Ainda sem cura, o HIV exige atenção para o diagnóstico o quanto antes a fim de evitar a transmissão para mais pessoas, e realizar o teste todo ano para quem teve relação sexual sem uso de preservativo é a recomendação da médica Elaine Matsuda, coordenadora científica do HIV ABC e infectologista do Centro Médico de Especialidades de Santo André. Elaine ainda orienta que o teste seja realizado a cada 3 meses para quem se expõe mais.
Em entrevista ao RDtv, a infectologista comenta que a testagem rápida do HIV deve ser realizada como um hemograma de rotina, e que o preconceito seja deixado de lado, pois a Aids não pertence mais apenas a um grupo de pessoas. “Os estudos mostram que se começar a tratar a doença em até 100 dias da infecção, o reservatório do vírus escondido vai ter quantidade menor, então essa pessoa consegue tratar ainda dentro desses 100 dias e vai parar a cadeia de transmissão”, explica.
A doença é transmitida há 40 anos, e a evolução dos tratamentos deve ser comemorada, já que os pacientes podem levar uma vida normal com as medicações certas. “Hoje a gente dá um ou dois comprimidos e a pessoa leva uma vida normal, em nenhuma doença a evolução com relação de uma sentença de morte e vida normal foi tão rápida, mas ficamos muito tristes que muita gente deixa a doença evoluir e transmite por não saber que tem”., lamenta a coordenadora científica do HIV ABC.
O Brasil foi um dos primeiros países a realizar o tratamento de forma gratuita do HIV para toda a população por meio do SUS (Sistema Único de Saúde) e a médica comenta que desde 2015 o tratamento é realizado como forma de prevenção. “Precisamos de ações e incentivo ao diagnóstico, é importante a quebra do preconceito, temos que fazer o exame, tirar o estigma de doença marginalizada ou de alguns grupos”, diz. “O diagnóstico tardio compromete a sobrevida em até 5 anos e aumenta a chance de infarto e derrame”, salienta.
Neste ano, o ABC registrou aumento dos diagnósticos em 4 cidades (Clique aqui para ler) e Elaine informou que os números tendem a crescer mesmo, e é importante que haja mais testagem para que os diagnósticos sejam realizados e tratados. “A gente tem um iceberg que não conhecemos, pessoas que são positivas e não tiveram diagnóstico. No ano passado tivemos importante diminuição na testagem, o que diminui os diagnósticos”.
Um dos principais grupos que ocorrem o diagnóstico tardio, segundo a médica, são em homens e mulheres heterossexuais, que não realizam a testagem com frequência por muitas vezes pensar que a doença está atrelada apenas a população LGBT+, o que já deixou de ser apenas deste grupo e deve ter atenção de todas as pessoas.