O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), concedeu uma entrevista ao Jornal Gente, da Rádio Bandeirantes, neste sábado (4/6), e comentou sobre o momento “delicado” do tucanato em meio a pré-campanha eleitoral. Para o chefe do Executivo, o partido conta com uma “minoria” que “influencia negativamente” o comando da legenda, o que teria causado a saída de João Doria da disputa presidencial. Morando considera que partido tem que seguir no apoio para Simone Tebet (MDB) e não tentar colocar um outro nome na futura campanha.
Ao ser questionado se o PSDB tinha acabado, Morando falou sobre o “momento delicado” após a desistência de Doria. “O partido tomou uma decisão, pela primeira vez resolver fazer prévias, escolheu um candidato na prévia e uma cúpula do partido entende que o candidato não era mais viável. Por bom senso ele se retirou do processo, mas naturalmente aumentou uma crise política que pela primeira vez desde que Fernando Henrique (Cardoso) foi presidente da república pelo PSDB, o partido faz o apontamento em não ter candidato”, iniciou.
“Então você tem uma minoria dentro do partido, porém com cargo de direção, que influencia negativamente nos resultados do partido, e que infelizmente levam o PSDB a um momento triste de sua história. Um partido que já governou o País, um partido que deu estabilidade econômica, criou o Plano Real, infelizmente não terá candidatura a presidente neste ano”, completou.
Orlando Morando evitou falar nomes de dirigentes que seriam pilares dessa “influência negativa”, mas considera que a decisão de não apoiar Doria não pode dar espaço a tentativa de um grupo de colocar um outro nome na disputa presidencial. Internamente existe a defesa do nome do ex-governador gaúcho Eduardo Leite, derrotado nas prévias realizadas no ano passado.
Para o prefeito de São Bernardo, a tendência é apoiar Simone Tebet. Apesar do ainda baixo desempenho da senadora nas pesquisas pré-eleitorais, o tucano considera que ainda há espaço de crescimento e de que é possível furar a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Sobre o eleitorado do PSDB, Orlando ainda prevê que este grupo migrará para o apoio de uma terceira via, mas aproveitou para criticar o atual cenário partidário no Brasil, principalmente com a existência de mais de 30 partidos e a facilidade para a criação de uma legenda.
“Os partidos estão sendo destruídos, as pessoas não se identificam mais para votar no partido, as pessoas se identificam com as pessoas, com os candidatos e eu vou dar um exemplo disso. O Lula, que já foi presidente por duas vezes e elegeu a péssima presidente Dilma (Rousseff, PT), nunca conseguiu eleger um candidato a governador de São Paulo. Ele ganhou as eleições em São Paulo, mas não conseguiu, e imagino que não vai conseguir novamente, então isso é a prova que eleitor não vota no partido e sim no candidato. Até porque partido no partido virou quase uma franquia, um negócio assustador. Não tem mais ideologia, partido que nasce com a essência da direita apoia candidato da esquerda, partido da esquerda apoia candidato da direta. Os partidos fizeram um autoflagelo”, concluiu.