Desafio de Rosi de Marco é reduzir a falta de 800 vagas em creche de Ribeirão Pires

Secretária Rosi de Marco defende qualidade na aprendizagem (Foto: Marciel Peres)

Assim como ocorre em outras cidades da região, Ribeirão Pires tem como principal meta para os próximos anos acabar ou ao menos diminuir o déficit de vagas nas creches. Atualmente, a fila de espera é de 800 crianças. Com rede de aproximadamente 8 mil alunos, o sistema municipal de ensino tem a parceria do Instituto Ayrton Senna, que auxilia na avaliação e na melhora do índice de alfabetização.

Comandada pela secretária Rosi Ribeiro de Marco, pedagoga que já atuou como diretora, supervisora e coordenadora na rede estadual, a pasta conta com orçamento de R$ 39 milhões neste ano – R$ 9 milhões a mais que em 2010 –, em que as principais ações serão construção e ampliação de creches. “Não pensamos apenas na infraestrutura, mas na qualidade do aprendizado e desenvolvimento da criança, pois acreditamos que escola não é um depósito de crianças”, destaca. Entre as novidades apresentadas por Rosi, destaque para possível instalação da Fatec na cidade. Confira parte da entrevista exclusiva concedida ao Repórter Diário:

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Repórter Diário – Qual o atual cenário da Educação em Ribeirão Pires?
Rosi Ribeiro –
Nossa rede é formada por 31 unidades escolares, delas 17 são creches, que atendem em período integral, e 14 de ensino infantil e fundamental. O grande foco de atendimento da Prefeitura é educação infantil. Nosso atendimento é de aproximadamente 8 mil alunos. Temos um déficit muito grande de vagas, principalmente nas creches. Temos isso como um grande gargalo. Neste período da atual administração, aumentamos em quase 100% o número de alunos: eram 4 mil há alguns anos e agora já são 8 mil. Abrir uma sala de período parcial para 25 crianças onde tem apenas um professor é uma coisa. Já na creche, para cada seis alunos é necessário um educador. Assim, o custo é muito mais elevado, por isso o problema de ampliar as vagas. Além de toda parte de estrutura, nossa preocupação é com o desenvolvimento da criança, pois entendemos que creche não é depósito de criança.

RD – De quanto é o déficit nas creches atualmente?
Rosi –
Hoje, só nas creches, estamos com uma lista de espera de cerca de 800 crianças.

RD – Como zerar esta fila?
Rosi –
Nós temos um compromisso com o Ministério Público e entre setembro e outubro deste ano abriremos mais uma creche. Além disso, nos próximos meses abriremos outro equipamento em parceria com o governo federal. Nosso compromisso com o MP, por meio de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), é conseguir criar ao menos 400 vagas até o fim deste ano. Já estamos com duas creches em ampliação, então vamos entrar em 2012 com a garantir destas vagas. Temos também mais dois projetos, sendo uma para o lado de cima da cidade, que é onde há grande demanda.

RD – Com estes novos equipamentos será possível zerar a fila de espera?
Rosi –
Não vamos conseguir, não tenho esta ilusão. Estive recentemente conversando com o juiz responsável pelo Fórum da cidade (Glauco Costa Leite) e ele me disse que melhoramos a qualidade do ensino, que houve um significativo avanço, mas que isso ainda não é suficiente para acabar com a espera. Isso porque existe a questão financeira das pessoas, pois em uma creche particular é possível gastar até R$ 1 mil, enquanto na municipal não gasta nada. Sendo assim, muitos pais tiram seus filhos das particulares e buscam vagas nas públicas.

RD – De quanto é o orçamento para a pasta neste ano?
Rosi –
Nosso orçamento em 2001 é de R$ 39 milhões. Houve grande trabalho para aumentarmos a verba proveniente do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação). Antes, o retorno do Fundo era de R$ 5 milhões. Agora em 2011 passamos para R$ 20 milhões. No ano passado o orçamento total da pasta foi de R$ 30 milhões.

RD – Diante desta constatação e da diferença da qualidade de ensino entre a rede municipal e a estadual, existe a projeção de municipalizar alguma escola?
Rosi –
Não, neste momento nenhuma, pois nossa preocupação é com a qualidade, não adianta neste momento abraçarmos uma rede estadual. Todos os alunos do primeiro ano estão nas nossas redes, sendo que esta é uma obrigação do Estado, pois desde 2010 o Estado tinha de assumir o antigo pré, mas não assumiu. Em conversa com o secretário adjunto do Estado houve avanço para que o governo assumisse ao menos parte desta primeira série. Parece que teremos novidades.

RD – Existe alguma conversa para que o município receba um braço da UFABC (Universidade Federal do ABC)?
Rosi –
Não conversamos com a questão federal, mas conversamos com o Estado e conseguimos a ida da ETEC para Ribeirão Pires, que está sendo ampliada. Há uma fala para a instalação de uma Fatec.

RD – Como funciona a parceria com o Instituto Ayrton Senna?
Rosi –
Temos esta parceria desde 2007. Nosso índice de alfabetização daqueles alunos que saiam da antiga primeira série era de aproximadamente 70%, muito a quem do que desejávamos. No meio de 2007 tínhamos a intenção de melhorar a qualidade de alfabetização e oferecer boa formação. Então conhecemos o Instituto e dois projetos desenvolvidos por ele: o Circuito Campeão e o Gestão Nota 10, voltados para a área da alfabetização. Com todo esse trabalho, em 2009, em Ribeirão Pires, conseguimos elevar o índice para 95% de alunos alfabetizados. Este é um projeto sócioconstrutivista, a linha educacional seguida é construída em conjunto. (Aline Bosio, Airton Resende e Leandro Amaral)

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