identificar e prevenir potenciais dores de cabeça”, explica o docente FEIano.
Para ajudar os motoristas a escaparem de algumas situações “geladas”, ele aponta dicas e cuidados para o bom desempenho do sistema de partida nos dias mais frios. Confira abaixo.
– Velas de ignição
É importante estar atento às velas de ignição nas baixas temperaturas. Esse dispositivo elétrico tem um papel fundamental para o bom funcionamento do motor. Sua função é gerar a centelha que a combustão da mistura de ar e combustível nos motores de combustão interna — a etanol ou a gasolina –, ligando o carro.
Para o bom desempenho das velas de ignição, é preciso manter a limpeza dos bicos injetores e filtro de ar em dia, além de verificar se a injeção eletrônica está funcionando corretamente. “É vital fazer uma revisão do sistema de ignição a cada 10 ou 15 mil quilômetros rodados, mas lembre-se que cada fabricante indica um tempo de troca diferente”, alerta o professor Cleber Willian.
Conforme explica o docente, em casos de falha na partida do motor é aconselhável não continuar tentando ligá-lo. “A insistência nesta ação pode causar o encharcamento das velas, gerando um transtorno ainda maior. Procure um mecânico mais próximo ou de sua confiança”, afirma ele.
– Cabos de ignição
O cabo de ignição, conhecido como cabo de vela, é um componente-chave do sistema de partida, sendo responsável pelo funcionamento do motor e a distribuição de energia gerada pela bobina até as velas de ignição.
O professor destaca que defeitos ou avaria neste item veicular são fáceis de serem identificada pelo condutor. “Geralmente, é fácil observar se há marcas de desgaste por atrito ou derretimento nos cabos. Nessas condições, pode ocorrer uma fuga da corrente elétrica e, com isso, falhas no momento da ignição, com o efeito de oxidação dos terminais”, aponta.
Para tanto, ressalta ele, é importante realizar a manutenção deste condutor elétrico com cuidado. O manuseio incorreto pode danificar o cabo e comprometer seu bom funcionamento. “A vida útil dos cabos varia entre 30 mil e 40 mil quilômetros rodados. Toda vez que o motorista fizer a troca das velas de ignição, é sempre recomendado verificar os cabos também”, aconselha Cleber Willian.
– Bateria
Outro componente que tende a ser afetado pelos climas frios por conta da maior frequência ou dependência no seu uso é a bateria. Sua vida útil é de dois a três anos, mas essa longevidade pode ser reduzida em até 50%, caso o proprietário não tome os devidos cuidados, explica o professor. “O uso do sistema de aquecimento de bancos e calefação com o carro desligado, por exemplo, também coopera para que a bateria se esgote mais rapidamente”, afirma.
Além disso, o especialista FEIano destaca que em episódios de congestionamento é importante usar o freio de mão, evitando assim partidas sucessivas e, consequentemente, o descarregamento da bateria. “Recarregamentos constantes da bateria contribuem para a redução da sua durabilidade também”, esclarece.
-Tanquinho de partida a frio
O tanque ou tanquinho de partida a frio é um componente do carro que armazena uma pequena quantidade de gasolina, permitindo que o motor do carro ligue sem dificuldades quando abastecido puramente (ou em maior proporção) com etanol.
“Para que o condutor não tenha surpresas desagradáveis, é importante abastecer o tanque de partida a frio com frequência, especialmente nos dias mais frios, quando esse sistema mais trabalha. Para garantir o bom desempenho, dê preferência por gasolina premium ou, pelo menos, aditivada”, recomenda o docente.
Ainda sobre o tanquinho a frio, o professor explica que a troca de gasolina do reservatório deve ser feita de três em três meses, mesmo que o condutor não o tenha usado. “Mas não é necessário encher o tanquinho todo, uma vez que a quantidade usada em cada partida é pequena. O ponto principal nessa dica é não deixar o tanquinho esvaziar, pois ele pode rachar, assim como as mangueiras”, conclui.