Com saúde sobrecarregada, Santo André reabre hospital de campanha

Hospital de Campanha do Complexo Pedro Dell’Antonia, que recebeu mais de 15 mil pacientes e foi desmobilizado em outubro.  (Foto: Helber Aggio/PMSA)

A Prefeitura de Santo André vai reabrir pelo menos um hospital de campanha por conta da sobrecarga do sistema de saúde. O anúncio deve ser feito até o fim de semana pelo prefeito Paulo Serra e pelo secretário Municipal de Saúde, Márcio Chaves. A providência vem para desafogar o sistema que, mesmo com as mudanças feitas para o atendimento de pacientes com influenza ou covid-19, ainda está sofrendo sobrecarga. Ainda não está definido se a prefeitura vai reabrir o atendimento no Complexo Esportivo Pedro Dell’Antônia ou se vai reabrir o hospital que funcionou na UFABC (Universidade Federal do ABC), ambos fechados no ano passado.

“Por enquanto o nosso sistema ainda aguenta, pois estou com leitos suficientes, mas o nosso hospital está cheio e estou liberando leitos para atender os pacientes com covid e com influenza, na próxima semana vamos reabrir o hospital de campanha”, disse Chaves sem detalhar qual dos três hospitais que a cidade manteve no ano passado seria reaberto, nem com quantos leitos.

Newsletter RD

Desde a primeira quinzena de dezembro hospitais e unidades de saúde de todo o ABC e Grande São Paulo sofrem com filas para atendimento efeito, dizem os especialistas, das festas de fim de ano e da variante ômicron que é mais contagiosa. Segundo o último boletim “Coronavírus – Covid-19” da Prefeitura de Santo André, publicado segunda-feira (17/01), haviam 188 pacientes internados com covid-19, a maioria, 125 deles, em hospitais particulares. Do total 94 pacientes estavam internados em UTIs. A ocupação das unidades de terapia intensiva já é ligeiramente maior do que a ocupação das enfermarias. A ocupação só na UTI do CHM (Centro Hospitalar Municipal) estava em 87% na data. O município confirma 3.211 mortes por covid-19, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.

Santo André chegou a ter dois hospitais de campanha, o primeiro foi aberto em abril de 2020 no Complexo Esportivo Pedro Dell’Antonia com 190 leitos. O local chegou a ter 98% da capacidade ocupada e por lá passaram 15.550 pacientes, sendo que 15.294 tiveram alta. Esse hospital foi fechado no dia 28 de outubro do ano passado.

O outro Hospital de Campanha de Santo André foi montado na UFABC, em 11 de junho de 2020 e funcionou até o dia 29 de julho de 2021. O local inicialmente tinha 110 leitos, mas depois foi necessária a abertura de mais 80. O equipamento chegou a ter 95% de ocupação e atendeu, durante todo o tempo em que funcionou, 3.827 pacientes, destes 3.757 tiveram alta.

Espera

Diogo Bispo dos Santos, de 36 anos, é morador de Santo André e está internado na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Bangu com diagnóstico de covid-19 e sob tratamento com respirador. Santos contou ao RD que está desde a noite de segunda-feira (17/01) à espera de transferência para a Santa Casa ou o CHM (Centro Hospitalar Municipal) para fazer tomografia e dar sequência ao tratamento. Quando conversou com a reportagem, às 14h desta terça-feira (18/01), o paciente já aguardava havia mais de 14 horas pela remoção. A Prefeitura sustenta que há outros pacientes mais graves em uma fila de classificação de risco.

Desde o dia 13 deste mês, quando teve febre alta e sintomas gripais, que Santos está com diagnóstico de covid. O paciente conta que fez um teste particular na farmácia e deu positivo. Com isso, passou por atendimento no posto de saúde Moisés Fucs, na região onde mora, foi medicado com anti-inflamatório e antitérmico e voltou para casa. No domingo, a febre não baixou e passou a sentir falta de ar, foi até a UPA Bangu novamente medicado e voltou para casa. Santos conta que piorou na segunda-feira à noite e voltou para a UPA onde está internado.

“Estou aguardando transferência há quase 14 horas e estou falando com muita dificuldade. Agora, há duas horas (por volta do meio-dia) saiu a vaga, mas estou até agora esperando ambulância”, relatou à reportagem.

O secretário de Saúde de Santo André, Márcio Chaves, disse que o paciente está sendo tratado e que a Prefeitura tem um plano de contingência que é baseado nas UPAs de referência para covid-19, a Bangu e a da Vila Luzita. “Só vai levar para o hospital os casos de urgência, estou com o hospital lotado e liberando leitos para pacientes com síndromes gripais e covid. No caso desse paciente ele está medicado e com suporte de oxigênio. As duas UPAs têm 50 leitos para essa situação e todos os leitos com suporte de oxigênio, as unidades têm inclusive leitos de UTI e o equipamento delas é igual ao equipamento do CHM e é a mesma equipe também”, disse o chefe da Pasta.

Chaves disse ainda que há uma escala de gravidade de todos os pacientes, o chamado “score”, através do qual são priorizados os pacientes mais graves. “Se o paciente precisa do exame para um diagnóstico, ele vai fazer mas tem de respeitar essa escala e também a agenda do tomógrafo, que não atende só os casos de covid, mas todos os outros casos”, justificou.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes