Dados divulgados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) mostram que, somente em 2021, quase 300 mil pessoas perderam a vida em decorrência de problemas no coração. Assim, em celebração ao Dia Mundial do Coração (29 de setembro), e para reforçar a importância dos cuidados com a saúde cardiovascular, o cardiologista Antônio Carlos Palandri Chagas, professor titular de Cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC, alerta para a prevenção e reflete sobre o momento atual.
Em entrevista ao canal RDtv, o Chagas destaca que o coração é o órgão mais amplamente atingido no período de pandemia. Tem sido prejudicado em diversos aspectos, do ponto de vista afetivo, com internação e perda de entes queridos pela doença, comportamental, ansiedade, lidar com o contexto vivido, sedentarismo, alimentação irregular etc. “A pandemia foi um fator de grande risco para as doenças cardiovasculares”, explica o também presidente do Departamento de Aterosclerose da SBC.
O cardiologista, no entanto, ressalta que um outro aspecto de grande peso também contribuiu para grandes complicações. Muitas pessoas deixaram de procurar as instituições hospitalares e unidades de emergência quando estavam com dor no peito, dispneia ou falta de ar, momentos que realmente necessitavam ir ao pronto socorro. Com isso, diz, houve um aumento no número de mortes súbitas em casa.
O cardiologista relata que homens mais velhos eram vistos como o principal alvo das doenças cardíacas, no entanto, nos últimos anos esse perfil tem mudado. “Os mais jovens estão tendo problemas cardíacos, principalmente as mulheres, que têm sido acometidas por doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e hipertensão arterial”, afirma.
Prevenção
De acordo com o professor, a mudança está ligada à sobrecarga na rotina dos indivíduos. Mudanças de hábitos para um cotidiano menos saudável podem ser apontadas como algumas das principais causas do acometimento por essas doenças. “O mais importante de tudo é a prevenção da doença cardiovascular. Temos elementos para prevenir e sempre fazemos campanhas, junto aos órgãos governamentais, para que se invista na prevenção. Quando eu previno, vou evitar o gasto futuro e, até mesmo, evitar a perda de uma vida”, explica.
O médico salienta que, embora muitas vidas tenham sido perdidas, a atuação do SUS permitiu a obtenção de resultados satisfatórios no tratamento dessas doenças. “Morreram muitas pessoas, não há dúvidas disso, mas poderiam ter morrido muito mais não fosse a qualidade da medicina brasileira e o nosso sistema de saúde”, completa o cardiologista.