Conhecida como a doença do século, o transtorno depressivo muitas vezes impede os pacientes de acreditarem no tratamento proposto pelos médicos, mas familiares e amigos devem tomar cuidado com as palavras de apoio ao paciente que, apesar do problema, precisa dar o ‘salto no escuro’ e de incentivo das pessoas para fazer o uso de medicamentos e outros métodos, que não funcionam de forma rápida, mas têm melhora gradativa.
O tratamento para o transtorno é demorado, e para que os primeiros sinais de melhora do paciente ocorram é necessário aguardar no mínimo 3 semanas de medicação, segundo o médico psiquiatra, Cyro Masci, que falou em entrevista ao RDtv sobre o assunto, e comentou que as medicações devem ser utilizadas de forma correta e contínua.
“Quando falamos em depressão temos 3 transmissores químicos, seratonina, adrenalina e a dopamina e eles se intercalam, as funções são muito harmônicas, mas as vezes o transtorno vai interferir mais em um, não existe milagre, a depressão vai melhorar aos poucos então é muito importante que quem tenha entenda que não vai melhorar do dia para a noite, leva tempo para o cérebro normalizar, os antidepressivos não funcionam como calmante, eles corrigem a situação química que está alterada”, explica.
Por conta da pressa na melhora, muitos dos pacientes, segundo o psiquiatra, desistem das medicações ou passam a interferir nas dosagens de acordo com o estado mental. “Quem está deprimido tem desânimo, desesperança, vai achar que o tratamento não vai funcionar. Então quem está junto deve falar que faz parte do problema achar que as coisas não vão ter solução, ele tem que dar um salto no escuro, pois acha que nada vai funcionar, então o tratamento tem que seguir apesar de não acreditar”.
Apesar do julgamento fazer parte das pessoas, comentários sobre a pessoa ser fraca, não ter força de vontade ou até mesmo misturar o problema com questões religiosas deve ser evitado, e o médico alerta que a doença é genética e influencia na vivência do paciente. “Tenho vários pacientes religiosos, pastores, é do ser humano, nunca é fraqueza de caráter, se é para falar isso a pessoa deve ficar quieta”.
Identificar o transtorno
O cenário atual de pandemia da covid-19 tem dificultado a população em entender o que é uma tristeza do cotidiano ou um sinal de depressão, de acordo com Masci, que alerta as pessoas em prestar atenção nos sinais de desânimo. “A depressão entre a tristeza são uma linha, você tem tristezas normais na vida e ai você tem uma tristeza que é independe da situação que está vivendo, tem queda de interesse pelas atividades do dia a dia, o sentimento de prazer é praticamente ausente, há sentimento de culpa, e queda na autoestima”, completa.