Os profissionais da atenção básica de São Caetano passam a identificar e acompanhar casos leves de transtornos mentais, como ansiedade, depressão e crises de pânico, que poderão receber tratamento e auxílio nas próprias UBSs (Unidades Básicas de Saúde) da cidade. A ideia é levar para os especialistas apenas os casos mais graves, que poderão ter maior atenção e tratamento reforçado.
Mesmo com um número grande de especialistas na cidade, Flávia Ismael, psiquiatra e coordenadora da Saúde Mental de São Caetano, comentou em entrevista ao RDtv, que o ideal é que a atenção básica possa dar conta de 70% dos quadros de qualquer doença e encaminhar somente casos mais agudos da doença.
O programa ainda inclui atenção maior a educação dos profissionais que acompanham de forma mensal discussões e aulas sobre o tema. “A gente vem fazendo treinamentos com médicos de família e o matriciamento, que é uma discussão mensal entre a saúde mental e a atenção básica, isso em todas as unidades, junto aos enfermeiros, que estão na porta e acolhem os indivíduos que chegam para que eles possam identificar e iniciar o tratamento. Quanto mais precoce, maior a chance de êxito”, comenta.
De acordo com estudos epidemiológicos, a coordenadora reforça que a pandemia tem destacado ainda mais os transtornos, o que também já é destacado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). “Eles alertam para uma onda de transtornos mentais pós pandemia: o isolamento, falta de contato social, distância da família, atividades de lazer, tudo isso é um ambiente desfavorável para nossa saúde mental. É um ambiente caótico”, salienta.
Flávia ainda diz que os profissionais de UBSs já realizavam o acolhimento e identificação dos casos, o que é rotineiro por se tratar de uma primeira entrada do paciente, mas com a oferta de aulas teóricas e a educação continuada, o projeto terá mais propriedade e auxílio por parte dos médicos e enfermeiros. “Cerca de oito encontros já foram feitos com turmas pequenas de profissionais da saúde para a discussão do tema e aula teórica”, explica.
Entre os temas discutidos estão: emergências psiquiátricas, casos de suicídio e outras situações que podem ocorrer na atenção básica. “Acredito muito no desenho da atenção básica e na equipe de saúde da família. Muitas vezes o paciente quer ir diretamente para o especialista sem estar encaminhado, sendo que muitas vezes não é um quadro grave, então médicos e enfermeiros já possuem treinamento para dar suporte a essas pessoas”, completa.