O presidente estadual do PT paulista e ex-prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, disse que o partido trabalha nacionalmente para firmar uma aliança com o PSB, além do PSol, para formar uma frente de esquerda que, segundo ele, seria vitoriosa contra o PSDB. O dirigente petista, que já manifestou seu desejo de disputar uma vaga na Câmara Federal, disse que no estado os tucanos vivem uma divisão entre o atual governador, João Doria, o ex-governador Geraldo Alckmin e o atual vice, Rodrigo Garcia e isso pode ser positivo para o PT.
“Neste momento é natural que tenham as pré-candidaturas colocadas, mas o cenário de uma candidatura com PT, Psol e PSB é para ser vitoriosa no Estado de São Paulo e é isso que nós vamos buscar”, disse Luiz Marinho ao RDTv desta sexta-feira (18/06). Marinho não aceita como líquida e certa a candidatura de Rodrigo Garcia (PSDB) para o governo do Estado. “Tudo pode mudar; o Doria pode não ser candidato à presidência. Se ele perder a disputa das prévias e não for candidato a presidente, ele não será candidato a nada? Ele vai para a reeleição (ao governo do estado)? E se ele vai para a reeleição, manterá a dobrada com o Rodrigo Garcia? E o que o Alckmin vai fazer? Pode acontecer do Alckmin sair do PSDB. Se sai candidatura do Doria, se sai a do Alckmin, ou a do Rodrigo, isso é uma divisão entre eles”, analisa.
No jogo de tabuleiro das eleições de 2022, o fiel da balança para a esquerda é o PSB, já que PSol e PT já têm um discurso alinhavado. “A discussão é nacional, São Paulo faz parte desse processo e nós queremos que assim seja construído. Não é uma construção meramente paulista, mas uma construção paulista dentro de uma construção nacional. Temos 23% do eleitorado nacional, evidente que o Lula lidera a frente nacional com tranquilidade e queremos que essa mesma aliança seja correspondida no estado. A direção nacional do PSB e a do PT estão discutindo qual aliança é possível”.
Sobre Boulos e o PSol, Marinho considera que, faltando mais de um ano para as eleições, as pré-candidaturas de servem para aferir o termômetro eleitoral de cada um. “Neste momento é muito natural que as várias candidaturas se coloquem até para ver a projeção e mais lá na frente ver a possibilidade de se trabalhar junto, desde o primeiro turno ou no segundo turno. Eu e também o Boulos e o Haddad veem que o ideal e que estejamos juntos já no primeiro turno. Esse ideal podemos não alcançar”, pondera Marinho.
Petista faz análise do cenário nacional e aponta pré-candidaturas do ABC
Para Luiz Marinho a eleição presidencial do próximo ano será mesmo uma disputa entre duas forças antagônicas, tendo o ex-presidente Lula de um lado e o presidente Jair Bolsonaro de outro. A polarização, segundo o líder petista deve ser tão, ou mais acirrada, que os embates entre petistas e tucanos e isso impede até o surgimento de uma terceira via para a disputa.
“Uma terceira via não acontece na medida em que você tem uma ameaça real e concreta governando o Brasil, com o autoritarismo, ódio, preconceito, ódio contra o povo negro, contra o povo LGBT, quanto ao indígena, quanto ao Meio Ambiente e contra o desenvolvimento do país. O presidente governa com bravatas, fake news, mentiras e com ódio. A antítese desse cidadão é o presidente Lula”, compara o presidente estadual petista.
Luiz Marinho já apontou que será candidato a deputado federal e apontou outras candidaturas do petismo do ABC que já estão definidas. Os deputados estaduais Luiz Fernando Teixeira e Teonílio Monteiro, o Barba, vão buscar a reeleição. Além deles o presidente da Câmara de Diadema, Josemundo Dario Queiroz, o Josa; Rômulo Fernandes, de Mauá; e Bete Siraque, de Santo André, já estão definidos como candidatos a estadual. Para a Assembleia Legislativa o PT aposta ainda na recém-filiada Marta Sobral, ex-jogadora de basquete e ex-secretária de Esportes da gestão Carlos Grana (PT) em Santo André.
