Em junho do ano passado, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) passou a realizar o projeto Conexão Familiar. A ação, que consiste em promover visitas virtuais aos reeducandos e familiares, chegou como alternativa para minimizar a distância entre os mesmos. Em entrevista ao RDtv, Carolina Maracajá, idealizadora do projeto, falou mais a respeito da iniciativa e sobre o futuro da ação.
Quando decretada a pandemia, para seguir os protocolos de segurança contra a covid-19, visitas presenciais aos reeducandos precisaram ser suspensas. Com o objetivo de fomentar e manter seus vínculos familiares (uma das missões da SAP), a Secretaria, junto à Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania, lançou o “Conexão Familiar”. “Nós entendemos a importância para a reintegração do indivíduo à sociedade”, afirma Carolina Maracajá.
O projeto é dividido em três fases: a primeira contempla as correspondências virtuais, na qual os familiares podem encaminhar mensagens aos reeducandos e, após recebimento, a SAP se responsabiliza pelo encaminhamento. “Os familiares, que já estão inclusos no hall de visitas e são autorizados pelas unidades prisionais, podem entrar no site da Secretaria na aba do Conexão Familiar e preencher um formulário. Daí inserem a mensagem de até 2000 caracteres, que será impressa e entregue ao reeducando”, detalha. Após envio da mensagem, a unidade prisional tem até cinco dias para enviar a reposta pelo e-mail informado no formulário.
Mais de 10 milhões de mensagens já foram trocadas. Somente no ABC, cerca de 287 mil mensagens foram recebidas e enviadas. Todos os reeducandos têm acesso a essa fase. Já os familiares, apenas aqueles que estão no hall de visitas do reeducando. Até o momento, foi estabelecida a troca de duas mensagens semanais.
Na fase dois, foram realizadas visitas por videoconferência. No período em que as visitas estavam totalmente suspensas, o vínculo foi mantido através do formato virtual. Neste final de semana, o projeto entra em sua terceira fase, quando as visitas presenciais retornarão de forma graduada. “Vamos aumentar de um visitante para dois. Assim, limitaremos para uma mensagem por semana” explica a idealizadora.
Além do projeto atual, Carolina adianta que uma ação voltada para reeducandos migrantes está em fase de elaboração. “Atualmente não há essa possibilidade, apenas as cartas. Então temos visto isso junto à Secretaria de Relações Internacionais. Ainda não está autorizado mas é uma iniciativa que temos tentado implantar para que os reeducandos migrantes possam ter contato com as famílias que moram fora do país”, conta.
Maracajá destaca que, para o financiamento da ação, não houve desprendimento de erário público. Foram utilizados equipamentos e materiais já disponíveis pelo Estado. De acordo com Carolina, o retorno dos reeducandos e suas famílias foi positivo. “Nesse momento angustiante de não terem notícia, eles se sentiram muito acolhidos. Manter esse vínculo e saber como estão em um momento de crise mundial, o projeto auxiliou demais”, relata.