Ibovespa resiste a novo dia negativo em NY e sobe 1,19%, a 112,6 mil pontos

Assim como Nova York, com os três índices de lá revertendo ao negativo, o Ibovespa perdeu parte da força ao longo da tarde, após ter chegado a testar a linha de 113 mil pontos no melhor momento do dia. Ao fim, a referência da B3 ainda mostrava boa alta de 1,19%, aos 112.611,65 pontos, o terceiro avanço consecutivo, em recuperação ante a última segunda-feira, quando encerrou aos 107,9 mil pontos. O ganho acumulado na semana está em 3,37% e a retomada no mês chega a 7,43%, com o índice parecendo a caminho de seu melhor desempenho desde dezembro de 2020 (9,30%), já superando o de maio de 2021 (6,16%), o melhor do ano passado.

Na máxima desta quinta, no começo da tarde, o Ibovespa chegou aos 113.057,03 pontos, em alta de 1,59%, o melhor nível intradia desde 19 de outubro, então aos 114,4 mil. Nesta quinta, saiu de mínima na abertura aos 111.302,93 pontos, com giro financeiro a R$ 35,4 bilhões no encerramento. O fechamento desta quinta, aos 112,6 mil, segue como o melhor desde 18 de outubro (114.428,18 pontos).

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Enquanto os principais índices europeus encerraram o dia em terreno positivo, com ganhos de até 1,13% (Londres), as referências de Nova York continuam a refletir um grau maior de cautela sobre a economia americana, no momento em que o Federal Reserve tem emitido sinais claros quanto a uma orientação mais restritiva para a política monetária, com provável aumento de juros em março.

O banco ING avalia que há uma chance real de os Estados Unidos registrarem contração do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2022. “Como os gastos do consumidor em janeiro provavelmente não mostrarão melhora significativa em relação a dezembro, estamos projetando crescimento estável dos gastos do consumidor para o trimestre”, diz o banco em relatório a clientes.

Por sua vez, o BNP Paribas Markets 360 elevou projeção para a taxa básica de juros do Fed neste ano: a previsão foi de quatro para seis altas de 25 pontos-base em 2022. A instituição espera que os Fed Funds estejam na faixa de 2,25% a 2,50% ao fim de 2023, 25 pontos-base acima do previsto anteriormente. O economista-chefe global, Luigi Speranza, disse que esta nova projeção traz desafios para a perspectiva ‘bullish’ nas ações dos EUA. “No entanto, não é suficiente para descarrilar de forma independente se o crescimento dos lucros continuar forte, em nossa opinião.”

“O tom do comitê de política monetária do Fed, ontem, foi mais duro e contracionista, com sinalização de aumento da taxa de juros no curto prazo, após os Estados Unidos terem encerrado 2021 com inflação a 7%. É o grande dilema: aumento de juros vai rebater na atividade econômica; como combater a inflação sem obstruir muito o nível de atividade?”, observa Túlio Nunes, especialista de finanças da Toro Investimentos, chamando atenção para os rendimentos de 10 anos dos títulos americanos batendo quase 2% após a comunicação do Federal Reserve.

“Os investidores ainda (estão) avaliando uma série de incertezas que permaneceram após os anúncios do Federal Reserve na tarde de ontem”, aponta em nota a Guide Investimentos, destacando que o Fed abordou “os temas de alta de juros e redução do balanço, mas trouxe poucos detalhes”.

“Elevar os juros não chega a ser novidade. Era pra ser neutra a reação do mercado, mas ficou em aberto a sinalização de quantos aumentos de juros haverá este ano e quando o balanço patrimonial do Fed vai começar a ser reduzido, balanço que cresceu bastante durante a pandemia para estimular a economia – e o mercado fica agora com medo, com relação à pressão vendedora de alguns ativos”, diz Natalia Monaco, estrategista da Veedha Investimentos.

Ela destaca, por outro lado, a “grata surpresa” proporcionada nesta quinta pela “forte” elevação do PIB americano em 2021 e, ao longo de janeiro, o fluxo de ingresso de investimento estrangeiro na B3, a princípio por commodities e depois bancos, e que chega agora também às ações do varejo, dando sustentação à Bolsa mesmo em dias menos propícios em Nova York, como nesta quinta-feira.

Antes de perderem força, em boa parte da sessão, especialmente pela manhã, os índices de ações em Nova York conseguiram sustentar recuperação, repercutindo a expansão de 5,7% registrada pela economia dos Estados Unidos em 2021, aponta em nota a equipe de Research e Estratégia da Terra Investimentos. Foi a melhor taxa de crescimento para a economia americana desde 1984.

Na B3, os ganhos que se mostravam bem distribuídos por setores e empresas de peso até o começo da tarde chegaram a dar lugar a desempenho misto, embora com alguma recuperação na reta final. No encerramento, o desempenho era positivo para siderurgia, à exceção de Usiminas PNA (-0,49%), assim como para Petrobras (ON +0,38%, PN +0,03%) e Vale (ON +0,23%).

Os grandes bancos, que também oscilaram entre ganhos e perdas ao longo da tarde, também se firmaram em alta no fim da sessão, com destaque para Santander (Unit +1,56%) e BB (ON +1,38%). Na ponta do Ibovespa, Magazine Luiza (+6,96%), Banco Inter (Unit +6,28%) e Via (+6,21%). No lado oposto, Intermédica (-4,70%), Hapvida (-3,43%) e Natura (-3,24%).

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