No sábado (05/03) quando a prefeitura de Mauá e representantes de movimentos sociais negociavam uma solução para cerca de 200 famílias que ocuparam um terreno no Jardim Estrela, a GCM (Guarda Civil Municipal) ocupou outro espaço, este ocupado pelo Centro de Referência Helenira Preta II, na Vila das Mercedes. Segundo a coordenadora da casa que atende a mulheres vítimas de violência, Gabriela Torres, os guardas não apresentaram nenhuma determinação de reintegração de posse. Para ela ficou claro que a prefeitura “mandou um recado” para as entidades que apoiaram a ocupação do terreno. A administração mauaense não se manifestou.
Segundo Gabriela a GCM invadiu o espaço. A entrada da guarda no espaço, aconteceu enquanto enquanto lideranças do MLB (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas) e do Movimento Olga Benário estavam reunidos com representantes da prefeitura para discutir sobre a ocupação de um terreno na rua Ipê, no Jardim Estrela. Neste terreno cerca de 200 famílias, que perderam suas casas por conta das chuvas deste ano, tentavam recomeçar suas vidas.
“Conquistamos essa reunião e estávamos em negociação quando a GCM invadiu a ocupação de mulheres Helenira Preta II deixando do lado de fora uma companheira nossa que mora no imóvel com cinco crianças há sete meses. Isso foi claramente para mandar um recado para o movimento, pois invadiram sem nenhum amparo jurídico”, explicou Gabriela.
Segundo a coordenadora, nas duas casas são oferecidos acompanhamento com psicólogos para o atendimento das mulheres vítimas de violência e também é oferecida uma creche para moradores de vários da periferia de Mauá e os espaços ainda contam com biblioteca. “São espaços que estavam ociosos há mais de dez anos, inclusive a vizinhança nos apoia porque antes o local estava abandonado, sujo e era usado apenas para o uso de drogas. Ocupamos os espaços até para a prefeitura e o governo do Estado olhassem para essa questão e tentamos inclusive colocar o Helenira Preta dentro do conjunto de políticas de atendimento do poder público”, explicou.
A mulher que morava no espaço Helenira Preta II, na Vila das Mercedes, foi abrigada em outro espaço, mas ficou sem suas roupas, remédios e objetos pessoais. Segundo Gabriela Torres, desde sábado (05/03) os dois movimentos sociais tentam uma agenda com a prefeitura, sem sucesso. “Tudo o que a gente quer é garantir uma negociação, afinal são 200 famílias que estão nessa situação”, conclui a coordenadora.
Ironicamente o espaço que atende mulheres foi fechado por uma viatura da Patrulha Maria da Penha, o mesmo tipo de viatura da GCM especializada em atender casos de violência contra a mulher. O caso também aconteceu três dias antes do dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. A prefeitura de Mauá foi procurada pelo RD, mas até o fechamento desta reportagem não se posicionou.