Entre o soul e as estridências, Joss Stone lança álbum em São Paulo

Há algo de heroico em Joss Stone. Muito jovem, loira e britânica, ela atravessou o oceano saindo de Dover, na Inglaterra, para pisar na terra das vozes negr as em 2003, aos 16 anos, com o álbum The Soul Sessions transbordando soul music legítima em plenos Estados Unidos e sendo abraçada por gente grande da cena de Miami, como a rainha por aqueles lados, Betty Wright, de No Pain, No Gain, e os lendários Benny Latimore e Timmy Thomas. Como Macy Gray já havia anunciado em 1999, era o fim da festa para uma geração e o começo para outra, e Joss chegava para fortalecer a nova leva. Mind, Body & Soul, seu álbum seguinte, de 2004, trazia Right To Be Wrong, Jet Lag, Spoiled e You Had Me, tudo coisa fina para pistas e, em um breve futuro, para muitos streamings.

Agora, quase 20 anos depois deste início efusivo, Joss volta ao Brasil. Sua apresentação será nesta quarta, 1, no Espaço Unimed, em São Paulo, e o que se ouve em seu álbum mais recente, Never Forget My Love, é quase que outra artista se comparada aos dois primeiros discos. A mão que muda tudo é de seu produtor, Dave Stewart, parceiro de Annie Lennox nos Eurythmics. As canções, assinadas por Joss e Stewart, ganham arranjos que as distanciam da soul music e as movimentam em direção às grandiosidades orquestrais, às vezes exageradas, recuperadas dos anos 50 (quando eram sublimes) pelo pop de Whitney Houston dos 90 (quando se tornaram contestáveis).

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Ou seja, Joss Stone é corajosa ao fazer algo que ninguém faz em 2022 e que algoritmo nenhum indicaria para ser feito. Seu show não será inteiramente sobre esse repertório novo, o que será bom. Nem tudo o que Joss faz desta vez é um acerto, e isso muito por culpa das colheres de açúcar a mais nas cordas de Stewart. Os agudos gritados de Joss, sobretudo os que ela usa em canções como Breaking Each Others Hearts, Love You Till The Very End e The Greatest Secret, são inebriantes de tão forçados. Etta James e Whitney podiam ir lá, Joss não. Assim, a soul music vem um pouco mais diluída entre seu romantismo estridente, mas pelo menos You Couldnt Kill Me é uma grande canção.

A abertura estava anunciada para ser feita pela cantora escocesa KT Tunstall, mas será agora da brasileira Céu. A empresa Live Nation informou nesta segunda, 30, que Tunstall teve de cancelar a vinda ao País por problemas de saúde: “Querida América do Sul: Estou muito triste em compartilhar que acordei hoje muito mal para voar. Não tenho certeza neste momento do que está acontecendo, mas sinto muito dizer que não vou poder fazer essa viagem para cantar para vocês desta vez”, anunciou a escocesa em sua redes sociais, com certo mistério. Uma pena, já que as duas fariam uma dobradinha bem interessante.

A vinda de Joss Stone equilibra um recente desentendimento que tirou a cantora do próximo Rock in Rio. Ela estava escalada para cantar dia 8 de setembro no Palco Sunset, mas uma comunicação de seu empresário com a organização do festival deu a entender que Joss não poderia se apresentar mais “por motivos pessoais”. Jessie J, que já passou pelo festival, acabou sendo a substituta. Muito chateada, a britânica escreveu o seguinte em suas redes sociais: “Caros fãs brasileiros, estou tão triste em dizer que não tocarei no Rock in Rio. Não por qualquer escolha minha. Meu empresário erroneamente levou o produtor do evento a acreditar que eu não poderia tocar no festival. Então, é claro que ele teve que me substituir para que todos vocês pudessem se divertir e ouvir uma boa música.”

Serviço

Joss Stone

1 de junho (quarta-feira)

Abertura dos portões: 19h

Horário Céu: 20h15

Horário Joss Stone: 21h30

Espaço das Américas

Endereço: R. Tagipuru, 795 – Barra Funda

Ingressos: a partir de R$ 130

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