Na Europa e nos Estados Unidos é comum postos de gasolina com sistemas de autoatendimento. No Brasil, a atividade foi proibida, porém uma decisão inédita da Justiça Federal liberou a implantação do autosserviço para uma rede de postos de gasolina em Santa Catarina, em abril. A medida abre brechas na lei e dá jurisprudência para que outras redes no País peçam a liberação para a prática, fato que já está na mira dos sindicatos, segundo Roberto Leandrini Júnior, presidente do Regran (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do ABCDMRR), em entrevista ao RDtv.
Leandrini acredita que a partir de agora o autosserviço possa se ampliar no Brasil. “Há 15 anos já foi uma realidade no País, mas por conta da pressão dos sindicatos dos trabalhadores, a Justiça do Trabalho fez normativa que impede a prática, preocupada com desemprego. Acredito que os únicos beneficiados com o self-service seriam as grandes redes e postos de supermercados, que são aqueles que têm condições de implantar o serviço”, afirma.
Segundo o gestor, a liberação do autoatendimento depende agora da briga entre os órgãos responsáveis na Justiça e as entidades de defesa dos trabalhadores. “O sindicato dos frentistas já promete ir para cima”, afirma. No ABC, há cerca de 20 mil frentistas em 350 postos de combustíveis. “O salário deles é em média R$ 2 mil e são todos registrados”, aponta.
Aumento do diesel
Sobre o aumento do diesel, anunciado pela Petrobras segunda-feira (9/5) e já em vigor, Leandrini ressalta que o cenário é preocupante, pois o consumo de combustíveis teve uma redução de 30%, com relação ao período anterior à pandemia. “O poder aquisitivo da população caiu. Com aumentos no preço dos combustíveis, diminui mais o consumo. O setor ainda não se recuperou da pandemia. e para os postos é impossível não repassar o reajuste ao consumidor”, afirma o presidente do Regran ao reforçar que os 350 postos do ABC já aplicaram o aumento do diesel.
Para Leandrini, o setor aguardava um reajuste, mas foi pego de surpresa pelo valor. “Esperavam um aumento de 3% a 4%, mas quase 9% é muito abusivo. E, com certeza, haverá um reajuste no preço da gasolina nos próximos dias. É tudo relacionado, creio que isso acontecerá dentro de 15 dias”, prevê. O dirigente afirma que a elevação no valor do diesel vai impactar mais na cadeia alimentar, com aumento no preço dos alimentos.