Marinho também relatou que, além dele, vão disputar a Câmara Federal pelo ABC, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, que tentará a reeleição, o próprio Marinho, e o vereador mais votado do PT em Diadema, Orlando Vitoriano. “Estas candidaturas já estão colocadas. O ABC é importante e é possível que a gente cresça na representatividade das nossas bancadas”.
Sobre a situação do PT no ABC, Marinho fez vários comentários, falou sobre a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da OAS, na Câmara de São Bernardo, e dedicou atenção ao caso do vereador andreense, Eduardo Leite, que foi à justiça pedir para sair do partido sem perder o mandato. “Há um processo de reconstrução do PT em Santo André, eu lamento que ele (Eduardo Leite) tome essa postura de deixar o partido. Poderá ser prejuízo para ele mesmo, pois não vai carregar para outra legenda o legado construído no PT. Infelizmente ele toma um posicionamento a partir de um pensamento talvez particular, olhando para as eleições 2024. Ele perdeu oportunidade de ser candidato a prefeito em 2019. Espero que ele possa rever e ficar onde historicamente sua família sempre esteve. Vamos continuar a vida em Santo André independente do Eduardo. O PT tem toda condição de, em 2024, resgatar o legado que o PT construiu com Celso Daniel, João Avamileno e tantas outras lideranças”, comentou.
Marinho classificou como “circo” a CPI da OAS na Câmara de São Bernardo e aponta que a mesma foi criada para proteger o governo Orlando Morando (PSDB) de outras investigações e também para projetar vereadores para deputado no ano que vem. “Cadê o estudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que o prefeito contratou? Questionaram o método não destrutivo da construção do piscinão, é claro que foi para manter a rua Jurubatuba funcionando e foi deslocado para o Paço exatamente para não parar as atividades econômicas. Agora se aventa a possibilidade de chamar o Lula para depor, um absurdo, o Leo Pinheiro mentiu na delação premiada e vem aqui mentir também, que chamem o prefeito. A obra foi auditada por dois tribunais de contas e a Caixa Federal que é rigorosíssima. Fizeram essa CPI para não ter a da Fundação, ou da Merenda, esse é o ponto, foi para proteger o governo do Orlando Morando. A Câmara está sendo usada para se projetarem eventuais candidaturas” acusa.
Manifestação
Neste sábado (19/06) estão previstos atos por todo estado contra o governo federal e por vacinas, no movimento que está sendo chamado de Dia de Luta. No ABC concentrações estão previstas para o Centro de São Bernardo, de onde deve sair uma carreata partindo do Terminal Ferrazópolis; no Centro de Santo André, com concentração no Paço e haverá também panfletagem no Terminal Metropolitano de Diadema. Os atos locais são um primeiro grito para o ato principal que terá como palco a avenida Paulista, na Capital.
Luiz Marinho destacou que a recomendação é de que haja distanciamento social e medidas de prevenção contra o novo coronavírus. “Temos preocupação com a contaminação, evitar concentrações e aglomerações e cuidar do distanciamento. O país foi usado para testes de vacina e poderia ter se utilizado disso, a Pfizer por exemplo chegou a oferecer 100 milhões de vacinas, poderia ter iniciado isso em outubro do ano passado e hoje estaríamos no mesmo patamar dos Estados Unidos, ou seja, estaríamos vacinando os nossos adolescentes, mas infelizmente isso não aconteceu o que leva a inquietação da população, a necessidade de manifestar e cobrar a responsabilidade das autoridades, em especial o governo Federal, o Congresso Nacional, do Judidiciário, enfim… estamos dando sequência a esse processo de mobilização com toda a cautela, em vez de trazer todo mundo para São Paulo, cada um faz a manifestação na sua cidade. O risco que o atual governo representa faz com que a sociedade corra risco no processo de mobilização porque, esse presidente é mais perigoso que o próprio vírus”.
As reivindicações do manifesto são: a instalação do processo de impeachment do presidente Bolsonaro, o avanço da CPI da covid-19 e o pagamento do auxílio emergencial no valor mínimo de R$ 600. Marinho e Fernando Haddad estarão no ato da avenida Paulista por volta das 16hs.