São diversas as desigualdades encontradas no Brasil, dentre elas está a de gênero, foco de discussão no Dia Internacional da Mulher, celebrado anualmente em 8 de março, e que traz à tona questões sociais e culturais ligadas a participação feminina, seja no mercado de trabalho quanto na família e na vida social. Os incentivos da família para que a mulher possa se colocar na sociedade, bem como a importância da educação na formação de homens e mulheres com relação ao respeito, foram pontos debatidos, durante o RDtv desta segunda-feira (7/3).
Para Raquel Galinatti, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp), a família é a base para ações de fomento à igualdade de gêneros. “A partir do momento que a criança aprende em casa os valores e a igualdade de direitos entre meninos e meninas, teremos um novo olhar, teremos meninos e meninas se respeitando”, afirma ao defender que as mulheres devem se libertar também dos conceitos machistas ensinados pela sociedade. “Quando brigamos com o marido ou namorado, temos a tendência de buscar qual motivo nós demos para o acontecimento. Nós culpamos a vítima e não o agressor. Temos que mudar o pensamento, romper barreiras e isso começa na família e com ajuda da escola”, ressalta.
O debate envolveu também outras duas profissionais: Lucineia Sarti, psicopedagoga e diretora da escola Pingo de Gente, e Juliana Borges Saracuza, coordenadora médica da urgência e emergência e coordenadora do SAMU de Santo André, que foram unânimes em defender que a educação é a base para acabar com o machismo. “Precisamos ensinar crianças e adultos a lidar com o tema. A opinião de uma pessoa não pode nos limitar. Toda educação é importante seja em casa, na escola, na saúde, na comunidade. Temos que ensinar as meninas a se posicionar e buscar o que elas querem, independente do que os outros vão achar”, aponta Juliana.
Segundo Lucineia Sarti, as informações que as crianças aprendem até os sete anos serão levadas por toda vida. “Tenho compromisso com a educação, mostrar valores e respeito, que é digno do ser humano. Temos propostas educacionais muito boas para ensinar aos alunos. Acredito muito na educação como base de tudo”, explica a psicopedagoga. “A mulher precisa entender o seu valor. Ela é guerreira, conquistadora e corajosa”, acrescenta.
No trabalho
Já na área profissional, Juliana, que também foi jogadora de vôlei, relata que passa por situações incômodas, como brincadeiras e comentários, além da dificuldade de inserção em algumas situações do mercado de trabalho. “Senti mais dificuldade na medicina esportiva. Percebi que médicas não eram levadas aos campeonatos e eu queria muito participar, então insisti e consegui. Hoje mais mulheres participam e para mim foi uma conquista muito importante”, relata Juliana. “Não é para ter um biotipo ou um gênero para uma determinada profissão, a escolha deve ser feita por capacidade técnica”, afirma.
Raquel também enfrenta desafios profissionais. À frente do Sindpesp, a delega relata momentos difíceis, que classifica como exaustivos. “Me perguntam se eu represento as delegadas e respondo que não, eu represento todos os delegados do Estado de São Paulo. Nessa categoria as mulheres são apenas 10% e eu represento a todos”, afirma ao lembrar que em eventos já foi convidada a compor a mesa e embelezar o ambiente. “Nessa situação eu respondo: muito obrigada que você me ache um adorno de mesa, mas hoje estou aqui para representar os profissionais e dar voz a todos eles”, conta.
Dia da Mulher
O Dia Internacional da Mulher surgiu no ano de 1909, em Nova York, por conta de uma jornada de manifestações por igualdade dos direitos civis e em favor do voto feminino. Atualmente, apenas 100 países aderiram a data, instituída pela ONU (Organização das Nações Unidas), em 1975, e promovem ações de conscientização sobre o tema. A data é o símbolo da luta feminina por direitos.