A pesquisa mensal da cesta básica, medida pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) registrou uma alta de 8% em março em relação ao levantamento de fevereiro, com destaque para o tomate que aumentou 50% no mês. A lista de 34 produtos de alimentação, higiene pessoal e limpeza, que já tinha ultrapassado a linha dos mil reais em fevereiro, quando somou R$ 1.008,22, agora chegou em março ao custo de R$ 1.090,50. A perspectiva é de que os aumentos continuem em abril que teve ter a cesta acima dos R$ 1.100.
“Esse aumento já tem influência da guerra na Ucrânia, o preço do combustível é um dos fatores e foi imediato; assim que aumentou, no dia seguinte no Ceasa já vimos o preço em alta nas frutas, verduras e legumes”, explica Fábio Vezzá Benedetto, engenheiro agrônomo da Craisa, que falou sobre o preço dos alimentos ao RDTv.
Com preço perto de R$ 12, o tomate foi o vilão da cesta básica, pois aumentou 50% entre fevereiro e março. Benedetto diz que o produto costuma ter bastante variação. “Normalmente ele oscila muito e rápido. Uma semana de chuva, por exemplo, já influencia demais, pois atrapalha a colheita, favorece o aparecimento de doenças fúngicas nas plantas e isso dá perda de produção, então oscila demais. No entanto, a gente fica até surpreso quando atinge valores assim. Uma coisa que eu percebi é que antes ele oscilava mais rapidamente porque é produto perecível. As pessoas deixam de comprar e ele volta a patamares inferiores. De um tempo para cá, com o crescimento da alimentação fora de casa, com restaurantes por quilo, muita pizzaria e hamburgerias que usam o tomate em alta quantidade os preços se mantêm em alta por mais tempo”.
As proteínas mais comuns utilizadas como alternativa os altos preços da carne, como o frango e o ovo, tiveram grandes aumentos no mês e foram alguns dos vilões da cesta básica depois do tomate. O frango ficou 36,9% mais caro (passou de R$ 6,99 para R$ 9,57) e o ovo teve alta de 26,74% (R$ 8,30 para R$ 10,52) comparando março com o mês anterior. “O ovo continua sendo uma alternativa barata, mas subiu muita coisa”, comenta o engenheiro agrônomo.
Altas
A lista de produtos em alta no comparativo entre os meses de março de 2021 e de 2022 é a mais longa, são 28 produtos. O tomate encabeça a lista com 122,92% de aumento no ano. O segundo da lista é o café, com 90,30% e o derivado do tomate, o extrato em lata de 340g, teve alta de 79,77%. Os produtos que menos aumentaram no ano foram o feijão carioca, pacote de um quilo, que somou 2,73% de alta e a bolacha doce em pacote de 200 g que subiu 0,99%.
Já entre os produtos em queda no ano, a lista é bem menor. São apenas seis itens. A cebola foi a que mais caiu de preço entre março de 2021 até março deste ano; 36,06%. A banana acumulou queda de 22,75%; o arroz, 17,98%; laranja, 10,57%; a bolacha salgada em pacote com 200g, 1,40% e o detergente, 0,54%.
No mês as quedas mais significativas foram da cebola, que sofreu uma queda de 31,86% (passando de R$ 4,99 para R$ 3,40) e a batata que passou de R$ 7,07 em fevereiro para R$ 5,51 em março, resultando em queda de 22,06%. ”A cebola teve uma queda boa, temos bastante oferta vindo do sul, de boa qualidade e com preços melhores”, comenta Benedetto.
O consumidor deve observar as frutas no período, segundo sugere o engenheiro da Craisa. “Uma fruta muito boa e que está com qualidade excelente é o caqui mole, que se consegue comprar a R$ 0,50 a unidade. Logo vamos ter mais oferta das tangerinas, a mexerica ponkan, por exemplo, e as frutas cítricas em geral como laranja e limão. Tudo isso é muito bom porque, além da gente consumir esses alimentos, a entrada deles no mercado costuma trazer para baixo o preço de outras. A banana já recuou esse mês, a gente percebe que já recuou 20% (a variedade nanica) e a gente espera que recue mais com a entrada das tangerinas”.
Fábio Vezzá Benedetto diz que dificilmente a cesta básica de abril ficará abaixo dos R$ 1,1 mil. E ele teme que a inflação os alimentos deve seguir subindo. “Apesar do recuo do dólar, que pode influenciar os preços, ainda acho difícil no próximo mês ter uma queda significativa. O movimento é de alta e foi uma alta muito assustadora, a gente espera que, se pelo menos diminuir a velocidade já melhoraria um pouco, mas eu não consigo ser muito otimista nesse momento, é uma época crítica, tem vários fatores que influenciam, a mudança climática é uma e o câmbio outra. Nesse momento o preço do combustível é o principal problema. A minha maior preocupação, que é difícil resolver a longo prazo, eu acho que são as mudanças climáticas. A gente teve um verão extremamente chuvoso o que prejudicou a produção de alimentos, e em alguns lugares tivemos seca excessiva como no Rio Grande do Sul que perdeu a safra de soja”, comenta.
Dicas
Uma dica para economizar com a proteína é considerar a carne de porco. Segundo Benedetto a carne suína sofre muito preconceito, mas ela pode ser uma opção tão saudável quanto o frango. “Pode parecer uma carne gorda, mas tem cortes que são super light e equivalentes a uma carne de frango, por exemplo. O filé de pernil que é um ótimo corte, de ótima qualidade está a R$ 25 reais o quilo é uma alternativa bastante econômica, lógico que não se vai comer suíno todo dia, mas incluindo uma vez ou duas por semana pode gerar uma boa economia no final do mês. O frango e o ovo são boas fontes de proteína que podem ser mais exploradas”, orienta.
Benedetto sugere outras atitudes que podem fazer com que o consumidor economize. “É bom pesquisar bastante, evitar compras no final de semana No meio da semana se consegue algumas promoções . Para uma compra de mês, quem puder é melhor esperar a segunda quinzena, porque quando está perto dos pagamentos de salários a gente vê menos promoções”, conclui.