Regina Célia diz que suspensão do contrato só veio após relatório de junho

Pressionada por senadores, a servidora Regina Célia Silva Oliveira, do Ministério da Saúde, afirmou que o contrato para compra da vacina indiana Covaxin só foi suspenso em junho, após um relatório apontar atraso no envio de doses ao País. A declaração chamou a atenção dos parlamentares. “Só aconteceu após a revelação do escândalo pela CPI”, disse o relator da comissão no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL).

A servidora é fiscal do contrato com a Bharat Biotech para compra da vacina. A intermediação da negociação foi feita pela Precisa Medicamentos. A compra da Covaxin voltou a ser o principal alvo de investigação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Os senadores suspeitam de um esquema de corrupção no governo do presidente Jair Bolsonaro.

Newsletter RD

Uma das controvérsias é o preço do imunizante, que passou de US$ 10 para US$ 15 por dose após o Ministério da Saúde dar início às negociações. De acordo com a fiscal, ela autorizou o avanço da importação considerando apenas a quantidade de doses, prevista em 4 milhões e depois corrigida para 3 milhões.

A servidora afirmou que, ao autorizar o contrato, não avaliou o conteúdo da “invoice” enviado ao Ministério da Saúde, apesar de o documento prever pagamento a uma terceira empresa, a Madison Biotech, fato classificado como “estranho” pela CPI. “A minha decisão de autorizar o quantitativo no embarque era razoável por conta que não haveria prejuízo”, disse Regina Célia durante depoimento na CPI.

Ela disse que não deveria ter tomado providência para corrigir a negociação porque isso caberia à Divisão de Importação no Ministério, e não à fiscal do contrato. A Precisa Medicamentos justificou a alteração na quantidade de doses de 4 milhões para 3 milhões por causa de regulamentações na Índia, de acordo com a servidora. “Eu considerei razoável o fato de não poder embarcar 4 milhões de doses naquele momento.”

O depoimento foi contestado pelo relator. “Acreditou na boa-fé da Precisa, apesar de tudo que estava envolvido”, disse Renan, apontando que, na Índia, a vacina era considerada um “lixo.”

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes