S.André reestrutura rede para acabar com fila na educação

Secretária Cleide Bochixio conta que a Pasta buscou parceria com o Estado (Foto: Marciel Peres)

Uma das principais bandeiras da administração, a Educação de Santo André passa por transformações. Exemplo é a reestruturação das creches, assim como as parcerias com o Estado para acabar com um dos mais antigos problemas da Pasta no Município: o déficit de vagas.

Segundo a secretária Cleide Bochixio, à frente da Educação desde 2009, atualmente há fila de espera de 700 crianças entre 4 e 5 anos para as creches municipais. “Até o fim do ano deveremos conseguir zerar este déficit”, garante. Entre os alunos de 0 a 3 anos, o problema é maior, mas mesmo assim a dirigente acredita que até o fim da gestão deverão ser criadas cerca de 2 mil novas vagas, o suficiente para suprir a demanda identificada atualmente. “Isso não significa que até lá não possa aparecer um público maior que esse”, completa.

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Com orçamento para este ano de R$ 278 milhões – R$ 26 milhões a mais que em 2010 –, Santo André tem cerca de 35 mil alunos e 2.050 professores. Confira a entrevista:

Repórter Diário: Qual o tamanho da rede?
Cleide Bochixio:
Temos 103 equipamentos, já contando com os Centros Públicos. Só Emeief (Escola Municipal de Ensino Infantil e Ensino Fundamental) são 51. Quando assumimos havia 22 creches em Santo André. Em fevereiro de 2009 entregamos a primeira e até o final deste ano teremos 30 unidades. É um trabalho bastante expressivo.

RD: São quantos alunos?
Cleide:
Temos entre 34 e 35 mil alunos. Falo isso porque a EJA (Educação de Jovens e Adultos) varia muito de acordo com a formação de cada turma, então o número total varia.

RD: De quanto é o orçamento da Pasta?
Cleide:
É de R$ 278 milhões. Ano passado foram R$ 252 milhões aproximadamente.

RD: Como é comandar 35 mil alunos?
Cleide:
A responsabilidade é muito grande. A educação tem de ser compreendida como vários fatores. Temos o currículo básico de formação e, para dar conta disso, preciso ter também de professor motivado, bem pago, escola boa, ambiente saudável e entorno da escola limpo. Além disso, tem o sentido mais amplo da educação, que envolve os outros aspectos do relacionamento entre alunos, professores, direção e comunidade, além da participação dos pais, esta muito importante para melhorar a educação dos filhos. Tem de haver esta soma de esforços: a família, a escola e o sistema. Temos de trazer cada vez mais os pais para dentro da escola.

RD: Como a Prefeitura trabalha para estimular o professor?
Cleide:
Na formação inicial não podemos intervir, mas na continuada estamos investindo bastante. Desde 2009 já fizemos cursos com a Fundação Santo André e com a USP. Temos palestras em parceria com as universidades, estamos implantando o currículo do ensino fundamental em parceria com a Fundação de maneira participativa e online. Há um portal para os professores debaterem o currículo com especialistas. Tudo isso é necessário para ampliar o conhecimento dos nossos 2.050 professores. Esta discussão ocorre desde 2010 e devemos terminar este processo em 2012, quando ficaremos com a versão definitiva do material.
 

RD: Como está a fila de espera por vagas nas creches?
Cleide:
De 4 e 5 anos estamos perto de 700 crianças aguardando vagas, que devemos zerá-las até o fim do ano. Quando entramos no governo tínhamos quase 4 mil crianças na faixa aguardando vaga. De 0 a 3 é mais complicado, todo dia nasce criança. Temos hoje perto de 2 mil crianças na fila de espera, o que eu chamo de demanda expressa.
 

RD: É possível zerar a fila de crianças de 0 a 3 anos?
Cleide:
Todas estas creches que estamos construindo também atendem crianças nesta faixa etária. Então até o final da gestão imagino que teremos este número de vagas, o que não significa que não possa aparecer um público maior que esse.
 

RD: Este governo teve muito trabalho em relação à reestruturação física das creches?
Cleide:
Sim, tínhamos crianças fora das escolas, prédios fechados, salas vazias e ninguém atendia as crianças que precisavam de vaga. Não precisamos procurar terrenos, só fizemos parceria com o Estado. Pegamos prédios com salas vazias onde a população realmente precisava e implantamos junto às escolas estaduais que municipalizamos o ensino infantil. As seis escolas do Estado que foram municipalizadas oferecem pré-escola de 4 e 5 anos, por isso conseguimos dar este salto nesta faixa etária. A grande diferença, no caso, é a gestão.
 

RD: Seis escolas já foram municipalizadas. Há planos de municipalizar mais?
Cleide:
Não, porque nos locais onde precisamos de vagas não há escolas vazias. Só pegar o prédio por pegar não vale a pena, não é o caso agora.
 

RD: O que a senhora destaca hoje como principal projeto na educação?
Cleide:
A questão da organização do currículo do ensino fundamental, que não estava consolidado. Estamos no meio deste trabalho, que começamos em 2009 com reuniões, estabelecendo metas de expectativa de aprendizagem ao final de cada ano, discutindo o que teremos de trabalhar para que as crianças desenvolvam as habilidades necessárias nas diversas disciplinas. Queremos que as crianças saiam do quinto ano sabendo ler, escrever e compreender as coisas para que elas tenham sucesso lá na frente.
 

RD: Quais as ações que envolvem o meio ambiente?
Cleide:
Temos vários projetos em parceria com o Semasa e no Parque Escola, uma escola de educação ambiental onde os alunos vão até lá para desenvolver atividades e depois dar continuidade dentro de sala de aula. Há ainda a visita de biólogos do Parque Escola nas escolas. Entre os muitos projetos, temos um em parceria com a Rhodia e a editora Evoluir, que começou neste ano. Cinco escolas participam da ação que aborda a sustentabilidade dentro da própria unidade.
 

RD: Qual o maior gargalo da Pasta?
Cleide:
Era a educação infantil, mas estamos conseguindo resolver. Em termos educacionais, o que não estava posto, foi posto na pauta e está sendo resolvido, como a questão do currículo da educação fundamental principalmente. Outro nó que tínhamos era o Santo André estar de costas para o governo do Estado, como se isso fosse possível. Não estamos mais assim. Outro problema é ter na educação aquilo que o Tribunal de Contas entende que é da educação. Temos o Sabina, uma responsabilidade do Poder Público manter e que integra esta Pasta. Não dá para fecharmos um equipamento daquele. Mesmo tendo um projeto como o Brinca Ciência inserido nele, que é estritamente educacional porque há conteúdo, tem sequência de conteúdo e aulas sistemáticas. Se eu tenho tudo isso, além de material didático para aluno e professor, o que falta para caracterizar isso como ensino? Nada, não falta nada, mas eles (Ministério Público) conseguiram glosar até isso, só pelo fato de estar dentro do Sabina. Mesmo assim conseguimos ter as contas aprovadas no ano passado, ultrapassamos a marca dos 25% do orçamento dedicado à educação.

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