A pobreza menstrual é realidade para muitas jovens do ABC, que em decorrência da desigualdade social, não conseguem acessar itens básicos de saúde e higiene. Assim, para atender a demanda, a CUFA (Central Única das Favelas) São Bernardo e a ONG 100% Amigos, em Santo André, desempenham trabalho social na região para levar acesso de produtos essenciais para estas jovens em situação de vulnerabilidade social.
Em entrevista ao RDtv, a voluntária da CUFA São Bernardo, Patrícia Pascual, defende que a questão não se resume a falta de absorventes higiênicos para as mulheres das comunidades mais carentes. “A pobreza menstrual vai além: engloba falta de água, privacidade no dia que as mulheres estão menstruadas e envolve todo um contexto de até onde podemos ir com nossas ações”, explica a voluntária ao citar que a ONG atende, em média, 2 mil mulheres atualmente.
Intitulado com o nome Todo Mês Vêm, o projeto de combate à pobreza menstrual pretende conscientizar a população sobre a falta de acesso a absorventes e a falta de atenção do poder público. “Foi quando estava em uma live com o presidente da CUFA e que uma mulher pediu um absorvente para que sua filha fosse à escola que percebemos que essa pauta era importante de ser trabalhada e que nem mesmo o poder público dá luz à questão”, explica Patrícia.
Com os voluntários nas ruas e a sociedade mobilizada, cerca de 60 mil absorventes higiênicos são distribuídos por ações, junto com as cestas básicas, que também são entregues às famílias em situação de vulnerabilidade. Quem deseja apoiar a CUFA com doações, divulgação ou trabalho voluntário, deve entrar em contato via telefone (11) 98112-3905 ou via instagram (clique aqui).
Em Santo André, a ONG 100% Amigos está em processo de formalização. A cargo da presidente, Priscila Ribeiro, estudante de pedagogia na USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul), a organização já realiza ações sociais no ABC como: entrega de cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade social e captação de itens contra a pobreza menstrual, no projeto Fluxo Descente do Papel.
A falta de acesso a produtos menstruais e até mesmo água levou Priscila a desempenhar o projeto na região. “Quando as pessoas passam a entender que o absorvente higiênico não é um produto de higiene, mas sim de necessidade de saúde, captam a sua importância”, explica. No entanto, enfatiza que a região carece de iniciativas do poder público. “Se nos postos de saúde entregam preservativos, por que não absorventes para tratar a pobreza menstrual dessas jovens?”, questiona.
No Brasil, uma a cada quatro meninas carecem de recursos básicos no período menstrual. Em junho, o Governo de São Paulo anunciou o programa Dignidade Íntima, que oferece R$ 30 milhões para compra de produtos de higiene menstrual pelas escolas estaduais. Mas, para Priscila, se não houver fiscalização, pode ser um projeto falho. “Se nas escolas faltam até papel higiênico, pensem só absorventes. E as mulheres que não estudam, como vão fazer? Não terão acesso?”, indaga.
Ambas as voluntárias pedem um processo menos desburocratizado por parte do poder público e que envolva mobilização da sociedade civil para que se possa avançar na questão. “Se ao menos conseguissem mexer na tributação desses itens, já facilitaria para que o poder público trabalhasse em cima da pauta, mas precisamos que entendam que é uma demanda necessária e importante”, enfatiza Patrícia Pascual, da CUFA.
Para ajudar o projeto ONG 100% Amigos, basta levar objetos de higiene íntima como absorventes, papel higiênico e sabonete na rua dos Vicentinos, 36 – Jardim Santo André, onde há um ponto de coleta para receber as arrecadações. Os colaboradores do projeto também podem ser contatados para que retirem as doações em domicílio. Outra forma de realizar doações é através do PIX: 11955208647. Informações (clique aqui)