Funcionários da Atento temem demissões com fechamento da unidade de SBC

Atento de São Bernardo fica na avenida Wallace Simonsen e empresa pelo menos 3 mil trabalhadores. (Foto: Google)

Apesar da empresa garantir que não irá demitir, os funcionários da Atento de São Bernardo temem perder seus empregos. A empresa de telemarketing anunciou esta semana que irá fechar a unidade e colocar os trabalhadores em home office, e garantiu que não haverá corte de pessoal. O Sintetel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações do Estado de São Paulo) informou que a empresa já fechou outras unidades causando demissões. A empresa diz que a unidade tem cerca de 3 mil trabalhadores, já o sindicato afirma que são perto de 5 mil.

O secretário geral do sindicato, Mauro Cava de Britto, disse que tem audiência marcada com o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB) na terça-feira (19/04) para tratar do assunto. Morando já esteve com o diretor de Relações Institucionais e Governamentais da Atento, Gustavo Faria, na quarta-feira (13/04) e ele confirmou ao chefe do Executivo a permanência de um endereço fiscal na cidade, bem como a preservação dos empregos.

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“Vamos ver se é possível conseguir alguma coisa diferente. A empresa vai economizar com aluguel, energia e água, mas também não pode transferir os atendimentos para a Paraíba, por exemplo,  contratar o pessoal por menos ou tirar convênio médico”, diz Britto. De acordo com o sindicalista a empresa passa por um processo de readequação à demanda. “Em outubro a empresa sofreu um ataque cibernético e chegou a ficar três meses praticamente parada. Negociamos a manutenção do pessoal e ela manteve todos os direitos, mas por consequência disso, a Atento perdeu muitos clientes e começou a enxugar a sua estrutura”, disse o secretário geral do Sintetel.

Em uma dessas ações de reestruturação a unidade de Ribeirão Preto fechou em março e o quadro de pessoal teria sido reduzido em 13%, com o restante sendo colocado em home office ou transferido para outras unidades, segundo informou o sindicato. O temor é que o mesmo aconteça em São Bernardo. “Hoje calculamos que há naquela unidade cerca de 5 mil trabalhadores, mas esse site já teve 10 mil sendo o maior da empresa. A Atento tem ainda outras duas filiais no ABC; uma em São Caetano, com 2,5 mil trabalhadores e outra em Santo André, com 2 mil, isso faz dela uma das maiores empregadoras do ABC, tendo mais funcionários até que as grandes montadoras”, diz Britto.

O medo do desemprego é a sensação de vários funcionárias da unidade de São Bernardo em comentários nas redes sociais. O RD ouviu uma colaboradora que pediu para não ter o nome revelado. Ela diz que está afastada temporariamente por problema de saúde e só soube da intenção de fechar a filial através da imprensa. Ela trabalhava presencialmente e há aproximadamente um ano está em home office. “Não recebi nenhum comunicado, mas já soube por outros colegas que vou ser transferida para São Caetano”. A funcionária diz que gosta do que faz e que a Atento é uma boa empresa para se trabalhar. “Eu sinceramente gosto da empresa. Lógico que nem tudo é perfeito; a parte que não é perfeita é o salário. Eu soube, por colegas, que a operação em que trabalho foi transferida para São Caetano, mas oficialmente não me disseram nada”, explicou.

Mãe de quatro filhos, a funcionária tem no salário que recebe da Atento o necessário para sustentar a casa, já que sozinho, o salário do esposo não paga todas as contas. Ela disse que a preocupação aumentou com o nascimento do seu filho caçula. “Sim, fiquei bem apreensiva. Na verdade ainda estou. O salário não e dos melhores, mas ajuda. Eu particularmente gosto do regime home office. Meu maior medo seria o corte de pessoal, espero que não tenha”, disse a funcionária.

Em nota, a empresa reafirma que vai manter os trabalhadores e não informa quando terá início a desmobilização da unidade de São Bernardo. “A Atento esclarece que seguirá operando no município de São Bernardo e que manterá os postos de trabalho com atuação em modelo remoto. A empresa possui hoje mais de 50% dos colaboradores da unidade atuando em home office e reforça que está ampliando esse modelo de atuação, seguindo uma tendência iniciada na pandemia e adotada por empresas de diversos setores”.

O Sintetel quer discutir melhores condições de trabalho para os funcionários que estão trabalhando de casa. “Por conta da faixa salarial o pessoal que trabalha na Atento é de baixa renda e eles têm muita dificuldade para trabalhar no home office. Mesmo que tenha uma boa conexão e que a empresa pague uma ajuda de R$ 90 para trabalhar de casa, essa situação gera depressão, ansiedade, síndrome de pânico, obesidade e alcoolismo. Tudo isso sem falar de um local com silêncio e equipamentos ergonômicos para trabalhar. O trabalho em casa gera ainda uma falta de interatividade social que cria barreiras nas relações interpessoais. O sindicato tem observado tudo isso”, conclui.

 

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