Criada em 2019 e se firmando agora no mercado imobiliário, a Imobi Places é uma startup que funciona com base em soluções de tecnologia, que localiza imóveis e corretores para quem quer comprar, vender ou alugar um imóvel. A ideia surgiu da experiência própria de um dos fundadores, Fabio Barros, um publicitário que encontrou dificuldades na hora de comprar uma casa para os pais. Ele se uniu a Wagner Peinado, também publicitário e juntos fundaram a empresa, que tem sede em São Bernardo. A Imobi funciona como um Uber para localizar corretores e os imóveis, através de geolocalização. A projeção dos criadores é atingir, entre 2022 e o primeiro trimestre de 2023, 140 cidades, 2.100 imobiliárias e 8.000 corretores, com estudos para, futuramente, investir na internacionalização do app.
Dores
“A ideia do aplicativo surgiu há três anos numa experiência que eu passei no mercado, na jornada de compra de um imóvel. Eu tinha um desafio que era vender a casa dos meus pais no litoral, eu quis trazê-los para ficar perto de mim para cuidar. Ai eu vendi a casa deles na Praia Grande e comecei a minha jornada de compra em São Bernardo, mas a experiência não foi positiva. Me cadastrei nos portais imobiliários que têm no mercado e quando fui visitar os imóveis a experiência não foi positiva porque meu pai era cadeirante e minha mãe não dirige e os imóveis que a gente escolhia pela internet era em ladeirão, longe de comércio, aí eu digo que a experiência digital não foi positiva. A experiência física também não´foi porque eu peguei minha mãe, coloquei no carro e começamos a tirar foto das placas de venda no bairro onde eu moro. Era uma terça-feira e eu parei em frente ao imóvel que minha mãe gostou e eu liguei para o número que estava na placa. Quando eu liguei eu fui muito mal atendido por uma secretária que me passou para um corretor de imóveis. Mesmo eu falando que tinha urgência e que ia pagar à vista ele marcou a visita para o sábado. Marquei as 14 horas; deu 14h30 e cadê o corretor? Ele esqueceu da visita”, explicou Fabio Barros.
Foi conversando sobre esses problemas na hora da compra que surgiu a ideia de criar uma ferramenta que ajudasse compradores, vendedores e as imobiliárias. “Como bom publicitário a gente acaba pensando em soluções no meio do caminho. A gente achou a dor então vamos fazer a solução. Para a busca do imóvel é importante que a pessoa tenha uma experiência fluida e bem feita para conseguir atingir esse sonho dela. A gente começou a elaborar, fazer os recursos de tecnologia para fazer uma startup. A tecnologia acaba associando todas essas dores que o Fábio passou fazendo a placa virar um tipo de serviço em que as pessoas possam ter informações mais rápidas e também consiga se ‘linkar‘ mais rápido com o corretor”, explica Wagner Peinado.
“No mercado imobiliário existem quatro pilares da transação imobiliária. O cliente que está buscando o imóvel, o cliente que está vendendo, que é o proprietário, o corretor imobiliário e dono da imobiliária. Se naquela terça-feira já tivesse uma placa com o QR Code da Imobi Places eu acionava a câmera do meu celular, já ia ver o memorial descritivo, o preço, e aí tem um botão de ‘ver agora’ no aplicativo, como eu estava de frente para o imóvel eu clico no ‘ver agora’ e o aplicativo passa um sinal igualzinho o do Uber e o corretor que está mais próximo aceita o chamado. A gente criou uma inteligência artificial que segmentou o corretor; se estou procurando um corretor de alto padrão, por exemplo, o sinal é para corretores de alto padrão. Se busco um imóvel do programa Casa Verde Amarela, o sinal está passando para corretores especializados neste produto. A gente ‘uberizou’, fizemos o Uber do corretor”, detalha Barros.
“Nesse mesmo instante que o corretor está recebendo o sinal, o proprietário do imóvel já sabe que tem um cliente querendo visitar seu imóvel. O corretor que está a três quadras vai aceitar essa chamada mesmo que ele não seja o corretor daquela imobiliária onde está alocado aquele imóvel. Quando o corretor aceita ele, automaticamente, já assina os termos e condições daquela imobiliária porque já sabe o quanto vai receber de comissão e o dono da imobiliária está acompanhando tudo isso em tempo real também. A gente conseguiu segmentar quem está buscando, quem está vendendo e quem está fazendo atendimento para a imobiliária ou não”, continua Fabio Barros.
Digitalização
Para Wagner Peinado muita gente passa por dificuldades na hora da compra por falta de processos digitalizados. “A gente percebe que muitos processos poderiam ser digitalizados. Quem nasceu digital já faz isso e a experiência do cliente é muito melhor. No caso de uma compra de um imóvel de lançamento é mais simples porque ele não tem escritura cartorária, porque essa é a parte mais difícil; saber se é de inventário, se não é se tem dívida de impostos… esse é o grande desafio do mercado. A gente conseguiu pegar um quebra-cabeças enorme a agora consegue enxergar o tabuleiro inteiro. O céu é o limite, a gente fala até de venda de casa no metaverso”, comenta o publicitário.
“O nosso objetivo é conectar quem quer comprar e vender, dali pra frente é o processo da imobiliária. A gente é um aplicativo que empodera as imobiliárias”, aponta Fabio Barros que diz que muitas vezes o cliente é atraído para as imobiliárias por imóveis que não estão mais disponíveis e isso é outra experiência ruim que o mercado pode trazer ao comprador, mas que não existe na Imobi Places. “Muitas vezes o imóvel já foi vendido, mas está com o anúncio ativo, esse anúncio vira uma isca para o consumido, então a experiência do usuário é negativa. Dizem que já vendeu, mas tentam de empurrar outro, uma coisa que você não estava buscando. Na nossa plataforma os imóveis são reais e os preços são atualizados”, garante.
Investimento
Segundo Wagner Peinado, desde o início da concepção da Imobi Places até agora foram investidos R$ 3 milhões e a empresa somente agora começa a monetizar. “Tem uma parte da trilha do nosso aplicativo, que é onde de fato ocorre a uberização, de achar a localização do corretor em tempo real prevendo que são milhares de corretores ao mesmo tempo online num mapa e consumindo dados de um servidor. Só numa trilhazinha foram R$ 1,2 milhão. Tudo isso pensando em tentativas e erros, não foi tudo uma maravilha, startup é aprender com erros. A cada vitória dá vontade de estourar um champanhe”, relata.
Sobre a internacionalização do negócio a empresa tem sim esse objetivo, mas primeiro o pensamento é se fixar no país. “A gente pensa sim em internacionalizar, mas ainda é um ponto distante de onde a gente está agora. Estamos procurando uma expansão de forma sustentável. O próprio Brasil é um país continental e tem uma realidade em cada canto. Tem que colocar muito os pés no chão e entender que tem etapas a serem cumpridas, mas a gente já faz o link de quem está fora do Brasil, nos Estados Unidos, por exemplo, e quer investir em imóveis novos aqui”, completou Peinado.