Cautela com PMS, feriado e alguns balanços trazem instabilidade ao Ibovespa

O Ibovespa deve caminhar para uma segunda semana de valorização apesar da falta de direção do índice nesta manhã, após subir por dois dias consecutivos (ontem avançou 1,54%, aos 107.594,67 pontos). Até o momento, acumula alta semanal de 2,63%. Se por um lado o viés positivo dos índices futuros de Nova York entra como atenuante de queda, o recuo forte do petróleo e do minério de ferro no exterior limita ganhos.

Além disso, a fraqueza da atividade doméstica retratada na Pesquisa Mensal se Serviços (PMS), reforça cautela entre os investidores, ainda mais que na segunda-feira o mercado local não abrirá. Para completar, alguns resultados corporativos do terceiro trimestre ficaram fora do esperado e incomodam, especialmente num momento de pressão inflacionária forte no País.

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“Serviços vieram muito baixos queda. A expectativa com o feriado na segunda tende a deixar o investidor com o pé atrás. Ninguém vai querer ficar posicionado enquanto os mercados lá fora estarão abertos segunda”, avalia Caio Kanaan Eboli, sócio e diretor operacional da mesa proprietária Axia Investing.

Neste sentido, Luiz Carlos Correa, head de renda variável da Nexgen Capital, lembra do tão aguardado encontro entre o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e seu contraparte chinês, Xi Jinping. Os dois devem se reunir de forma virtual na segunda-feira.

Ainda que o cenário inflacionário no Brasil preocupe, podendo reforçar temores das empresas quanto aos próximos resultados, Correa pondera que, no geral, os balanços estão vindo bons. Inclusive, destaca, algumas companhias estão até anunciando recompra dos seus próprios ativos, mostrando que têm perspectivas de crescimento à frente. “Talvez as empresas estejam baratas em seus múltiplos.”

Em setembro, o volume de serviços caiu 0,60% ante agosto, abaixo do piso das estimativas no levantamento (-0,4% a 1,7%). Na comparação interanual, os serviços subiram 11,4%, também abaixo do piso das previsões (12%).

O recuo mensal reflete a inflação elevada, declínio da confiança do consumidor e maior proporção das despesas das famílias sendo deslocada do mercado de bens para serviços, analisa em nota Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.

“Os indicadores econômicos do Brasil continuam vindo ruins e a Bolsa nos últimos dias só melhorou em função dos Dis juros futuros e do dólar. Além do mais as perspectivas são ruins. O próprio ministro da Economia Paulo Guedes falou que os juros altos vão comprometer a recuperação”, afirma Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença.

Neste ambiente, mais do que os resultados do terceiro trimestre informados entre ontem e hoje por empresas brasileiras, deve ficar no radar a visão dos executivos e suas projeções para os próximos trimestres, em meio ao atual quadro inflacionário.

As varejistas concentram as principais atenções, dado que ainda tentam se recuperar dos efeitos da crise sanitária. Ontem, após o fechamento da B3, Magazine Luiza divulgou seu balanço. A empresa reportou lucro líquido ajustado de R$ 22,6 milhões, queda de 89% em relação ao apresentado no mesmo período de 2020. Além do resultado em si e como as ações da companhia avançaram ontem, reagem negativamente hoje. Às 10h56, lideravam a lista das oito maiores quedas do Ibovespa, cedendo 12,09%.

Já as demais varejistas que informaram dados ontem tiveram desempenho divergente. A Natura &Co registrou lucro de R$ 269,6 milhões no terceiro trimestre, um resultado 28,6% inferior ao do mesmo período de 2020. Já o lucro líquido consolidado da Americanas S.A. foi de R$ 240 milhões no período, alta de 568% em relação há um ano. No caso da Lojas Renner, a empresa saiu de prejuízo registrado entre julho a setembro de 2020, para lucro de R$ 172 milhões no terceiro trimestre deste ano. Os papéis de Americanas ON subiam 9,17%, assim como Lojas Americanas PN (8,65%). Já Lojas Renner ON cedia 2,06% e Natura perdia quase 11%.

Destaque ainda para B3, cujo lucro atribuído a acionistas atingiu R$ 1,17 bilhão no terceiro trimestre, alta de 3,4% frente ao mesmo intervalo do ano passado. Os papéis caíam 0,23%.

Às 10h58, o Ibovespa caía 0,14%, aos 107.445,42 pontos, ante mínima diária aos 107.145,87 pontos e máxima aos 107.914,62 pontos.

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