A incidência de casos de Alzheimer tem crescido com o passar dos anos, em acompanhamento à transição demográfica e envelhecimento populacional. Só no Brasil, foram registrados 1,2 milhão casos da doença este ano, e especialistas acreditam se tratar de sub notificações, uma vez que muitos pacientes possuem sintomas e não investigam. Assim, em entrevista ao RDtv, a neurologista e docente do curso de Medicina da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), Claudia Cristina Ferreira Ramos, fala da importância do diagnóstico precoce e cuidado com a saúde mental.
Para a especialista, o dia 21 de setembro, conhecido como Dia Mundial da doença de Alzheimer, vem como sinal de conscientização para a população. A doença é a causa mais frequente de demência, também denominada como transtorno neurocognitivo maior, condição em que há declínio das faculdades mentais, principalmente da memória, linguagem, capacidade de planejamento e do comportamento que interfere e impede a vida independente.
“Quando fazemos um diagnóstico tardio, não temos a oportunidade de melhorar os sintomas. Apesar de ainda não existir um tratamento irreversível para a doença, temos como tratar os sintomas, lentificando a evolução dos traços clínicos e ofertando melhor qualidade de vida, tanto para o paciente quanto para o cuidador e familiares”, informa.
A doutora reforça que para tratar a doença, familiares e cuidadores possuem ajuda de associações como a ABRAS (Associação Brasileira de Alzheimer), que orienta os cuidadores. “É importante que os cuidadores busquem ajuda, porque através do contato com outras famílias vivendo situações semelhantes, você facilita e aprende como lidar com essas dificuldades que os pacientes apresentam no dia-a-dia. O cuidador precisa se cuidar, não só no sentido de ir ao médico e cuidar de qualquer doença, mas no sentido de cuidar do psicológico, fazer acompanhamento e interagir com outros grupos”, enfatiza. Mais informações no site da ABRAS: abraz.org.br/2020/
O Alzheimer tem um componente genético, ou seja, ele pode ser hereditário, principalmente em pessoas que possuem os sintomas antes do 65 anos, já que depois desta idade, os casos são mais relacionados ao fator de idade. “É importante avaliar o paciente, para darmos orientações, inclusive aqueles que tiveram familiares com quadros de demência ou de Alzheimer, que ficam muito preocupados de desenvolver a doença”, diz ao citar que há diversos fatores de prevenção que são cruciais, mas que devem ser acompanhados com profissionais especializados.
O principal sintoma do Alzheimer é a perda de memória, principalmente para fatos recentes do cotidiano. Podem existir, ainda, alterações de linguagem, dificuldade de planejamento e confusão mental. “É importante que o paciente que tenha queixas de memória, seja avaliado de forma completa, porque pode ser um quadro neurodegenerativo (Alzheimer), mas também pode ser déficit de vitaminas ou alterações da função da tireoide”, explica.
Ainda de acordo com a neurologista, existem outros diagnósticos que são necessários investigar quando a pessoa tem queixa cognitiva de memória ou dificuldade de fazer alguma atividade do dia-a-dia. “É bom procurar um neurologista para fazer rastreio. Normalmente é necessário que um neurologista faça um exame de imagem como tomografia de crânio ou uma ressonância, e alguns exames laboratoriais para avaliar vitaminas e a tireoide”, afirma Claudia.