
Mesmo com a retomada das celebrações de fim de ano, o movimento em bares e restaurantes da região está abaixo do esperado, comparado ao mesmo período de 2019 (em 2020, os estabelecimento estavam fechados por conta das medidas de combate à covid-19, adotadas em todo País). A aposta dos empresários estava nas tradicionais confraternizações corporativas, de amigos ou famílias, mas não deram o retorno esperado.
Esse foi o cenário encontrado pelo empresário Francisco Montiani Martins, conhecido como Kiko, dono do pub Old Town, em Santo André. “As minhas primeiras e poucas confirmações aconteceram por volta do dia 10 de dezembro. A movimentação de fim de ano ficou em cerca de 40% abaixo do esperado. Estou apreensivo por 2022, a movimentação está muito baixa”, explica. Segundo o Sehal (Sindicato das Empresas de Hospedagem e Alimentação do Grande ABC), em geral, os estabelecimentos incrementam o faturamento no fim do ano em função dos eventos típicos dessa época.
Em São Bernardo, o cenário é parecido. O Brasa Bar e o pub Liverpool, que ficam na avenida Kennedy, recebiam eventos de grandes empresas e que não aconteceram neste ano. O dono dos estabelecimentos, Carlos Alberto Miranda, o Carlinhos, diz que conseguiu realizar apenas festas menores, o que não ajuda na recuperação do prejuízo do ano anterior, quando teve que fechar as portas devido às medidas de segurança da covid-19. “Este ano só fizemos eventos com até 70 pessoas. Antes fazíamos com, no mínimo, 150 convidados. As empresas que agendavam as confraternizações decidiram cancelar neste ano”, conta.
Os empresários ressaltam ainda o novo horário de funcionamento em algumas cidades da região. Em São Bernardo, o decreto municipal, em vigor desde 13 de dezembro, restringe o horário de funcionamento até as 2h da manhã. A medida foi adotada em função da nova variante ômicron no País. Para o empresário, a medida afasta consumidores, que migram para outras cidades. “Eu tenho no bar um anexo reservado para baladas que está fechado há 21 meses. O meu projeto era reinaugurar em janeiro, mas já desisti”, lamenta. O local recebia, antes da pandemia, mil pessoas por semana.
Na contramão, o restaurante Canoa Quebrada, em Ribeirão Pires, registrou um crescimento de cerca de 7%, com relação à 2019. “Comparado ao ano passado, por conta do isolamento causado pelo coronavírus em que ficamos fechados, o crescimento foi maior, cerca de 20%”, diz o dono do estabelecimento, Cesar Ricardo Santos Ferreira. Diferentemente dos outros anos, em 2020 as reservas para confraternizações no local se concentraram na semana do Natal e Ano Novo.
Para Ferreira, o crescimento se deu pela segurança gerada pela vacinação. E para garantir o conforto dos clientes, o empresário diminuiu a capacidade do salão e mudou o sistema de atendimento. “Hoje contamos com 220 lugares e concentramos o atendimento no formato à la carte. Fizemos contratações temporárias e estamos com boa expectativa para o início de 2022”, conta.
O empresário, que também é diretor do Sehal, ressalta que o crescimento não é a realidade da maioria dos estabelecimentos. “Temos ouvido muitos proprietários e, infelizmente, não conseguiram recuperar os prejuízos causados pela covid-19 e os atendimentos ainda não normalizaram”, afirma.
O presidente do Sehal, Beto Moreira, afirma que a categoria precisa de apoio e incentivo, já que teve o faturamento reduzido. “Os bares e restaurantes que costumam ser locais de encontro entre amigos e familiares estão sendo afetados mais uma vez”, lamenta o dirigente.