Uma pesquisa feita pelo Procon de São Paulo com lojas online mostrou diferenças de preço entre uma loja e outra de até 381%. A dica de ouro é pesquisar produtos e evitar aqueles licenciados com personagens que estão mais na moda e, por isso, tendem a ser mais caros. O órgão de proteção também constatou que, no comparativo com a pesquisa realizada um ano antes a alta de preços foi de 15,96% no preço médio, acima da inflação 11,12% medida pelo IPC-SP (Índice de Preços ao Consumidor de São Paulo) da FIPE.
A pesquisa do Procon-SP foi realizada em oito sites constatou diferenças expressivas em diversos itens. A maior diferença encontrada foi de 381,11%: a caixa com 6 cores (90g) da massa de modelar Abelhinhas Soft, da marca Acrilex, que era vendida em um local por R$ 12,99 e em outro, por R$ 2,70; o preço médio apurado foi de R$ 4,83.
O Procon pesquisou os seguintes produtos no período de 07 a 10 de dezembro de 2021: apontador, borracha, caderno, canetas esferográfica e hidrográfica, colas em bastão e líquida, giz de cera, estojo de lápis de cor, lápis preto, lapiseira, marca texto, massa de modelar, papel sulfite, refil para fichário, régua, tesoura escolar e tinta para pintura a dedo.
Para a comparação, foram considerados somente os itens comercializados em, no mínimo, três sites visitados, totalizando 79 produtos. Os sites verificados foram: Amazon, Americanas, Gimba, Kalunga, Lepok, Livrarias Curitiba, Magazine Luiza e Papelaria Universitária.
“A diferença de preço chega a ser escandalosa, o consumidor precisa pesquisar antes de fazer sua compra. Mais do que nunca é preciso unir forças e quando os pais se juntam, o poder de compra aumenta muito. Com isso é possível negociar melhores valores e todo mundo sai ganhando. Não aceite preços abusivos, busque outros estabelecimentos, faça compras online, mas não pague além do que a média praticada pelo mercado. A pesquisa que realizamos serve justamente para ajudar o consumidor nessa missão de encontrar os produtos com os melhores preços”, alerta o diretor do Procon, Fernando Capez.
A rede de lojas Armarinhos Fernando, que tem unidades em São Bernardo (rua Marechal Deodoro, 693 – Centro) e Santo André (rua General Glicério, 42 – Centro) informou, em nota, que a movimentação já é grande nas lojas, tanto que a rede já contratou mais pessoal para dar conta do movimento. Os preços subiram, mas a rede optou por reduzir a margem de lucro para garantir as vendas. “Tivemos aumento no material escolar, não tivemos um impacto muito grande porque as negociações foram favoráveis, o aumento ficou em média de 6%”, relatou a rede de lojas, que acrescenta que os produtos que tiveram mais aumento foram os cadernos. O Armarinhos Fernando ainda oferece descontos e parcelamento. “Nas compras acima de R$ 300, o desconto é de 5%. Acima de R$ 100 é possível parcelar em duas vezes sem juros e acima de R$ 300 em três vezes sem juros”.
Preços
O gerente da loja Miamor (rua Coronel Oliveira Lima, 280 – Centro de Santo André), Wellington Marques de Oliveira, disse que a procura já é muito grande na loja que tem ficado muito movimentada todos os dias. A loja também contratou pessoal extra para dar conta do movimento. “Agora as famílias estão comprando o essencial, comprando cadernos menores e o material básico, depois quando começarem as aulas é que vão ver como vai ficar e aí compram o restante”, explica. Segundo o gerente a loja conseguiu que os preços não aumentassem tanto na prateleira com negociação. “Tudo aumentou, mas a gente tenta sempre fazer o preço melhor, o sulfite, por exemplo que é um dos itens que mais vende, subiu mais de 10% comparando com o ano passado, os produtos que são importados subiram ainda mais, como por exemplo as mochilas”, comenta.
Mas quando a ordem é não perder venda, a Miamor procura oferecer todos os produtos de uma lista de material escolar. “Aqui temos clientes assíduos que sabem que temos tudo, assim ele não compra picado um pouco aqui outro pouco ali, porque além da facilidade isso também economiza tempo e dinheiro”, explica Oliveira. O gerente também explica que quem quiser economizar precisa evitar os produtos licenciados. “Um caderno de personagem de 400 folhas, por exemplo pode sair por R$ 60. Por outro lado, um caderno de 200 folhas e 10 matérias pode sair a partir de R$ 12,90 e também é um caderno muito bom”, recomenda.
A facilidade de pagamento também passou a ser item indispensável na compra de material escolar. A Miamor divide o pagamento em duas vezes nas compras à partir de R$ 50 e em seis vezes sem juros naquelas acima de R$ 250. Tudo isso já ajuda o ano de 2022 começar melhor que o ano passado. “Em 2020 não sofremos tanto porque o material escolar já estava comprado quando estourou a pandemia, mas 2021 foi muito parado. Esse ano já estamos faturando uns 40% mais do que no ano passado”, conclui Oliveira.
Parcial
Segundo Marina Silvério, moradora de São Bernardo e mãe de duas crianças em idade escolar – uma que começa agora o terceiro ano e outra no sexto ano do Ensino Fundamental – a pesquisa é indispensável. Ela até começou a comprar algumas coisas no ano passado, esperava usar o décimo terceiro salário para isso, mas acabou usando para outras necessidades. Ela ainda vai comprar o restante, mas está surpresa com os preços. “Recebi a lista em dezembro e já comecei a pesquisar, mas me planejei para comprar agora este mês de janeiro”, disse.
Marina pretende comprar uma parte da lista de material para tentar economizar. “Vai ser só parcial, depois vou comprando o que faltar, é só para começar o ano mesmo”, explica. Ela também vai reaproveitar todo o material do ano passado que ainda pode ser utilizado como réguas e tesoura, por exemplo, tudo para que o material escolar não pese tanto no orçamento familiar. “Eu sempre faço a lista de material dos meus filhos e eu nunca vi preços tão altos assim. Uma caixa com 24 lápis de cor de boa qualidade sai por quase R$ 40. Antes eu comprava canetas de R$ 0,30, agora não tem por menos de R$ 1; uma cola bastão média custa quase R$ 10” diz assustada. “Tem ainda material para as aulas de artes, como canetas especiais que são muito caras”, disse a mãe que prevê gastar aproximadamente R$ 350 em cada uma das listas.
Apesar de considerar que as coisas estão caras, Marina pretende reservar um pouco de dinheiro para comprar um ou outro caderno com personagens para os filhos. Ela diz que isso faz parte da infância e ajuda a estimular o interesse pelo estudo. Outro item que ela pretende investir neste ano e que é um dos mais caros são as mochilas. “Eu comprei em 2019, eles usaram bastante, ano passado. por causa das aulas online elas duraram um pouco mais, mas agora não tem como fugir e vou ter que comprar, o problema é que uma mochila boa custa o preço de uma mala de viagem”, comenta. Para dar conta, além de cobrir parcialmente a lista, Marina pretende parcelar o valor.