Mônica Calazans assume missão de informar sobre a importância da vacina

Seis meses após a enfermeira Mônica Calazans ter sido a primeira brasileira imunizada contra a covid-19 e ter se tornado um símbolo de esperança para todo o país, a profissional de saúde contou no RDTv como foi a experiência de ficar famosa da noite para o dia e da defesa da vacina e da ciência contra o novo coronavírus, que se tornou mais do que uma bandeira, uma causa que ela defende sempre que tem oportunidade. Depois do ato simbólico que marcou o início da vacinação, a mesma operação já foi realizada mais de 125 milhões de vezes em todo o país, segundo dados do Ministério da Saúde desta terça-feira (20/07). Mônica diz que apesar da fama repentina continua a ser a mesma pessoa simples e que não deseja se projetar na política.

“Eu quero continuar cuidando dos meus pacientes, que é a coisa que eu mais amo fazer”, disse a enfermeira ao ser perguntada se aproveitaria todo o carinho que recebeu para se candidatar a algum cargo eletivo. “Cargo eletivo não, se um simples ato de vacina já foram fuçar minha vida, imagina se eu me candidatar, eu prefiro ficar como enfermeira cuidando dos meus pacientes que eu amo de paixão. Hoje qualquer crusch errado que eu arrumar o povo já vai falar”, brinca a enfermeira revelando toda a sua simplicidade.

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No início a exposição assustou a funcionária pública acostumada a plantões exaustivos e a ser mais uma no exército de profissionais de saúde que se viram sobrecarregados com a pandemia. “Eu era uma pessoa comum, hoje sou uma pessoa pública então tudo que eu falo tem um peso, o meu papel desde o dia 17 de janeiro em diante é de informação e conscientização. Eu fico muito feliz com essa representatividade e esse papel que eu tive. As pessoas me respeitam bem mais e entendem o meu papel como profissional de saúde. Eu fui acolhida pelos brasileiros, recebi mensagens do Brasil inteiro. No dia seguinte não consegui nem sair para trabalhar e fiquei sentada no meu quarto só dando entrevista; isso mostra o quanto os brasileiros queiram a vacina”.

Naquele dia 17 de janeiro, o dia era mais um de plantão da enfermeira no Hospital Emílio Ribas até que avisaram que ia ter vacinação no Centro de Convenções e eu tinha sido convidada. Chegando lá eu sentei numa cadeira, do lado de uma médica que me disse que eu seria a primeira e que meu nome já estava correndo o mundo. Quando vi as câmeras me filmando eu já estava de frente para o governador (João Doria – PSDB). Ele me cumprimentou e eu comecei a chorar porque eu entendi que estava dando o pontapé inicial da vacinação. Quando a enfermeira Jéssica me aplicou a vacina a agulha ficou no braço um bom tempo porque muita gente geria fotografar aquele momento”, relembra Mônica que afirma que não sabia de nada, nem conseguiu avisar a família.

Mônica Calazans foi vítima de fake news. (Foto: Reprodução)

Depois de ter virado celebridade, Mônica passou a ser um tipo de consultora, para todos que a reconhecem. Ela é perguntada sobre qual a vacina é melhor, sobre os efeitos colaterais e a enfermeira responde com a mesma simplicidade. “Eu tento explicar de forma bem clara que a UBS  não é pastelaria para ficar escolhendo o que quer; toda a vacina é eficaz. Muito mais viável ter reação da vacina, o que se consegue tratar. do que ter covid. Não adianta tomar chazinho, o que funciona é a vacina”, responde.

Protagonismo

Mônica se considera um símbolo importante, não só da esperança, mas por representar uma profissional de saúde, mulher e negra, num momento de esperança para o país. “É muito importante esse meu papel. Esse destaque que passei a ter foi muito bom, poderiam ter colocado outra pessoa com mais projeção. Me disseram uma vez que estava sendo usada, eu não me sinto assim. Acho que tem muito a ver com Deus, tinha que ser eu. Isso não tirou minha humildade, que é o que acaba cativando as pessoas. Sou pessoa comum, de fácil acesso, uma brasileira que sai todo dia para trabalhar e que comecei minha faculdade com mais de 40 anos”.

Antes de ficar conhecida nacionalmente e fora do país Mônica mal alimentava o seu Facebook. “Quando eu cozinhava publicava lá uma foto do que eu fazia”, comenta, mas depois achou por bem se engajar nas redes sociais, não por fama, mas como forma de levar a mensagem de conscientização e da importância da vacina para um número cada vez maior de pessoas. “Não fui obrigada, achei que era uma forma de alcançar mais pessoas. Assim muita gente começou a ter contato comigo”, conta a enfermeira que se esforça para responder todas as mensagens.

Mas as redes sociais também transformaram Mônica Calazans em mais um alvo das fake news. Teve momentos de lazer expostos com mensagens mentirosas, fizeram montagens de suas fotos. Em uma destas postagens a usaram para disseminar a fake news de que a vacina não funcionava porque ela tinha tomado na fase de testes e tomou novamente, depois pegaram uma foto sua na praia, sem máscara para desfazer das orientações de não aglomeração. “Eu não estava aglomerando estava na minha única folga do mês de novembro na praia com três amigas enfermeiras e não estava aglomerando”, fez questão de explicar. “O que eu fiz teve cunho de saúde pública, mas tem gente com tempo a perder achando que iam acabar comigo. Aí que eu apareci mesmo para as redes sociais para dizer quem eu sou e a que eu vim. Deixa eles falarem, na minha onda eles não vão surfar. Nada do que falam tem verdade, o que tem verdade é que a vacina está aí, quem quiser que lute”, rebate.

Por fim a enfermeira diz que grande parte da sua missão de conscientizar foi cumprida. “A maioria das pessoas entendeu. O que a gente já passou foi um grande aprendizado. Tinha pessoas que diziam que não tomariam a vacina, mas quando chegou na UBS foram as primeiras da fila porque têm medo. Esse vírus mata e a única forma de se defender é tomar a vacina”, conclui.

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