A queda na capacidade de água nos reservatórios é ameaça ao abastecimento na região, em razão da falta de chuvas. O sistema Cantareira é o mais prejudicado e está hoje com cerca de 45% da capacidade, embora o Rio Grande, braço da represa Billings, tenha mais folga, com 70%, mas os assoreamentos no local impactam no abastecimento. Um dos principais fatores para a diminuição de chuvas é o efeito estufa, potencializado com as recentes queimadas e forte desmatamento em todo o País, de acordo com a bióloga Marta Marcondes, coordenadora do Projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), em entrevista ao canal RDtv.
Dados do painel intergovernamental das mudanças climáticas são destacados pela pesquisadora como agravantes e podem prejudicar ainda mais nas mudanças extremas do clima no planeta, de forma a piorar cada vez mais. “Essas situações nunca foram tão aceleradas como estamos visualizando agora, vão afetar as situações climáticas, e as previsões não estão muito favoráveis”, comenta.
A previsão é de que o País passe este mês por mais uma onda de seca, sem chuvas, de forma a prejudicar o abastecimento dos reservatórios, que já são impactados pela falta de chuvas neste mês. “É previsto que as chuvas comecem apenas em outubro”, salienta. “Essa chuva de agora não é intensa, temos praticamente dois períodos de chuva que não foram adequados ao que estávamos acostumados, e acabamos por conta disso não tendo a recarga de agua nos reservatórios”,diz.
O sistema Rio Grande, que abastece algumas cidades da região, está com maior capacidade de água, mas as tubulações de envio para o Alto Tietê pegaram fogo há cerca de 3 semanas. Se não bastasse, o braço da represa Billings conta com diversas zonas de assoreamento e caso o sistema Cantareira diminua ainda mais é possível que cidades como São Caetano, que recebe água do local, precise realizar novas ligações com a represa para abastecimento.
Marta Marcondes destaca a participação da população geral como fundamental para a tomada de medidas públicas no combate às mudanças climáticas, que têm impactado cada vez mais a vida das pessoas. “Quero estar muito errada, mas se formos neste ritmo vamos ter racionamento sim, não dá para fornecer água todas a regiões metropolitana de São Paulo, e como nós temos a questão energética de usinas hidrelétricas também sofremos com esse processo todo”, completa.