Falta de vagas em creche ainda é dificuldade em Diadema

Secretária dirige GT de Educação no Consórcio (Foto: Marciel Peres)

À frente da Secretaria de Educação de Diadema desde 2009, Lucia Helena Couto, também diretora do GT (Grupo de Trabalho) Educação do Consórcio Intermunicipal do ABC desde o início deste ano, destaca os desafios e as prioridades de suas gestões. O principal gargalo das pasta é o déficit de vagas em creches, em Diadema (3,2 mil) e no ABC (18 mil), além da falta de recursos.

Com 400 mil habitantes, Diadema tem 55 escolas, onde estudam 32 mil alunos, 15 mil só na educação infantil (0 a 5 anos), 11 mil no ensino fundamental (6 a 10 anos) e 6 mil no ensino de jovens e adultos. É com receita de R$ 136 milhões, 18% superior a 2010, que Lucia busca avançar na Educação do município. Leia os principais trechos da entrevista ao Repórter Diário:

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Repórter Diário: Como está o processo de municipalização do ensino em Diadema?
Lucia Helena Couto:
O processo começou em 2009, quando municipalizamos quatro escolas. Em 2010 foram mais cinco e esse ano municipalizamos uma escola. Foi a estratégia que adotamos para reorganizar toda a rede. Tínhamos muitas crianças de quatro e cinco anos fora da escola (crianças da pré-escola) e estávamos implantando ensino fundamental de nove anos. Passando essas escolas para a rede municipal, nós teríamos o controle da distribuição dessas crianças. Foi uma decisão acertada. Hoje nós atendemos todas as crianças de cinco anos que procuraram as escolas. Ainda temos demanda a ser atendida, mas evoluiu muito o atendimento nestes últimos três anos.

RD: Qual é o déficit educacional em Diadema?
Lucia:
Nós fechamos as matrículas no início do ano com 5,3 mil crianças inscritas e temos cerca de 3,2 mil crianças em lista de espera.Vamos reabrir as inscrições em agosto e a tendência é aumentar a lista de espera.

RD: A fila de espera vem diminuindo?
Lucia:
Em 2001, quando comecei a participar da Secretaria (era diretora de Educação), tínhamos cerca de 10 mil crianças na espera. Já chegamos a ter 13 mil crianças na lista. Com toda organização, com todos os projetos de atendimento em expansão, hoje estamos na casa de 3,2 mil.

RD: O que falta para zerar?
Lucia:
Capacidade financeira. Esse é o grande problema dos municípios no que diz respeito às creches. Estamos contanto hoje com apoio do governo federal, que já disponibilizou construção de creche para Diadema. Aprovamos cinco creches. No PAC 1 foi uma creche, que agregamos ao PAC Naval e agora no PAC 2 temos aprovação de mais quatro, sendo três creches e uma pré-escola.

RD: Quais são os resultados do Programa Mais Educação?
Lucia:
Aderimos ao programa em 2009 junto com a União e começamos na região Eldorado/Inamar, porque resolvemos que é preciso investir mais tempo dessas crianças num ciclo de alfabetização. As crianças de 5 a 8 anos ficam oito horas na escola. Agora nós precisamos reinventar, porque nossas escolas são superlotadas, então não dá para deixarmos as crianças mais tempo dentro de uma escola superlotada. Uma das alternativas que encontramos foi buscar outros espaços na comunidade que possam acolher essa criança. A ideia, agora, é estruturarmos tudo isso para que se torne política pública e deixe de ser projeto.

RD: Quais são os projetos de Diadema na educação?
Lucia:
Um dos programas que a gente tem estruturado é a questão da leitura, com o Ler Mais. É um programa que organiza estratégias de leitura sistematizada, não só a constituição das salas de leitura, mas também caixas de leitura nas salas de aula. A ideia é que cada professor tenha uma caixa com 60 títulos. Assim, se tem uma sala de 30 alunos, no final do ano cada criança lerá 60 títulos. Também conseguimos implantar na Secretaria compra sistemática de material pedagógico, como livros e jogos, para enriquecermos as aulas.

RD: Há investimento focado em informática?
Lucia:
O projeto de informática ainda é um grande desafio. Acho que nós só vamos desvendar a questão digital quando tivermos um computador por criança e os professores estiverem preparados para trabalhar, porque do contrário será mau uso da tecnologia.

RD: De que forma a Prefeitura investe no professor?
Lucia:
Começamos a desenhar nosso Plano de Carreira no início de 2009 e reorganizamos todas as jornadas de trabalho dos professores, que passaram a ter carga e tempo maior de planejamento. Estamos discutindo todo plano de carreira, que deve ser enviado à Câmara até fim do ano. Fora isso, aprovamos no meio do ano a isonomia salarial. Hoje, em Diadema, todos os professores que têm ensino superior ganham cerca de R$ 13 hora/aula.

RD: Quais são as prioridades do GT Educação do Consórcio Intermunicipal?
Lucia:
Quando assumi, no começo do ano, levantamos as pautas principais. Uma questão que afeta quase todas as cidades, tirando São Bernardo e São Caetano, é o atendimento das crianças de seis anos nas escolas municipais. Com implantação do ensino fundamental de nove anos, as prefeituras que dividem o atendimento das series iniciais com o Estado acabaram ficando com todas as crianças de seis anos.

RD: Como resolver isso?
Lucia:
Se compartilharmos o atendimento com o Estado, conseguiremos avançar no atendimento da pré-escola (crianças de 4 e 5 anos). Essa foi uma das pautas que incluímos no encontro com o secretário adjunto (João Cardoso Palma Filho). O Estado vai reorganizar seu atendimento para absorver essas crianças de 6 anos. Isso está no acordo que vamos estruturar nas próximas reuniões.

RD: Há outras demandas?
Lucia:
Uma segunda pauta era a questão do transporte das crianças portadoras de deficiência. Hoje, todo o transporte para este público especial é feito pelas prefeituras. Queremos dividir com o Estado o custo deste transporte.

RD: No âmbito federal, quais são as reivindicações?
Lucia:
Os sete prefeitos tiveram encontro com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e também apresentaram pauta com pontos da educação, um deles era investimento em creche. Atualmente, temos um déficit de 18 mil crianças em lista de espera no ABC.

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