O IMT (Instituto Mauá de Tecnologia) ou simplesmente a Mauá, como ficou conhecido uma das mais importantes instituições de ensino superior do ABC está completando 60 anos, com a implementação de dois novos cursos, o de ciências da computação e sistemas de informação. Em entrevista ao RDTv Momento Econômico, o reitor da Mauá, José Carlos de Souza Júnior, relata que apesar de novos os cursos chegam não para desfazer o tripé de inovação já composto por Engenharia, Administração e Design, mas para completá-los. Ele também falou dos desafios da educação no momento atual e o que mudou na formação dos futuros profissionais.
Souza Júnior foi entrevistado pelo jornalista Leandro Amaral e pelo empresário Alan Camargo e começou falando sobre as mudanças no ensino de hoje em dia, que foca mais nas habilidades que um profissional tem que ter para se conectar a outros profissionais como ele ou de outras áreas para a solução de problemas. “O mercado quer a formação de um profissional que, além de conhecimentos técnicos, consegue ter habilidades socioemocionais para trabalhar em equipe, para superar esses desafios que aparecem de maneira meio que inconcebível, como uma pandemia que te pega de surpresa. Se você não tiver jogo de cintura, habilidade ou poder de negociação e de concentração você dificilmente supera, mesmo tendo os conhecimentos técnicos. A gente percebe que as empresas procuram esse profissional que, além de técnico, se dá bem com as questões sociais ou socioemocionais”, diz o reitor.
O professor da Mauá também falou sobre a nova realidade do ensino remoto e híbrido. “A Mauá vinha há tempos trabalhando com essa nova realidade do ensino remoto. Hoje o aluno compartilha espaço na hora do estudo com pais e irmãos. São realidades diferentes que se exige uma maturidade que não é comum. Temos duas psicólogas que nos dão suporte na universidade e o maior desafio é comportamental, de não estar mais o tempo todo com os colegas, nessa parte foi necessário dar suporte, mas também houve um amadurecimento muito grande, para fazer a gestão de si mesmo. Estudar em casa exige muito mais disciplina do que vir para a escola”.
Sobre os novos cursos, o professor diz que eles vem para completar o que o mercado vem exigindo dos novos formados. “Não tínhamos cursos específicos na área de TI, então lançamos o ciências da computação e o de sistemas de informação pela demanda que o mercado que tem exigido muito. ~É uma formação diferente do engenheiro de computação”, explica.
A formação no século XX visava formar um cidadão que talvez pudesse passar uma vida em uma empresa. Isso mudou à partir da virada do século com os profissionais preparados para fazer carreira passando por várias empresas, já a visão de hoje é a de formação de profissionais que podem até mudar de carreira. “Posso começar a carreira como engenheiro, depois eu viro gestor e pode ser que mais para a frente eu possa virar empreendedor ou posso virar um youtuber, a carreira pode mudar. Nosso objetivo é dar uma formação para esse jovem que seja bastante flexível, de poder de fazer conexões e ele mudar a forma como resolve problemas, se conectando a outras competências. Não dá para adivinhar qual vai ser a carreira que ele vai ter daqui dois ou três anos, mas podemos embutir neles algumas habilidades que são transversais, como por exemplo data analítics, precisa ter uma boa noção do que é tratar dados, seja engenheiro, jornalista ou gestor. Tem algumas habilidades que você tem que colocar na cabeça desse jovem porque com elas que ele vai conseguir comutar para as carreiras que vão surgir daqui a pouco”, comenta o reitor da Mauá.
Souza Júnior também falou sobre o tripé de inovação que é a base da Mauá. “Para resolver o problema do nosso ponto de vista tem que abordá-lo de três fases, a solução técnica, mas não basta, porque às vezes ela não é suficiente para resolver, então eu tenho que ter um segundo ponto de vista que é o modelo de negócio ou habilidade financeira; o arcabouço jurídico, pois eu eu posso ter uma solução técnica perfeita, mas que causa um monte de impactos ambientais ou que não funciona, ou ainda, que é muito cara. E tem o terceiro ponto que é a experiência do usuário; muitas vezes você pega um software desenvolvido por engenheiro que não consegue usar de tão complicado que é. Por isso que a Mauá é formada por engenharia, administração e design. Eu não saio do tripé com esses novos cursos. Ciência da computação é um curso muito forte em solução técnica e o de sistemas de informação mexe muito com gestão e com estrutura. Os cursos se encaixam e sempre complementam esses pontos de vista”.
A Mauá tem desenvolvido projetos tanto com empresas como também com administrações públicas a exemplo do estudo sobre mobiliário urbano para a prefeitura de Santo André. “Queremos trazer o poder público e as empresas mais presentes porque eles têm problemas e a gente tem pessoal que pode ajudar a resolver. É importante para o nosso aluno viver essa realidade é uma baita experiência”, concluiu o reitor