O ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), participou nesta sexta-feira (3/12) de um evento para a exibição do filme Marighella, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo. Durante seu discurso, que durou cerca de 30 minutos, o petista falou sobre a democracia, a luta pelos direitos dos trabalhadores, a falta de heróis na história do Brasil e fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), inclusive, afirmando que o atual mandatário da nação “não crê em Deus”.
A fala aconteceu após o discurso do ator Henrique Vieira, que também é pastor da Igreja Batista do Caminho. Vieira relembrou que os evangélicos foram considerados como os principais pontos de apoio para Bolsonaro em 2018, e que a esquerda deveria apontar um caminho de conversa e união, ao invés de uma demonização deste grupo.
Lula elogiou Henrique, e relatou que tal discurso deveria ser repetido por mais integrantes da religião. Na sequência acabou falando sobre Bolsonaro. “Temos a obrigação de convencer a sociedade brasileira que Bolsonaro não crê Em Deus, não acredita em Deus e não pratica nenhum ensinamento que está na Bíblia. Ele, na verdade, é tudo ao contrário do que a Bíblia nos ensina. Mas é importante que sejam vocês, evangélicos, para falar, porque muitas vezes nós que somos leigos, se falarmos, as pessoas não entendem”, disse Lula.
Jair Bolsonaro foi citado em outro momento, quando Lula relatava que ao participar do processo que terminou com a Constituição de 1988, nunca teria passado por sua mente a ideia de que haveria qualquer tipo de retrocesso, mas que considerava que o atual comando do Governo Federal gerou esse processo.
O ex-presidente da República também lembrou a história de Carlos Marighella (1911-1969) e considerou que assim como no filme dirigido por Wagner Moura, há uma “necessidade” de transformar outras pessoas que morreram durante a ditadura militar em heróis ao invés de vítimas.
“O Marighella foi uma das poucas pessoas que foram assinadas pelo regime militar que conseguimos transformar em um símbolo, em um herói, porque muitos outros que morreram ficaram desconhecidos e ao invés de transformá-los em heróis, transformamos eles em vítimas. Um momento muito grande foi feito nesse país, que resolveu transformar Marighella em um herói nacional”, concluiu.
Após o discurso, Lula deixou a sede do Sindicato dos Metalúrgicos para o descanso do final de semana. Na semana que vem terá o início das gravações de um documentário sobre o ex-presidente, e na quinta-feira (9/12), o petista visitará a Argentina.