Normalmente diagnosticado em casos mais avançados, o câncer bucal tem sido alvo de buscas por profissionais da saúde em Diadema, que na hora da vacinação realizam triagem para identificar nos moradores possíveis casos da doença e tem maior prevalência em fumantes e pessoas que consomem bebidas alcoólicas.
Dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer) mostram que 5,5% das pessoas que não bebem e nem fumam são acometidos pela doença, já quem apenas bebe ou fuma tem chances de 36,2% de acometer a doença e as pessoas que fazem o uso sinérgico de bebidas alcoólicas e fumo aumentam para 58,3% as chances do câncer bucal. Os dados foram alertados pelo cirurgião dentista da Prefeitura de Diadema, Caetano Baptista Neto, em entrevista ao RDtv.
“A principio a questão é multifatorial. No mínimo precisa ter uma pré-disposição genética, como fator hereditário”, explica. “Mas tem que se afastar dos fatores de risco, como o cigarro e a bebida, depois os produtos químicos, uma vez que as pessoas que trabalham em fábricas se expõem demais a esses produtos, a radiação, agrotóxicos e também alimentos que pioram nossa imunidade”, comenta.
Em Diadema, mais de 11 mil pessoas passaram por triagem na campanha de vacinação, e do total, 74 casos foram encaminhados para o CEO (Centro de Especialidade Odontológica), que atendeu 58 pacientes e detectou 2 casos de câncer bucal já evoluídos, o que preocupou especialistas. “O câncer de boca tem tratamento, mas desde que se pegue no começo, os casos que vem para a gente são muito avançados”, declara.
Para isso, o cirurgião orienta que pessoas com feridas na boca há mais de duas semanas procurem atendimento para checar a possibilidade da doença, que, como o câncer de mama, pode ser identificado com autoexame. “Observar as mucosas, o lábio inferior, superior, bochecha, colocar a língua para fora, ver se tem alteração de cor, ferida, volume, podem ajudar a verificar se algo está errado ou não”, sugere.
O câncer, no entanto, é silencioso e não apresenta muitos sintomas aparentes. Normalmente não causam dor e são confundidos com aftas, segundo Neto, além de serem identificados em estágios mais avançados. “O paciente às vezes nem percebe que está com o câncer e quando chega para nós, a lesão já está grande, avançada”, diz. “O nosso grande desafio é fazer campanhas para que possamos detectar o quanto antes essas doenças precocemente”, enfatiza.
A campanha segue na cidade até o final da vacinação contra a covid-19 e após o encerramento, Caetano Baptista orienta que as pessoas com sintomas e/ou suspeita de câncer bucal se dirijam a UBS (Unidade Básica de Saúde) mais próxima para triagem e possível encaminhamento ao Centro de Especialidade.