Na volta às aulas professores ficam divididos entre presencial e remoto

Preocupação dos professores é que haja sobrecarga na jornada de trabalho (Foto: Divulgação/Governo do Estado)

A retomada das aulas presenciais na região já iniciou, mas para os educadores a decisão não tem sido tão simples quanto parece. Se na prática a jornada de trabalho já estava redobrada no período da pandemia, com a volta às atividades presenciais, o temor é que haja sobrecarga de trabalho, em razão da necessidade de ter de dar conta dos alunos que voltarem à escola e os que ficarem no remoto.

Ribeirão Pires seguirá protocolos de segurança para retomada das aulas, a partir de 2 de agosto, com alunos acima de três anos de idade. Nos anos iniciais (1º ao 5º) do ensino infantil e fundamental, ficou definido que, entre segunda e quarta-feira, haverá atendimento presencial, enquanto às quintas e sextas-feiras serão atividades remotas. Já para os anos finais (6º ao 9º ano), os professores deverão realizar atendimento presencial nos dias que tiverem aula. Além disso, também se faz necessário atendimento remoto, o que tem incomodado os professores.

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Uma docente ligada à rede municipal, que não quis se identificar, diz que na última semana a Secretaria de Educação convocou os professores para uma reunião e repassou poucas informações acerca da retomada. “Tudo ainda está muito jogado, mas pelo que dá para entender, vamos ter de trabalhar muito mais do que já estávamos trabalhando durante a pandemia, o que já era um absurdo”, relata professora ao frisar que dobrou a jornada de trabalho para atender os estudantes no período.

‘Estão nos explorando’

Ainda de acordo com a reclamante, a secretaria não fez qualquer separação para que, assim como os professores dos períodos iniciais, os docentes dos períodos finais não trabalhassem tanto. “Agora, além de aplicarmos aula presencialmente, vamos ter de chegar em casa e atender os alunos que não vão voltar para a escola?”, questiona a professora. “Isso é um absurdo, estão nos explorando”, enfatiza.

A presidente do Sindicato dos Professores das Escolas Municipais (Sineduc), professora Perla de Freitas, diz que até o momento não recebeu contestação sobre o assunto. “Mas a posição do Sindicato é de que o trabalho exercido no presencial é incompatível com a modalidade online”, diz. Assim, se a queixa for recebida, o Sindec entrará em contato com a Prefeitura para debater o assunto. “Trabalho online é um trabalho separado do presencial. É humanamente impossível o professor dar conta das duas tarefas”, afirma a professora.

Em nota, a Prefeitura informa que, a princípio, apenas os professores dos berçários I e II e alunos com menos de três anos permanecerão no ensino remoto durante a retomada gradativa. Assim, para dar conta de toda a demanda, foram convocados 32 professores, via concurso público, e outros 63 temporários, mais 99 estagiários para reforçar o atendimento escolar.

Retorno progressivo

No sábado (31/8), Diadema emitiu novo decreto que disciplinou o retorno às aulas presenciais. A previsão é que o retorno progressivo aconteça inicialmente com 25% dos alunos por sala. As famílias poderão decidir se enviam ou não seus filhos e todos receberão o mesmo conteúdo, seja online ou presencial, com avaliações organizadas de forma a assegurar os mesmos direitos de aprendizagem.

Diante da determinação, professores ligados à rede de ensino também se preocupam com a sobrecarga. “Não esclarecem como vamos ficar, se vamos voltar e ficar só com o presencial ou se vão nos dividir entre o remoto/presencial”, relata um professor do ensino fundamental, que também não quis se identificar.

Para cobrir docentes que ainda estão afastados no grupo de risco, a Prefeitura irá trabalhar com pagamento de hora aula. Segundo a administração, não houve aumento nem redução no quadro de funcionários, e hoje, a Secretaria possui 2.486 professores.

Em São Caetano, os professores cumprirão a jornada de trabalho referente à atribuição de aulas com maior parte da carga horária presencial e o atendimento remoto se dará via plataforma Educação Conectada, no entanto, afirma que “nenhum professor excederá sua jornada de trabalho”.

A retomada das aulas na cidade iniciou em 7 de junho e ocorre de forma gradativa, sem necessidade de retorno obrigatório. Os docentes também retomaram os trabalhos presenciais, exceto aqueles servidores portadores de doenças crônicas e/ou com condição gravídica, que tem o direito de realizar suas atividades laborais de modo remoto (home office), por equipamentos e sistemas informatizados, quando compatível com a função.

Em São Bernardo, a retomada acontece a partir desta segunda-feira (2/8), com alunos das redes municipal, estadual e particular. Com o retorno das aulas 100% presenciais, os profissionais retornam ao trabalho normalmente, exceto os com idade igual ou superior a 60 anos e aqueles com comorbidades que ainda não completaram o ciclo vacinal.

Rio Grande descarta retomada

Rio Grande da Serra permanece com o decreto de suspensão das aulas presenciais por tempo indeterminado nas escolas municipais de ensino infantil. Com isso, a Secretaria de Educação planeja o retorno das aulas, que segundo a administração, apresentará informações “em momento oportuno”.

Questionadas, as prefeituras de Santo André e Mauá não retornaram até o fechamento da reportagem.

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