A Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) divulgou nesta semana o seu novo levantamento sobre o valor da cesta básica na região. Segundo os dados, a soma dos 34 produtos avaliados custou em abril R$ 1.070,68, valor 1,82% menor do que na pesquisa de março. Em entrevista ao RDtv, o engenheiro agrônomo da autarquia, Fábio Vezzá de Benedeto, alertou que a leve queda ocorreu em decorrência dos produtos de higiene e limpeza, e das mudanças na pesquisa que avaliou os preços nos mercados de bairro, o que não era feito devido a fase mais grave da pandemia da covid-19.
Dos 34 produtos pesquisados, 15 apresentaram queda nos preços. As quatro maiores reduções ocorreram com produtos da área de higiene e limpeza: sabão em barra (5 unidades – 200g) com -41,21%; sabonete (90g) com -18,89%; creme dental (90g) com -11,54%; e papel higiênico (pacote com 16 rolos) com -9,3%. O primeiro alimento que aparece na lista é a dúzia de ovos brancos que apresentaram queda de 6,88%.
Entre os 19 produtos que apresentaram alta nos preços, apenas dois são de limpeza – o detergente (500ml) que aumentou 2,97% e o sabão em pó (1kg) com alta de 38%. O restante sofreu com altas, principalmente o quilo da cebola, que aumentou 43,24%. Segundo Fabio, a safra da cebola em São Paulo só ocorrerá a partir de maio. Nos últimos meses houve a compra do legume oriundo do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, e em alguns locais da Argentina. Com a alta do dólar e dos combustíveis, o frete ficou mais caro e assim o valor para o consumidor final aumentou.
“A influência é direta. A alta do dólar vem causando esse impacto a mais tempo do que a pandemia inclusive, e acredito que a valorização do real frente ao dólar nos traria melhores preços principalmente nas commodities agrícolas como arroz, farinha de trigo, óleo de soja e os seus derivados. Isso também vai influenciar no preço da carne e do leite. No caso do leite não foi apontada uma queda, mas sim uma alta que é até preocupante que observamos tanto em comparação ao mês passado quanto em comparação ao mesmo período do ano passado, foi uma alta considerável”, explicou Fábio.
Perspectiva para os próximos meses
“Em 20 anos de trabalho nunca foi tão difícil fazer uma perspectiva. O lado ruim, não é um momento bom para o leite e carne bovina. A chegada do inverno prejudica na qualidade dos pastos e os rebanhos precisam ter sua alimentação reforçada com ração à base de milho e soja, o que continua caro. Se o dólar recuar, podemos ter um custo com a ração mais barato, e assim um preço melhor de carnes e leites no período de inverno. O lado bom é que o clima ameno do outono e inverno, desde que não haja geada e uma estiagem muito rigorosa, conseguimos ter frutas, legumes e verduras com preços mais baixos por causa da procura. Com a temperatura as pessoas têm a tendência de comer menos fruta, menos salada, então a oferta fica maior e os preços costumam recuar, e o clima favorece o cultivo de frutas e verduras em geral”, disse o engenheiro agrônomo.