O número de pessoas que pretendem tomar a vacina contra a covid-19 tem oscilado nos últimos meses. Dados do Instituto Datafolha revelam que 89% dos brasileiros diziam que receberiam o imunizante em agosto de 2020, no entanto, o índice caiu para 73% em dezembro e subiu para 84% em março. Para a infectologista de Santo André, Elaine Matsuda, são as mensagens falsas que circulam nas redes sociais e os embates políticos que alimentam a desconfiança em relação aos imunizantes e fazem com que a abstenção cresça.
Em entrevista ao RDtv, a infectologista defende que o inimigo da pandemia é o vírus da covid-19, e não as vacinas, e pede que a população acredite mais na ciência. “A covid-19 é uma doença de transmissão respiratória, assim como as demais. Se imunizar contra o vírus é pensar na cidadania como um todo, em um bem estar coletivo, não só individual, por isso se faz tão importante”, explica a médica ao alertar sobre a importância da imunização.
No Brasil, todas as vacinas que atualmente são aplicadas passaram por várias baterias de testes como forma de garantir sua segurança e eficácia, e os produtos ainda passaram por testagem pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Apesar de não existir um tratamento 100% eficaz contra a doença, a vacina é considerada pelos especialistas a única forma mais segura de se livrar da pandemia, uma vez que estudos já demonstraram que medicamentos como a cloroquina, a hidroxicloroquina e a invermectina não funcionam.
“Só com a imunização ampla da população será possível voltar à ‘normalidade’ o mais rápido possível”, frisa Elaine. Segundo a médica, além de diminuir o índice de internações, as vacinas previnem o estágio grave da doença, assim como os demais imunizantes. “Nenhuma vacina promete 100% de imunidade, mas previnem a doença grave. Para se ter ideia, em Serrana (SP), tivemos redução em 95% dos casos de internação por conta da vacinação em massa, o que demonstra que as vacinas são eficientes e o quanto mais rápido imunizarmos, melhores são os resultados”, alerta.
A aplicação de imunizantes já livrou a humanidade de outras pandemias ao longo da história. A Organização Mundial da Saúde estima que as vacinas salvam aproximadamente três milhões de pessoas ao ano e que, sem elas, doenças como o sarampo, rubéola, febre amarela e a gripe H1N1, seriam muito mais mortais.
Com a campanha de vacinação contra a gripe ativa na região, a médica alerta para a imunização: “é importante se vacinar contra a gripe também, no entanto se tomou vacina contra a covid-19, tem que esperar um intervalo de 15 dias para que não haja nenhuma reação”, alerta. Segundo a médica, apesar de existir imunizantes que podem se misturar, ainda não há estudos conclusivos que descartem qualquer tipo de reação.