A xepa da vacina é uma estratégia que algumas cidades estão usando para não desperdiçar doses em frascos já abertos das vacinas contra a covid-19. De acordo com a estratégia, moradores inscritos nas unidades de saúde são chamados em caso de sobra de doses em frascos que não podem ficar abertos até o dia seguinte. Na região as cidades adotam estratégias diferentes para o aproveitamento máximo da tão esperada imunização, mas apenas Mauá e Diadema adotam exatamente a mesma estratégia da xepa, como a da Capital.
Priscila Magalhães, de 39 anos, tomou esta semana a primeira dose da vacina em Diadema, com a sobra de uma dose no posto de saúde perto de sua casa. Ela levou a mãe para tomar a vacina. “Nós chegamos lá e ficamos esperando completar um grupo. Nos disseram que o frasco dá seis doses e só tinha minha mãe e mais duas pessoas; eles iam nos mandar vir outro dia porque não podia sobrar dose no frasco, mas aí chegaram duas pessoas com comorbidades, então com cinco pessoas eles resolveram abrir o frasco, mas para atender aquelas pessoas, no fim sobrou uma dose e como faltavam apenas poucos minutos para encerrar a vacinação eu tomei”, explicou a moradora que estava muito preocupada com a pandemia, já que sua mãe acabou se infectando duas vezes com o novo coronavírus. “Foi bom porque o pessoal da UBS foi muito criterioso e optaram por vacinar cinco pessoas do que marcar para outro dia”, completa.
Em nota a prefeitura de Diadema diz que adota estratégias para evitar a sobra de doses. Uma delas é priorização da abertura de frasco no final do dia apenas com a presença de 10 pessoas na unidade. “Quando já há um frasco aberto, perto do fechamento da unidade, e ainda há doses remanescentes, a orientação é para que as UBSs (Unidades Básicas de Saúde) convoquem as pessoas já cadastradas na Estratégia Saúde da Família do município e que, obrigatoriamente, sejam da área de abrangência da unidade para vacinação. São contemplados aqueles que fazem parte dos próximos grupos prioritários a serem vacinados de acordo com o calendário estadual”, diz o informe.
A prefeitura de Diadema destina as doses remanescentes da Coronavac para gestantes e puérperas (mulheres que deram à luz entre 45 e 60 dias). “Desta forma, as UBS estão orientadas a convocar pessoas que aguardam as segundas doses, obedecendo-se o intervalo mínimo de 21 dias. Somente na impossibilidade de convocação da segunda dose é que está autorizada primeira em munícipes do próximo grupo prioritário. “Já os frascos de AstraZeneca envazados pela Fiocruz, na apresentação multidose (5 doses), devem ser utilizados em até 48h após abertos, desde que mantidas as técnicas assépticas e temperatura entre 2°C e 8°C, o que permite guardar as doses remanescentes para uso no dia seguinte”, detalhou a administração.
São Caetano e São Bernardo informaram que não há sobras de vacinas. Na primeira a prefeitura informa que por conta do agendamento o controle das doses evita sobras e se alguém que agendou faltar os funcionários da UBS não abrem novo frasco se não tiver número de pessoas suficiente para absorver todas as doses. Já São Bernardo informa que o sistema de agendamento prévio, com remanejamento dos frascos entre os locais de vacinação, evita as sobras. “Outra medida adotada foi o envio de doses de frascos abertos da Pfizer para Hospital Municipal Universitário, para a imunização de gestantes e puérperas internadas no equipamento, bem como na Casa da Gestante”, detalhou a prefeitura.
Ribeirão Pires também adotou a mesma estratégia de apenas abrir os frascos quando há pacientes em número suficiente para que não haja perda.
Santo André informou em nota que utiliza apenas doses únicas a partir de determinado horário de vacinação para evitar essas sobras. “As equipes nos pontos de vacinação são orientadas a não abrir novas doses em caso de baixo fluxo nos locais. Em caso de indisponibilidade de unidoses (doses únicas) e apesar do controle, as possíveis sobras são direcionadas para a vacinação de acamados de acordo com a faixa etária ou de pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social atendidas/acolhidas por instituições”, informa a administração em nota.
Mauá adotou a xepa da vacina desde o mês de março quando teve início a vacinação dos idosos com 75 anos, ela é destinada aos grupos prioritários já elencados pelo Ministério da Saúde. “Na xepa são vacinadas pessoas de uma idade abaixo da qual está recebendo a 1ª dose. É preciso fazer cadastro na Unidade de Saúde mais próxima da casa da pessoa, que irá entrar em contato quando houver a sobra. Documento ou laudos, conforme solicitados para a vacinação deste grupo prioritário ou etário, são obrigatórios. O inscrito é contatado via telefone e, caso não consiga chegar tempo, a dose é descartada”, detalhou a prefeitura em nota.
A prefeitura de Rio Grande da Serra não se manifestou.