Recuperação externa estimula alta do Ibovespa, mas Petrobras é risco

Recuperação externa após recentes perdas estimula alta do Ibovespa e tende a elevar a liquidez após a pausa ontem nos Estados Unidos por conta de feriado. Em dia de agenda relativamente mais fraca, o noticiário sobre a Petrobras fica no radar, podendo diminuir a valorização do índice Bovespa ao longo do pregão, provocando até mesmo instabilidade.

Após a leve alta de 0,03% da véspera (99.852,67 pontos), o índice Bovespa avança, tendo já testado a marca dos 101 mil pontos mais cedo, aos 101.068,71 pontos (alta: 1,22%). No entanto, tenta ao menos defender o nível dos 100 mil pontos, apesar da elevação que chega a 3% em Nova York (índice Nasdaq).

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“A tendência é acompanhar o exterior, mesmo que seja uma recuperação tímida em relação às cotações atuais”, avalia Luiz Cesta, head de análise da Monett. “A Bolsa continua em um patamar relativamente baixo quando se compara com múltiplos históricos”, afirma, ponderando, contudo, que os temas relacionados à Petrobras devem continuar gerando volatilidade.

Mesmo depois da renúncia de José Mauro Coelho da presidência da estatal e da confirmação do diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Fernando Borges, como presidente interino da empresa, o presidente da República, Jair Bolsonaro, mantém a ideia de instalar uma CPI para averiguar a estatal. O assunto é visto com cautela pelo mercado, pois tende a gerar mais desgaste em torno da companhia. Além disso, fala-se em mudança na Lei das Estatais.

Hoje, líderes partidários e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), debaterão com técnicos do governo possíveis mudanças na Lei das Estatais, na política de preços da Petrobras e na composição do Conselho Administrativo da estatal, segundo apurou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Além disso, os parlamentares e o Palácio do Planalto devem discutir o direito de preferência da Petrobras em licitações. Outro tema que está no radar é aumento de tributação no lucro da companhia.

Já o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, em audiência na Câmara sobre a Petrobras e preços dos combustíveis, disse não ser possível interferir nos preços, e que tal questão “não está no controle do governo”, mesmo que a União seja o acionista majoritário da Petrobras.

Também hoje a companhia petrolífera afirmou não ser verdade a notícia de que tenha uma reserva de R$ 200 bilhões para distribuição de lucros, como teria sido veiculado por uma reportagem no dia 16 de junho.

“Apesar da alta de ontem, os papéis da estatal devem continuar sem fôlego”, pondera o economista da Tendências Consultoria. Às 11h08, as ações passavam a ceder entre 0,65% (PN) e 0,23% (ON) após subirem mais cedo, apesar da alta do petróleo no exterior.

Já o minério de ferro encerrou com alta de 3,33% em Qingdao, na China, cotado a US$ 115,41 a tonelada, estimulando as ações ligadas ao setor na Bolsa.

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) também fica no radar do mercado. Divulgado mais cedo, o documento confirma a ideia de manutenção da taxa Selic alta por mais tempo. Na semana passada, o Copom elevou a Selic em meio ponto porcentual, para 13,25% ao ano.

Para Felipe Sichel, sócio e economista-chefe do Modal, o documento confirma a perspectiva de pelo menos mais uma alta de 0,50 ponto porcentual da Selic no Copom em agosto, deixando a porta aberta no encontro a seguir. “Maior probabilidade é a Selic ir a 13,75%, ficando neste nível por longo tempo”, estima.

De acordo com Sichel, é prematuro falar em corte de juros. “Porém, o ciclo de alta está se aproximando do fim. Há tempos defendemos a ideia de que a taxa ficaria contracionista por mais tempo e que a convergência da inflação para a meta seria difícil.”

Às 11h09, o Ibovespa subia 0,20%, aos 100.053,93 pontos.

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